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É, eu definitivamente estava lá.

O paddock era imenso e um pouco, mas muito pouco, diferente do que eu era acostumada. Fui andando pelos caminhos de paralelepípedos ate a pequena central da RedBull, no caminho vejo a hospitalidade da ferrari também, e rezo pra que nenhum piloto de número 55 me visse.

Entro na central de RBR e vou pra recepção procurar Cristian.

Era uma sala relativamente grande a recepção da RedBull, não tanto quanto a sede que era cheia de troféus e recheada de ego, mas sim, era grande.

Vejo Cristian sentado num dos sofás mexendo no celular.

-Cristian?- Falo suavemente e ele desloca sua atenção pra mim. Horner abre um sorriso enorme e se levanta estendendo a mão. Aperto a mão dele de volta

-Serena! Um prazer te ver aqui, vamos, vou te apresentar o box e a garagem que você vai trabalhar.- Horner vai mostrando o caminho e eu fico meio maravilhada com o espaço.

Assim que chegamos no box azul escuro um homem, supostamente piloto pelo jeito que se veste, chega e cumprimenta Cristian primeiro.

-Horner- Ele fala com uma voz grave. Seu rosto era meio assimétrico e disforme.

-Checo! Essa é a nova engenheira estrategista do Verstappen- Horner fala- Serena esse é o nosso segundo piloto Sergio Perez.

Ambos estendemos as mãos apertando elas mutualmente.

-Prazer em conhecer você...- Ele da margem pra eu me apresentar devidamente.

-Serena Di Minori- Perez parece surpreso.

-Di Minori....- Ele fala se estendendo no "i" com a voz recheada de ironia ou sarcasmo ou qualquer coisa entre esses termos- A mesma que o Sainz ia se-

-Que tem doutorado em engenharia mecânica e produziu o carro que você pilota- Ou finge pilotar Corto ele antes que pudesse terminar algo.- Se me der licença preciso ver as estatísticas pra esse fim de semana.

Falo ríspida, além de mal usar meu carro e viver batendo ele no muro esse tal de Checo acha que pode falar assim do meu passado? É meu passado.

Entretanto, quando eu viro minha cabeça instintivamente por um relance de movimento vindo de dentro da garagem meu coração quase para.

Era ele. Puta que pariu era ele.

O loiro da noite da gala, Max o chauffeur. Só que ao invés de roupas sociais ele usava o mesmo macacão que Perez mas com as mangas amarradas na cintura deixando apenas a blusa térmica de cima. Ele segurava uma garrafa da RedBull com um canudo enorme na boca.

Eu podia sentir o sangue se escondendo as minhas veias, a minha pele ficando gelada e as palmas das minhas mãos suadas.

Mas quando ele chega mais próximo a realização me bate.

Ele também, além de ser o loirinho bonitinho que eu beijei numa outra noite, era o arrombado que só reclamava do meu carro e ainda assim vencia praticamente todas as corridas desde 2021.

Eu estava incrédula com a realidade, como pode a vida me pregar tantas peças de uma vez só?

De repente todos os comentários que eu lia nos relatórios voltaram a minha mente, todos eles. "Falta estabilidade!" "O carro não tem tração" "Esse carro é uma merda!"

E então como num passe de mágica, meu sangue perde a vergonha e volta a circular normalmente, eu estava furiosa! Como o doce e gentil Max do baile de gala poderia ser o mesmo piloto carrasco que usa meu carro?

Let it Flood- [M.V]Onde histórias criam vida. Descubra agora