S/n voltou para casa quase duas semanas depois, agora ela usa um aparelho para respirar, pois apenas um de seus pulmões está funcionando e ela não tem 100% dele bem.

-- O que quer fazer hoje?-- pergunto ajudando ela a carregar o aparelho

-- acho que quero ficar quietinha, deitada... Estou um pouco cansada. Acho que poderíamos ficar deitadas hoje -- diz e eu concordo, mesmo sabendo que isso não era o normal de sua personalidade. São raras as vezes que S/n quis estar deitada e quieta

Compreendo a gravidade da situação, mas também a oportunidade preciosa que isso representa: um momento de calmaria, de estar simplesmente ao lado dela, acompanhando-a em seu ritmo. Concordo, e juntas, encontramos um canto confortável, acomodando-nos para passar o dia da maneira mais tranquila possível.

-- Tudo bem, Sunshine. Vamos fazer exatamente isso -- digo com um sorriso, tentando transmitir a ela toda a tranquilidade e apoio que posso oferecer. Ajudando-a a se acomodar no sofá, pego uma manta leve para cobri-la, certificando-me de que seu aparelho respiratório esteja posicionado corretamente e funcionando bem.

Enquanto ela se ajeita, busco algo para nos entreter que não exija muito esforço ou energia da parte dela. Pego um livro que sei que ambos gostamos e me acomodo ao seu lado, pronta para ler em voz alta para ela. O som da minha voz parece acalmá-la, e ocasionalmente, ela comenta algo ou sorri, mostrando que está engajada, apesar do cansaço.

Percebo, nesses momentos de quietude e proximidade, o quanto nossa conexão cresceu e se aprofundou. Apesar das circunstâncias difíceis, ou talvez por causa delas, sinto que estamos mais unidas do que nunca. Ela não precisa dizer nada para eu saber que minha presença ali é confortante para ela, assim como estar ao seu lado é reconfortante para mim.

À medida que o dia passa, trocamos poucas palavras, mas cada uma delas é carregada de significado e afeto. Em alguns momentos, simplesmente compartilhamos o silêncio, deixando que nossa companhia mútua fale mais alto do que qualquer palavra poderia expressar.

Ao final do dia, percebo que, apesar de termos passado o dia praticamente sem fazer nada, foi um dos dias mais significativos e importantes que já tivemos. Entendo que estar ali para S/n, de qualquer forma que ela precisar, é o que verdadeiramente importa. E, enquanto nos preparamos para descansar, prometo a mim mesma continuar a ser a rocha sobre a qual ela pode se apoiar, não importa o que o futuro nos reserve.

-- ela esta dormindo agora... Amanhã eu venho de novo -- falo para a mãe de S/n que sorri de lado e me abraça

-- sabe que não precisa fazer isso ne? Não quero que sinta essa dor Ariana, você é uma garota preciosa de mais... S/n não iria querer que sentisse essa dor -- ela diz baixinho, acariciando meus cabelos

-- Eu sei que não preciso, mas quero estar aqui. Ela é minha melhor amiga, e eu... eu me importo muito com ela -- respondo, minha voz um pouco embargada pela emoção. -- A dor vai existir de qualquer forma, mas eu prefiro estar ao lado dela, compartilhando o tempo que temos. Isso é importante para mim.

A mãe de S/n apenas me aperta mais em seus braços, entendendo, mesmo que talvez desejasse me poupar deste sofrimento. Ela suspira, um som pesado carregado de sua própria dor e resignação.

-- Você tem um coração de ouro, Ariana. Sei que a S/n é sortuda por ter você como amiga. Apenas... cuide-se também, está bem? -- ela pede, olhando nos meus olhos com uma preocupação maternal.

Assinto, prometendo silenciosamente que vou tentar. Nos despedimos, e enquanto caminho de volta para casa sob a luz das estrelas, penso sobre a importância dos laços que nos unem, sobre a força que encontramos no amor e na amizade, mesmo nos momentos mais difíceis. E, embora parte de mim tema o que está por vir, outra parte se agarra à esperança e à determinação de fazer cada momento contar, não apenas para mim, mas especialmente para S/n.

My Eternal Sunshine (Ariana/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora