Capítulo 19- Chafariz de Penelope

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A maré estava baixa e o cheiro de maresia cobria o ambiente. Ainda estava muito escuro para que eu pudesse ver alguma coisa, mas sentia uma força maior perambulando por aí.

Me sentei na areia, como Percy tinha feito naquele dia em que o conheci— e quase me matou— Não sabia ao certo se meu pai iria me responder, ou permitir que eu ficasse ali, mas eu precisava tentar falar com ele.

Se Poseidon não ia me ajudar com relação ao colar e todo aquele assunto, poderia pelo menos me ajudar com os sonhos, talvez?

Isso era improvável.

Escutava as ondas quebrarem bem perto de mim e isso me acalmava. Tudo bem que isso acontecia por eu ser filha do deus dos mares, mas sempre tive medo de água por causa da minha vó. Mas durante esse último mês que fiquei aqui, esse lugar foi onde me senti mais segura até agora.

Respirei fundo e juntei todas as minhas forças para poder falar com meu pai.

— Pai, se estiver me escutando, por favor, me dê alguma resposta. Qualquer coisa. Um sinal que seja, mas não me deixe no escuro, por favor!

Coloquei minha mão sobre a areia e senti a água a tocar. Relaxei instantaneamente. Mesmo que meus poderes— se é que eu tinha algum— não tivessem aparecido ainda, sempre que estava perto d'água me sentia forte e poderosa.

Se eu me sentia assim, imagina Percy, que era o fodão da água?!

Senti o machucado que Jess tinha feito com o cigarro se curando aos poucos.

— Obrigada por isso!— sorri ao ver minha mão curada e sem alguma cicatriz sequer

Soltei um suspiro.

— Olha, sei que eu não devia estar aqui... sei que existe um motivo pelo qual tentou me tirar desse mundo. Mas agora estou presa nele. Preciso da sua ajuda.— fiz uma pausa— o que significa esses pesadelos? Qual é o meu destino pai?

Obviamente, meu pai não me deu resposta nenhuma. Ficou em completo... silêncio.

Esperei por alguns minutos que pareciam ser horas. Só faltam me dizer que nesse mundo, em algum lugar, o tempo também funciona diferente, como se não passasse.

Eu já tinha desistido. Meu pai me odiava e eu não deveria estar aqui. Eu não deveria ser reconhecida como filha de Poseidon, o deus dos mares e tempestades. Quando me levantei da areia e limpei a parte de baixo do pijama, algo aconteceu.

O mar começou a fazer uma movimentação estranha, como se de uma hora para outra ele ficasse agitado. A água movimentava ferozmente de um lado para o outro, me fazendo por alguns segundos, temer tal coisa.

Quando de repente, o mar se abriu num incrível "V" me fazendo ficar literalmente boquiaberta.

Uma força me fez aproximar cada vez mais daquilo, até que eu estivesse no meio dele. Assim que fixei meus pés na areia, as águas se fecharam em minha volta, me fazendo assustar e em segundos, prender a respiração.

Não há necessidade de prender o ar. Você é filha das águas...

Uma voz sussurrou em minha cabeça. Soltei o ar que prendia, na esperança de eu me sufocar, mas o contrário aconteceu. Era como se eu estivesse fora d'água. Minha respiração estava completamente normal— um pouco acelerada— mas normal.

Minha filha... não sabe o quanto esperei por esse momento. Finalmente está apta à esse mundo.

— O que quer dizer com "estar apta" ? Por qual razão não cheguei aqui com doze ou treze, como a maioria?

A luta da minha vida: Penelope VendiseOnde histórias criam vida. Descubra agora