Capítulo 5

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Violetta

23 de junho de 2020

Mais uma manhã em Buenos Aires e eu estou novamente entrando no Bosque de Palermo. Talvez seja o jet lag, mas já não conseguia mais dormir, então lá vou eu, vislumbrar mais um nascer do sol nessa bela cidade, talvez vire um hábito iniciar o dia apreciando o amanhecer. Está decidido, essa será a minha tradição enquanto estiver aqui.

O dia hoje promete ser proveitoso, passarei a tarde com a minha tia Angie, ela ficou de levar para conhecer alguns lugares. Com certeza será mais empolgante que meu dia de ontem, na verdade que a minha tarde, porque minha manhã com certeza foi surpreendente. O resto só fiz dormir e matar a saudade da minha casa e da Olga. Ela foi minha única companhia, quando acordei meu pai já tinha saído de casa para resolver os negócios que o trouxeram até minha cidade natal. Espero que ele não resolva tudo tão rápido. Quero poder aproveitar o tempo que estou aqui.

Cheguei ao banco do bosque o mesmo do dia anterior, que com certeza já virou o meu lugar em Buenos Aires, bem, meu e do gato triste, mas para quê me iludir ele não aparecerá aqui de novo. Seria loucura pensar que ele voltaria aqui exatamente no mesmo horário, só para me ver. Bonito do jeito que é deve viver com garotas aos seus pés, mais interessantes e muito, muito mais belas. Ele não madrugaria para encontrar uma garota patética como eu. Provavelmente ontem devia estar voltando de alguma festa e indo para casa dormir.

Sou tirada do meu pensamento por uma revoada de pássaros barulhentos que pareciam ser periquitos desfilando pelo ar. Paro de pensar besteiras e só contemplo mais uma vez o magnífico nascer do sol, que me faz lembrar uma música inacabada da minha mãe, ela nunca teve a oportunidade de gravar, mas costumava cantar antes de dormir, mas só lembrava de um trechinho. E coloquei-me a cantar com todo o meu coração.

Ali eu fico, pensando em nada, só sentindo o vento no rosto e a calmaria que se instalou que a revoada foi embora.

Quando me recordo de consultar as horas, me assusto já que estava há quase uma hora que estava ali e nem tinha percebido. Corro em direção a minha casa, antes que meu pai dê minha falta e ache que dormi fora de casa, ou comece a cogitar um sequestro. Por sorte, apenas encontrei Olga já na cozinha, que achou que eu acabara de acordar.

[...]

Estou ansiosa, já tem uma hora que estou na sala de estar preparada para sair com minha tia. Na verdade ela só está atrasada em 5 min., mas como não tinha muito o que fazer, preferi ficar arrumada esperando.

— Vilu?

— Angie? — pulei em seus braços e ali fiquei por um tempo não sei quanto tempo, mas era tão reconfortante estar em seus braços, ela me lembrava tanto a minha mãe.

— Ah minha querida você não sabe quanta saudade eu tinha. E a quantidade de vezes que cogitei largar tudo em Nova York para ir em Madrid te ver. Mas por mais que tivesse vontade não tinha dinheiro pra bancar a passagem, no período em que estava estudando, mas saiba que nunca te esqueci. Devia ter te ligado mais, eu sei.

— Ei — seguro no rosto dela — Não te perdoaria se tivesse largado tudo para ir atrás de mim, Juliard tia, é uma oportunidade e tanto, o importante é que depois desses anos enfim estamos juntas. Eu também não consegui ir te visitar, então, não se sinta culpada.

— Tão madura essa minha sobrinha — me abraça novamente— Nem acredito que já está prestes a ficar adulta.

Isso me assombra um pouco, não sei se fiz, ou farei a escolhas certas para o meu futuro. Quando voltar para Madrid iniciarei a faculdade de administração, mas não sei se é realmente a escolha certa...

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