Camila se apaixona pela garota mais linda e improvável do colégio, o que faria com que sua história se tornasse apenas mais um clichê, se não envolvessem mistérios, se não existissem segredos...
Camila intersexual. Se não gosta, leia do mesmo jeito
...
Era finzinho de tarde, saí com a musa das galáxias para tomar um sorvetão na praia perto de casa.
— Olhe àquela. - apontou para um amontoado de nuvens que, ao meu ver, não formavam nadica de nada. Encarei aquilo por alguns segundos, tentei ver alguma coisa, mas nada.
— Não sei... - entortei o rosto para um lado, para outro, espremi os olhos e continuei não vendo nada... - Olhe, eu precisaria de mais tempo para uma conclusão exata e...
— Não enrola, Camila. - falou, rindo de mim.
— Como ia dizendo... me parece ser um urso, um urso agachado, provavelmente pronto para fazer o número dois. – o som de sua gargalhada encheu meu peito de algo muito bom, não resisti e logo nossas risadas se misturaram. A linda cena de Lauren rindo, jogando o corpo para traz enquanto o som de uma palma estralada me traz de volta a realidade é algo que levarei para o resto de minha vida.
Tão linda, tão mulher. Ainda não acreditava que havia possuído aquele corpo e saciado seu desejo com o meu. Ainda não acreditava em tudo o que tinha rolado entre nós, que tinha sentido o gosto de seus lábios. Lauren não havia tocado no assunto em momento algum, e eu? Morria de vergonha só de pensar. Então, mesmo com vontade e curiosidade o bastante para saber como ela lidava com tal situação, preferi ficar na minha, pois eu mesma não sabia o que pensar sobre, e então, naquele momento decidi deixar rolar.
— Ai, Camila. Que besta. - continuou com as gargalhadas, às vezes tinha certeza de que Lauren era um tipo de multante cujo o poder principal era me enfeitiçar. Sorri torto, me gabando internamente por ter sido quem lhe causara aquela alegria toda.
— E por acaso a senhorita viu o que ali? - cruzei os braços, esperando uma explicação.
— Uma rosa ué, está mais do que óbvio. - pontuou. Rosa?
— Impossível, olha lá, dá pra ver que ele tá segurando uma folha de bananeira pra limpar o estrago.
— HÁ HÁ HÁ. Muito engraçadinha. - ela se virou para o horizonte e respirou fundo, o silêncio momentâneo foi bom. Logo voltou o olhar para o céu. - Camz! Camzi! Olhe aquela! Gostei... - apontou.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
— Misericórdia! - engasguei com o restinho de sorvete que tinha no fundinho da casquinha. Eu sempre mordo embaixo pra sugar o restante de sorvete que fica ali, mas dessa vez não foi uma boa ideia. Tossi feito doida ao ver o que aquelas nuvens formavam. - Esse céu... - falei com dificuldade, a garota me olhou preocupada, mas logo voltou a rir de mim. - Tá meio pornográfico para esse horário, não acha?
— Você é engraçada! - me encarou. Os olhos verdes de sereia estavam concentrados nos meus, meros olhos mortais.
— Você acha?
— Acho! - seu sorriso brilhava e minhas borboletas se remexiam.
— Já me disse isso... - falei, encarando seus olhos, desci o olhar para os lábios sendo umedecidos por sua deliciosa e, com certeza, habilidosa língua. Meu amigo ali de baixo me dizia que já passava da hora de beijá-la. Me aproximei fitando seus olhos e ela os meus. Seu hálito quente era o único entre nós naquele momento.