Capítulo 2- Uma garota ruiva quase me bate

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Chego na minha casa e ando de um lado para o outro. Os barulhos da confusão só aumentavam e eu me sentia cada vez mais vulnerável e perdida. Não é possível que a polícia ou a guarda nacional, ou até mesmo o Papa, não fariam nada.

Será que todos estavam congelados também? O mundo todo? Os Estados Unidos? Só Nova York?

O que eram aqueles garotos na loja de conveniência?

Quem é Cronos?

As coisas passavam pela minha cabeça de formas loucas, como se eu fosse um bebê que estivesse aprendendo a ler e as palavras se embaralhassem na cabeça.

Se ao menos tivesse internet nessa casa, para tentar entender tudo o que estava acontecendo...

Minha mãe, nunca deixou que eu usasse internet. Não entendo o motivo... Ela nunca me deu um celular, ou computador. Meus amigos da escola, dizem que ela é louca, mas não me importo, nunca senti falta, até porque nunca usei.

Sempre que eu quisesse pesquisar sobre algo, pesquisava em livros na biblioteca do meu pai ou na da escola, mas nem sempre me trazia respostas concretas. Talvez, ter um celular de vez em quando seria bom.

Eu andava de um lado para o outro, minha cabeça estava latejando e eu tinha uma súbita vontade de voltar para a rua para sei lá, matar esse Cronos. Esse filho da puta está acabando com a minha sanidade, talvez mais doze anos de terapia resolveria.

Olho pela janela da sala, e vejo fumaça saindo de alguns lugares, ouço gritaria por toda parte e... calma aí, são crianças correndo com armaduras douradas?

Vou precisar de um psiquiatra de uma vez. Um psicólogo não vai resolver isso não.

Três crianças de mais ou menos dez anos, estavam correndo do outro lado da rua, uma segurava um arco e flecha, e as outras duas, espadas. Elas corriam para atacar um bicho imenso—maior do que aquele que me perseguia— e faziam isso com a maior naturalidade.

Meu coração dispara e sinto novamente meu colar pesar.

A espada do garoto de cabelos pretos estava encostada ao lado do sofá, minha vontade era de me juntar aquelas crianças, tinha a sensação de que elas não conseguiriam sozinhas, mas um súbito medo subiu em mim.

Olhei para a garota com o arco e flecha e lembrei de que quando eu tinha quatorze anos, fazia aulas de tiro ao alvo, mas com os anos da escola apertando, tive que parar.

Corri até meu quarto e procurei o meu arco. Achei-o guardado dentro de uma caixa. Por sorte, tinham algumas flechas juntas. Elas iriam funcionar e matar aquele brutamontes lá fora? Não sei, mas eu iria tentar.

Peguei a espada, fiz uma gambiarra para que ela ficasse presa em minha cintura—caso eu precisasse— e saí de casa aos tropeços. Parei ao lado de uma garotinha ruiva, ela era mais baixa que eu e parecia estudar o monstro.

— Quem é você?— me olhou confusa

— Penelope Vendise, muito prazer—falei com pressa

— Você é semideusa? Não te conheço.

— Não. Claro que não. Por que razão todo mundo deu para me chamar de semideusa hoje?

— Talvez seja pelo fato de que humanos normais não conseguem ver isso— apontou para o bicho— você enxerga através da névoa?

— Do que?— fiz uma pausa— Ah tanto faz! O que eu tenho que fazer para essa coisa morrer?

A garota me deu três flechas. Elas pareciam diferentes das minhas. Como se fossem mágicas ou coisa parecida...

A luta da minha vida: Penelope VendiseOnde histórias criam vida. Descubra agora