Capítulo 16

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Sexta-feira, 24 de julho de 2020

Leon

— Como assim, você não vem? Tive paciência com você a semana toda e no último dia do prazo você vai me deixar na mão? Eu tenho que entregar essa demo para o cliente hoje, cara. Vai atrasar o cronograma de gravação todo, ou pior vou perder esse contrato.

Nunca tinha visto o meu tio tão bravo, ele andava de um lado para o outro falando ao celular e depois entrou batendo a porta.

Apesar de toda movimentação em resolver algum problema, eu não tinha a mínima ideia do que era . Pablo ainda não havia me passado nenhuma tarefa e o tédio me consumia.

Sempre fui do tipo ativo, às vezes até radical, demais. Nunca suportei esperar ou ficar parado e isso está me consumindo, tenho vontade de fazer algo bem louco só para sentir a adrenalina novamente, mas não posso me render tão facilmente aos meus velhos hábitos, seria o fim de tudo o que construí até aqui.

Sinto uma mão tocar na minha perna e aquela sensação passou, só uma pessoa tinha esse efeito sobre mim.

— Achei que ia fazer um buraco no chão de tanto que batia a perna.

— Nem tinha percebido — digo sem graça.

— Tem algo te incomodando?

— Só tédio mesmo...

— Vilu não sei se Pablo vai conseguir falar com você, ele está enlouquecido lá dentro — a tia dela surge pela porta. — De repente é melhor marcarmos a reunião para outro dia.

— Vou falar com minha tia rapidinho e já volto para a gente conversar, vê se não estraga o piso até lá. — me dá um beijo rápido na bochecha e sai corredor adentro.

Depois de 10 minutos ela ainda não havia retornado e minha perna ameaçava a fazer movimentos involuntários novamente.

Decido levantar e circular um pouco, vou rumo ao hall entrada e começo a prestar atenção nos quadros e nos discos de ouro, platina, platina duplo na parede. Alguns deles eram da mãe da Violetta, como era linda, e por sinal a filha parece muito com ela.

— Leon, tenho um trabalhinho que vai gostar — ela chegou saltitando se apoiando em minhas costas, então percebeu o que eu olhava.

— A beleza é de família —digo me pondo à frente dela e cora. É engraçado como ela fica tão constrangida com elogios tão simples. Achei um novo esporte deixar Violetta vermelhinha.

— Minha mãe era linda mesmo.

— A filha é ainda mais. — Faço uma voz mais sedutora, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ela fica ainda mais vermelha, será que se continuar provocando ela fica da cor do nome dela?

Solto uma risada do meu pensamento. E em seguida levo um tapa.

— Idiota!

— Au, a gente nem pode elogiar mais ninguém.

— Você está tirando onda comigo, isso sim.

— Você fica uma gracinha com as bochechinhas desse jeito — aperto a bochecha dela para dar mais uma provocada.

— Seu bocó.

— Nossa, seu vocabulário é de uma senhora de 70 anos.

— LEON! Se continuar com essa palhaçada não vou te dar uma notícia.

— Tá bom, parei, parei. Qual notícia tem pra mim, estranha?

— Você toca guitarra, não toca?

— Já toquei há um tempo. Como sabe?

Fly on, VoeOnde histórias criam vida. Descubra agora