Capítulo dezenove.

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— O quê?!

— Isso mesmo. Sei que estou alguns anos atrasado e que nós dois temos culpa pelo o que aconteceu, mas quero dar um fim nisso. Já chega de viver com essa... esse sentimento.

— E-eu não sei o que dizer...

— Eu quero que me perdoe por não ter agido de maneira correta, não fui um bom amigo e não tentei entender seu lado com relação a Sinu. Eu sei que namoraram de mentira para proteger o que tínhamos na época e nunca te agradeci. O orgulho foi maior que eu. – Cabello dizia, em seguida se levantou, deu as costas para o homem engravatado por alguns segundos para que pudesse recompor as ideias.

— Pois eu também não fui um bom amigo, fui fraco e de certa forma, ignorei a fragilidade dela... Sinu sempre preferiu você. – foi a vez do empresário confessar, pegando Alejandro de surpresa como o mesmo havia acabado de fazer. Jaregui se levantou também, servindo duas doses de whisky e como da outra vez, ofereceu-lhe um dos copos.

Tomaram o primeiro gole fitando um ao outro. O gosto amargo da bebida descia queimando a garganta de ambos, que se encontravam frente à frente.

— Alguma vez você, pelo menos, tentou entender o meu lado?

— Sim, muitas... justamente por isso não fui à diante em relação a gravidez dela. Eu apenas quis lutar, porque também a amava, Alejandro. Mas sempre foi você. Me perdoe também! Você sempre foi um bom amigo. E-eeu apenas não soube lidar com o que sentia. Sentimentos não são meu forte.

Um silêncio se instalou no ambiente, Michael encheu novamente os copos e agora estavam novamente sentados. Alejandro fitava o pé da mesa do empresário, enquanto cenas da adolescência dos dois passavam em sua mente como em um telão. Houve momentos felizes, tinha de admitir, nem tudo fora tristeza.

— Depois conheci Clara, obviamente tão maravilhosa quanto Sinu, me apaixonei novamente, feito um idiota. Meses depois de dar a luz a nossa menininha, fugiu com o primeiro viciado que apareceu. É... – deu mais um gole no líquido amargo. – Talvez não tenha sido feito para o amor... – novamente se pegou confessando com o homem. Nessa altura do campeonato, Cabello não sabia, mas sempre fora o amigo mais próximo que Michael já teve.

— Eu não vejo assim. Acredito que o amor acontece na hora certa, mas por enquanto... Talvez deva focar em outro tipo de amor, você tem uma filha linda! – o mexicano o aconselhou novamente. Os olhos do empresário brilharam. Realmente, sua filha era linda, assim como a mãe.

Sabia que falhava como pai. Porém amava a filha e cuidava de Lauren do seu jeito, mas cuidava.

— Ao contrário de você, sou um péssimo pai... – desabafou, direcionando o olhar para o copo em sua mão. Cabello suspirou ao ver naquela situação o homem que tanto tentara odiar por todos esses anos.

— Não exatamente... todos somos falhos. – Mike o fitou.

— Camila parece ser uma boa menina. Depois que ela e Lauren se conheceram, minha filha parou de chegar bêbada em casa. Ela acha que não sei que andou se aventurando com coisas erradas, mas a verdade é que eu sei de cada passo que dá.

— Minha filha está completamente apaixonada pela sua. – Alejandro despejou, esperando alguma reação contrária, a qual não veio. Nunca, em tantos anos brigados, Mike Jauregui imaginaria que tantas coisas ainda aconteceriam entre eles. Ele respirou fundo, surpreendido por tal revelação e deu mais uma tragada no whisky caro. – E para provar que um bom pai também está sujeito a errar, vim também para reformular meu pedido, não afaste Lauren, estão apaixonadas.

— Já desconfiava de algo... – Jauregui suspirou, passando a mão direita pelos cabelos. – O que faço agora? – murmurou.

— Não quero te dizer o que fazer, como fiz da última vez, eu estava errado, mas... pense bem Mike... – o peito do empresário apertou ao ouvir o melhor amigo que já tivera o chamar pelo apelido de infância. – Acho que essa é uma ótima oportunidade para ser o pai que Lauren precisa.

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