A Nova Escolhida

Capítulo 2 - Canela

- O quê? - Arregalo os olhos - Como assim?

- Ah! E esse é o aluno novo - Ele aponta para o garoto em que eu sentei - Ele é o Steward.

Olho para o Steward, ele acena e sorri. Viro os olhos para Kailan e percebo que seus olhos estão mais brilhantes que o normal e seu sorriso se estende de orelha a orelha.

- Por favor Sr. Sydney, não me coloque ao lado de Kailan - Sussurro no ouvido do professor.

- Algo contra? - Pergunta com as mãos na cintura.

Com o canto do olho vejo Kailan, sentado, mordo o lábio e abaixo a cabeça.

- Me perdoe Srta. May, mas se não me informar, não posso ajudá-la.

Bufo e sento em meu novo lugar.

Como raios o meu professor de filosofia imagina que eu conte a ele sobre minha vida íntima?

Deito a cabeça na mesa e provavelmente devo ter adormecido, acordo sentindo algo me cutucar nas costas, jogo as mãos para trás, mas nada agarro, a não ser minha blusa, viro-me e encontro Steward com as mãos apoiadas em minha cadeira e sorrindo sarcasticamente.

- Dá para parar?

Ele não responde, continua sorrindo e me olhando, viro para frente e deito novamente sobre a carteira. Os cutucões não cessam, viro novamente para trás.

- O que foi? Qual o seu problema?

- Nada, só não consigo prestar atenção na aula.

- Algum motivo especial para me cutucar? - Questiono encarando com a cara mais brava que consigo copiar de meu pai.

- Não, é que...

Pressiono-o com o olhar, obrigando-o a falar.

- Você está na minha frente...

- O quê? Eu estou na sua frente? - O interrompo - Qual o problema? Sou alta de mais? Atrapalho sua visão da lousa? - Explodo, levantando e abaixando a mão no ar.

- Algum problema aí, Srta. May? - O professor interfere.

Olho para os lados. Todos nos encaravam surpresos.

- Nenhum professor! - Só tem um garoto atrás de mim, que não consegue enxergar a lousa!

Me levanto bufando, batendo o pé no chão e saio da sala.

Vou para a para praça da escola, caminho até minha árvore favorita e sento-me. Encostada nela, coloco a cabeça entre os joelhos. Ele me cutuca, e depois diz que eu atrapalho sua visão da lousa? Quem ele acha que é? No seu primeiro dia já está reclamando? Vá procurar um oftalmologista!

O que seria uma pena, pois um óculos estragaria a beleza natural de seus olhos azuis claros, com raias douradas. Seus olhos brilhantes e lindos. Seu sorriso é tão belo quanto o girassol que meu irmão colocou em minha penteadeira, hoje de manhã...espere, eu estava brava! Ele é um egoísta, exibido e só se importa com ele mesmo!

Apesar de sua beleza ser incomparável.

Minha consciência ataca.

Pare!

Respondo de volta.

Levanto o rosto lentamente e tomo coragem. A brisa suave da praça me embala. Não posso ficar enchendo minha mente de bobagens! O cheiro de canela penetra por minhas narinas, mas como no meio das árvores algo pode cheirar a canela?

Minha cabeça enterrada entre meus joelhos nivamente se levanta lentamente procurando indícios do aroma. Levanto com um salto, quando vejo quem estava parado ao meu lado, e quem tinha o aroma de canela que eu apreciava. Uma palavra simples.

Steward.

-May, eu...

-Não me chame de May! Meu nome é Myara!

-Myara, eu... eu não quis dizer que você me atrapalha para ver a lousa, eu quis dizer que... - ele respira fundo - você tira a minha concentração.

Rio sarcasticamente.

- Sim, claro, como não pensei nisso? Faz todo sentido! - Digo ironicamente.

-Você tira minha concentração, minha atenção da aula - Ele dá um passo em minha direção.

- Mas eu estava deitada na carteira! - exalto-me.

- Seu cabelo com de fogo me instiga. - ele se aproxima mais de mim e enrola uma madeixa ruiva nos dedos, prendo minha respiração.

- E precisava ver novamente    esses seus olhos verdes como jades. Mas não queria irritá-la, apesar de que sua pele rosada quando fica nervosa ou com vergonha é maravilhosa - Ele aproxima seu rosto de meu pescoço e consigo sentir sua respiração em meu pescoço - Você cheira a jasmim.

Ele aperta minha cintura, fazendo seu corpo se colar ao meu, finalmente solto o ar.

- Stward, me... solte... eu nem te conheço... - Falo exasperada empurrando seu peito.

-Isso mesmo! - rosna - Pode soltá-la! Agora! - Conheço essa voz... Isso não é nada bom...

Kailan.

Ele está parado próximo a uma árvore, próximo a minha árvore.

Steward que estava prestes a respeitar minha vontade segundos atrás agora me aperta mais forte, fazendo-me aproximar mais de seu peito acolhedor.

- Steward, pode me soltar, está tudo bem - Aproximo meus lábios de seu ouvido e sussurro em uma voz quase inaudível - Não se esqueça nem nos conhecemos.

Ele fica sem fala e por alguns segundos me sinto mal. Caminho até Kailan e puxo seu braço para longe da minha árvore.

- Kailan, você tem dez segundos para me dar uma explicação do que você faz aqui antes que eu chute seu traseiro.

-May, eu sabia que te encontraria aqui depois do que aquele cretino fez à você.

- Ele se explicou, você não... tem três segundos.

- Eu me preocupo com você, pensei que precisasse de um ombro amigo e...

-Você se preocupa comigo? Um ombro amigo? - Rio - Você acha que você é um ombro amigo para mim? Você não se preocupa comigo... - reviro os olhks.

-Mas, May...

-Nada de mas, eu não terminei! Se você se preocupasse de verdade comigo você acha que eu estaria com ele? - Aponto para Steward, agora sentado encostado em minha árvore - Não! Eu estaria com você, em seus braços, coberta com seus beijos, olhando em seus olhos, mas você prefere aquela garotas merdinhas da classe! Uma que você possa beijar e depois desprezar! Uma com qual você não ame, e que possa usar!

Passo a mão pelos meus cabelos, as lágrimas teimam em cair.

-Mas, May eu sinto muito pelo que fiz, quero somente seu bem. Eu ainda te amo.

Não, não consigo mais, deixo as lágrimas rolarem.

- Você me ama? Por acaso você sabe o que é amor? Ou você também me usou? Eu também fui seu brinquedinho desde o início?

-Você acha que se fosse meu brinquedinho eu estaria aqui?

Fico sem palavras, abro e fecho a boca, mas nenhum som nem escapa dela.

- Eu me preocupo com você May, o que você acha que eu estou fazendo aqui?

- Você quer mesmo que eu responda?

Cuspo, enxugando as lágrimas.

- Você está me infernizando, achando que se pedir perdão e dizer que me ama eu vou esquecer! Eu já disse: perdoar e esquecer são coisas muito diferentes! Eu posso te perdoar, mas eu nunca vou esquecer!