Capítulo 15 - Inesquecível

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Me sento na cama, ofegante. O suor escorre por meu pescoço. Mas, eu não estou acordada, esse pesadelo é diferente.

Steward está sentado na beira da cama do meu quarto. Ele está sorrindo. Sorrindo para mim.

Mas eu sei como isso acaba. O mais estranho é que seus olhos não estão frios.

Ele não diz absolutamente nada, nem eu. Sua mão se aproxima da minha bochecha e tenho certeza que ele vai me bater, fecho os olhos, esperando a dor. Reprimo um grito, mas sua mão faz carinho em minha bochecha. Abro os olhos assustada.

-May... - Ele tenta me abraçar, mas eu o impeço.

-Por favor, não me bata por isso... - Sussurro.

-O quê? - Ele está confuso - Por que eu te machucaria?

Fecho os olhos. Mudo de ideia.

-Por favor bata em minha bochecha logo...

-O quê? May, eu...

-Me bata logo! - Lágrimas silenciosas escorrem por minhas faces. Prefiro isso logo do que escutá-lo mentir - Por favor. Quero que isso... isso acabe!

-Não. Eu não vou te machucar - Agora está extremamente confuso.

-Acorde. Acorde. Por favor acorde -Murmurro para mim mesma - Ele não é real. Não é real.

-May, eu sou sim. É claro que eu sou real - Ele aproxima a mão para tocar a minha.

-Não me toque!-Grito. Ele afasta-se, cabisbaixo.

-O que eu fiz May?-Pergunta confuso e com um toque preucupado cobrindo suas feições.

-Por favor. Faça eu acordar!-Passo as mãos pelos cabelos -Acorde!-Grito, puxando as raízes.

-May! Pare com isso!

Ignoro. Sinto alguns fios descolando-se de minha cabeça, nada disso estava acontecendo. Afinal, estava sonhando.

-May!-Grita, puxa minhas mãos e prende-as em minha frente.

Fecho os olhos.

-Ele não é real. Ele não é real -Murmurro.

-Você acha que eu não sou real? Ótimo. Mas eu não estou tão certo disso.

Num movimento confiante, sua boca se apodera da minha. Coloco as mãos sobre seu peito e empurro-o, mas ele não cede, nossos corpos continuam juntos.

Finalmente me deixo levar pelo beijo. Um toque macio de seus lábios e um ocasional deslize para meu lábio inferior. Depois sinto os lábios dele sobre meus ombros, delicado, flamejante e terno. Tão gentil que poderia ser considerado um beijo do sopro da brisa.

Suas mãos descem por minhas costas, apertam minha cintura e ele aproxima nossas testas. Sua pele está corada com o calor, uma mão acaricia minha bochecha com delicadeza como se eu fosse feita de papel e estivesse prestes a rasgar.

-Pelo menos - Ofego - Não é um pesadelo...

Vejo um esboço de um sorriso. Mas eu quero seus lábios. Quero seu toque. Quero-o por inteiro. Cada centímetro de seu corpo.

Ele beija meu lábio inferior.

Beija meu lábio superior.

Seus lábios são mais macios que algodão. São como neve, como morder algodão-doce, como flutuar. É tão doce. Tão insuportávelmente doce.

E então se transforma.

Me beija novamente desesperado, faminto.

Como se estivesse morrendo e quisesse memorizar o sabor de meus lábios.

A Nova EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora