Capítulo 2

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No capítulo anterior...

Tirei meus fones de ouvido, para certificar se não era coisa só minha cabeça, mas só ouvia o canto dos pássaros, mas para conferir fui virando o rosto devagar receosa de ter alguém realmente ali, como se eu fosse retardar esse momento de acontecer, então percebo que realmente não estava sozinha, tomo um susto ao perceber alguém prestes a tocar meu ombro e me encolhi com medo. Ai meu Deus, por que eu fui inventar de vir a esse lugar deserto a essa hora sozinha? O que eu faço agora?

Parte 2

Segunda-feira, 22 de junho de 2020


— Ei, não precisa ficar com medo, não queria te assustar — a pessoa se distancia erguendo as mãos como sinal de rendimento.

Elevo meu olhar para encarar o dono daquela voz. Ele era bem bonito, diga-se de passagem, mas tinha feição triste. Quando enfim o encarei, apesar do susto não me senti ameaçada pela presença do desconhecido, o que era estranho, considerando que estava em uma área isolada em um parque quase de madrugada, cenário propício para alguma cena de filme de terror, mas por incrível que pareça me sentia que poderia confiar nele.

— Está tudo bem? Ouvi alguém chorando. E pensei que poderia ter acontecido alguma coisa. Precisa de ajuda?

Eu enxugo minhas lágrimas com um riso fraco.

— Ah, não foi nada — olho nos olhos dele que tinham uma expressão cansada, e inclino a cabeça envergonhada, pessoas muito bonitas me deixa meio desorientada — Obrigada por se preocupar, mas só estava refletindo na vida...

— Ah sim... — ele coçou a nuca — desculpa pelo susto não foi mesmo intenção. É que essa área é bem deserta esse horário e quando ouvi choro...Estranho dizer isso, mas... — se interrompe — algo me dizia que tinha que vir aqui ver como estava— Abaixou a cabeça olhando para os próprios pés, enquanto deslizava um deles sobre a grama— É... você deve estar querendo ficar sozinha, não quis te atrapalhar, desculpa mais uma vez — diz se afastando aos poucos andando de costas.

Quando estava prestes a se virar, resolvi me pronunciar.

— Obrigada, nem todo mundo se preocuparia com uma estranha chorando no meio do nada — lhe dou sorriso.

— Não foi nada, nem eu mesmo sei porque fiz isso — passa a mão na nuca novamente — ultimamente eu que tenho feito as pessoas chorarem — é possível sentir uma dor em sua voz.

— Você está bem? — perguntei apoiando meu cotovelo no encosto do banco e ele ainda se mantinha distante.

— Você estava chorando até alguns minutos atrás e quer saber como eu estou? — assenti.

Ele estava com um olhar incrédulo e me encarava com seu fosse de outro planeta.

— Foi mal por ter presenciado nesse estado, deve ter sido bizarro ver alguém chorando daquele jeito no meio de um bosque, suponho que foi bem alto. — ele assente — Mas eu precisava disso, foi um choro bom, sabe? — ele fez uma cara de quem ainda estava tentando assimilar o que eu estava dizendo, mas realmente não entendia — Estou bem melhor agora. Pode acreditar que em anos nunca estive tão bem...

Então um silêncio se instala entre nós e volto a interrogá-lo.

— Mas então, você não me disse como você está... Estranho dizer isso, porque nunca te vi antes na vida, mas você não parece bem e se quiser desabafar com essa estranha que nunca mais encontrará na vida pode ficar à vontade, não ficarei aqui por muito tempo mesmo. Podemos fazer um trato, você não precisa dizer seu nome nem nada que comprometa sua identidade e eu garanto sigilo profissional, apesar de ser formada em nada e não ter nenhuma profissão— o arranco um sorriso.

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