Boa leitura! 🍃
Pov Lauren.
Entrei em desespero, não queria isso, mas o que deveria ser feito? Eram tantas perguntas e todas sem respostas! Estava tudo tão bom e se fosse qualquer outra pessoa eu juro que não me importaria, mas era ela. Assim que Camila se foi pensei em ir atrás, porém meu estado estava tão crítico que subi correndo pro quarto.
Leozinho veio latindo quando me viu, provavelmente reclamando por ter ficado só. Embolei ele comigo no edredom e chorei, me sentia estranha. Me toquei de que isso não acontecia há muito tempo. A última vez foi por minha mãe e então prometi que nunca mais faria, só que hoje me permiti. Só queria acabar com aquele sentimento ruim. Conheço bem o pai que tenho e tenho certeza que nunca aceitaria um romance meu com uma garota.
O cãozinho me lambeu o rosto, como se limpasse minhas lágrimas e, como se não bastasse, o tempo lá fora mudou da água para o vinho.
Léo me olhou, entortando o rostinho como os cães sempre fazem quando, de alguma forma, percebem que você não está bem... Ele me entendia, eu tinha certeza disso. De repente, ouvimos um trovão bem próximo e então me toquei de que a casa da Camila era longe da minha e com certeza ainda estaria no caminho e à pé.
Me levantei rápido, peguei minhas chaves, Leozinho e saí correndo pelas escadas. A porta do escritório do papai estava aberta, passei rápido para não chamar atenção, mas ele percebeu.
— Aonde vai, Lauren? – eu não aguentava mais mentir, sentia um nó na garganta e o choro querendo voltar, mas não podia deixar Camila na rua daquele jeito. Preferi ignora-lo, caminhando até a saída. – Filha, onde vai?
— Na Normani, pai. – respondi rápido e saí sem esperar resposta.
Coloquei o cão no banco de trás e dei ré, pegando o caminho por onde ela provavelmente passaria. A chuva engrossou e eu mal conseguia enxergar a estrada, porém não demorou muito para encontrá-la. A latina estava toda encolhida embaixo de um toldo de uma loja que provavelmente estava fechada pro almoço, mas era o mesmo que nada, pois já estava encharcada.
Dei seta indicando que viraria ali mesmo sabendo que era contramão. Alguns carros passavam buzinando e outro até me xingou. Eu não estava nem aí, mal conseguia pensar, que dirá responder ofensas. Estacionei em frente à loja que Camila estava e saí do carro deixando o pisca-alerta ligado.
Ela me olhou rápido e desviou o olhar em seguida, eu não tinha certeza se era por causa da chuva, mas seus olhos estavam vermelhos como eu sabia que os meus também deviam estar.
Ela tinha chorado.
Sua mochilinha estava ao seu lado, totalmente molhada. Não pensei duas vezes, peguei a mochila, jogando no banco de trás do carro e voltei para buscá-la.
— Camz. – falei com cuidado, eu sabia que a tinha magoado. Sabia que tinha motivos de sobra para me ignorar e, ignorou, abraçando os próprios joelhos, os puxando para perto do peito. Clara demonstração de defesa. Ela não me queria ali e eu também não a queria ali. A queria comigo, em casa, como deveria ser. – Vem, por favor!
Cabello não precisou me olhar diretamente para que eu visse tristeza em sua feição, meu coração se quebrou mais uma vez em mil pedacinhos.
Quando pensava que não, a chuva foi ficando cada vez mais forte e o vento parecia que nos levaria se não saíssemos dali o mais rápido possível.
Sem saber o que fazer, me ajoelhei em sua frente, a abraçando. Sentia minha garganta fechar por estar segurando o choro. Ficamos paradas por um tempo e novamente Camila me provou o quanto era diferente de Keaton ou de qualquer outro garoto que já me envolvi, ela não se mexeu, parecia não se importar nem um pouco com aquela situação e comigo.

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Ela
FanfictionCamila se apaixona pela garota mais linda e improvável do colégio, o que faria com que sua história se tornasse apenas mais um clichê, se não envolvessem mistérios, se não existissem segredos... Camila intersexual. Se não gosta, leia do mesmo jeito ...