Capítulo 6 - Mentiras doloridas

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Lágrimas escorrem pelo meu rosto deixando marcas. Estou horrível! Pego um lenço de papel e limpo os olhos, observo meu reflexo no espelho. O que vejo não sou eu, é uma garota com os cabelos ruivos desarrumados, os olhos encharcados e inchados e o coração aos pedaços. Sem conseguir reprimir, continuo chorando, soluços abafados escapam por minha garganta. Desabo no chão e coloco a cabeça entre as pernas, ainda chorando. Ouço a porta abrir.

- May, está tudo bem? - Evelyn pergunta. Levanto a cabeça mostrando que não e a abaixo novamente - May, não fique assim... está tudo bem agora. O que aconteceu? Vi você correndo... - Ela se senta ao meu lado e me abraça de forma para que eu fique confortável. Estou tão bem em seus braços, é como se eu fosse amada.

Percebendo que fico em silêncio, pergunta:

- Não quer falar sobre isso?

Abraço ela mais forte.

- Ainda não, dói mui-muito! - Consigo dizer, soluçando.

- Tudo bem, tudo bem... - Ela embala minha cabeça de forma confortável e eu aos poucos paro de chorar.

- Vamos para a sala - Hesito - Er...obri-gada!

- É para isso que servem as amigas! - Ela me abraça.

Limpo o rosto, e juntas seguimos para a sala de biologia. Quando o Srta. Alissa começa a explicar, estou perdida em pensamentos para esquecer o acontecido. Desenho uma árvore. Quando ela fica pronta, fico encarando, procurando defeitos, seus galhos parecem tão sensíveis, suas folhas parecem se agitar a cada instante, com o vento que não existe no desenho. O tronco delicado sobe pendendo para o lado esquerdo. Toco o desenho e vejo uma luz, ela está muito forte, me cega por breves segundos. Quando a luz diminui, enxergo a árvore do meu desenho exatamente com os mesmos detalhes surpreendentes. Um tigre branco, com olhos de um tipo magnífico de bronze sai de trás dela ele me parece familiar, mas nunca vi um tigre na minha vida. O animal ruge três vezes para mim e escancara os dentes correndo em minha direção, fico parada, imóvel, esperando seu ataque, percebo que seu pelo antes branco, agora permanece negro. Ele chega cada vez mais perto para atacar, finalmente dá uma patada em meu peito me jogando para trás com violência. Minha cabeça está sangrando, não sinto meu braço, meu peito está queimando, sinto dificuldade em respirar, ele se aproxima com passos lentos, dá um salto, com agilidade salta e coloca a pata em cima de meu peito, fazendo com que meu próprio sangue escorra por meus lábios e dá um rugido voraz, proclamando a vitória.

...

Abro os olhos, tento me levantar. Tudo está dolorido. Por que tudo está dolorido? Dou um gemido de dor.

- Ei! Calma, você precisa repousar - Eu já vi essa garota. Resfrio a mente, quando finalmente lembro-me, quero esquecer. Ela era a garota que vi com Kailan.

- Eu preciso ir embora.

- Não! Eu disse que você precisa repousar. Você desmaiou.

- Como assim? O que aconteceu?

-  Não sabemos. Você se lembra de alguma coisa?

Não acho que ela precise saber do sonho sobre o tigre.

- Não - Minto o sentindo imediatamente o rosto corar. Preciso encontrar logo uma desculpa. Sou péssima mentirosa - Estava com dor de cabeça, não comi nada.

-  Por que você não comeu?

Raios! Para que tantas perguntas? Eu não matei ninguém!

Dou de ombros.

- Estava sem fome.

Ela assente e me olha desconfiada.

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