Capítulo 15

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Quarta-feira, 22 de julho de 2020

Depois de 10 dias intensos de reuniões, jantares de negócios, lendo contratos, avaliando propostas, assinando papéis, idas a bancos, contadores, advogados, e mais papeladas. Estou enfim passando o dia em casa curtindo um bom momento de solitude em um dos meus cantos favoritos da casa, o ateliê da minha mãe.

Cercada por seus quadros e coisas favoritas estou folheando o caderno dela que Pablo me entregou. E me deparo com um poema que ela costumava cantar pra mim quando criança e que tem entoado em meus pensamentos desde que retornei a B.A.

Fecho os meus olhos e me ponho a cantar aqueles versos que representam tanto minha mãe e os conselhos que ela dava pra mim.


Es seguro que me oíste hablar

De lo que se puede hacer

De la magia que tiene cantar

Y de ser quien quiere ser

Ya no importa que pueda pasar

Sino lo que tu haz te hacer

El color que uses al pintar

Lo que piensas y el pincel

Sé que existe duendes y hadas

Y que intentar es mejor que nada

No te detengas no guardes nada

Vuela más alto y verás

Voy...


— Depois diz que não canta.

— AAAAH — grito de susto e caio da cadeira ao perceber que não estava sozinha.

— Ei, se machucou — diz me levantando e passo a mão na minha cabeça.

— Não, foi só um susto mesmo. O que faz aqui? — digo tentando ajustar a minha roupa e cabelo pós efeitos da queda.

— Nossa achei que seria recebido de forma mais calorosa. Com pelo menos "oi, Leon, tudo bem? Como você está? Estou morrendo de saudade de você ex-vizinho!" — Faz uma imitação de voz feminina que não tinha nada a ver com a minha.

— Talvez eu fizesse isso se você quase não tivesse rachado meu crânio — fico tateando minha cabeça à procura de um galo.

É claro que eu estava exagerando, não tinha sido uma queda tão forte assim, o tapete felpudo do ateliê amorteceu a queda.

— Desculpa mesmo, não queria te machucar. Vou pedir um gelo — ele sai dali rapidamente, enquanto isso tento me recompor daquele susto.

— Aqui — Ele estende a mão para mim com uma bolsa de gelo.

— Obrigada, você ainda não me disse como entrou aqui, não ouvi a campainha tocar — coloco o gelo na área atingida.

— Vantagens de ser Alvaro Daniel — ele solta uma risada fraca. — A sua empregada me viu do jardim, me deixou entrar direto e disse que estaria aqui.

— A Olga realmente é muito sua fã, só pode. Ela é apaixonada por novelas mexicanas. Agora, se você é realmente bom ator, não saberei porque alguém não permite que eu pesquise.

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