Capítulo 24

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O menino que conheci, Dashiell Wondsy, contou a mim sobre ele caso eu esteja com curiosidade, o que estava até certo. Esse ano é o seu primeiro ano em Hogwarts e entrou na Sonserina, porém foi mandado para casa por motivos desconhecidos. O mesmo disse que seu tio conseguiu deixar que a diretora aceite que ele fique fora por um tempo da escola por conta de uma "doença rara", sendo que isso é totalmente mentira. Dashiell explica que aquela discussão que acabei ouvindo é por causa desse assunto e poucos dias atrás os pais concordaram em deixá-lo na casa do tio ao invés de continuar morando com eles no Brasil.

- Eu sei que tem algo de errado nessa história, e irei descobrir. - conclui Dashiell, misterioso. Agora ambos podemos conversar em português.

- Naquela discussão, não disse que é um perigo estar com o seu tio?

- Eu... sinto isso. Nunca fui próximo do meu tio e cresci no Brasil apesar de minha família ser totalmente britânica.

Por algum motivo, eu estava sentindo um tipo de nostalgia ou algo semelhante a minha história, é como se Dashiell estivesse fugindo de algo e é do seu tio e a sua intuição diz que ele é perigoso. Será que foi assim com a minha família ao se mudarem para a Inglaterra?

- Não acha melhor ir a casa do seu tio para descobrir se sua intuição está certa? - dou uma ideia ao Dashiell, que olha para mim surpreso.

- Bom, é uma ideia ótima, porém...

- Porém o quê? Está com medo?

- Não é isso. Ainda não desejo ir agora! Necessito fazer algumas coisas aqui na cidade antes de ir e meu tio já quer que eu vá imediatamente.

- O que é exatamente essas coisas?

- Será que posso contar a você? - Dashiell me encara, desconfiado.

- Hum, olha, se você não confia em mim, não é necessário contar. Mas, se quer confiar em mim, posso contar-lhe a minha história agora.

- Isso é sério?

- Não tem problema. Bem, já te contei que os meus pais...

- Ah, entendo. Não precisa dizer de novo.

Respiro fundo antes de contar a verdadeira história, os até apenas os mais próximos sabem e pela primeira vez, conto para o que eu considero ainda um desconhecido. Dashiell escuta sem interromper e somente abre a boca para falar quando termino de contar realmente tudo. Percebo pela janela da sala de estar que o sol estava a aparecer, o céu se tornando menos escuro e mais laranja. E, nenhum sinal dos pais de Dashiell, que estranho.

- Isso... caramba... - tenta ir atrás de palavras para falar algo - Parece uma história de livro... está contando um sonho teu, não é?

- Queria que fosse, mas é tudo real. Eu apareci aqui por causa daquela chave com a bandeira do Rio Grande do Sul e não faço ideia do que fazer. Ainda preciso encontrar as minhas amigas... - uma sensação de ansiedade tomou conta de mim ao lembrar - Ah droga, se os bruxos das trevas descobrirem que estou aqui, vou estar lascado. Vou ser levado de novo.

Coloco as mãos no meu rosto, tentando safar os pensamentos ruins. Dashiell me observa atentamente, como se estivesse me analisando. Ele se levanta bruscamente e caminha até o quarto, que em alguns minutos volta com sua varinha, vestindo a capa da Sonserina e a outra mão carregando as minhas roupas da Corvinal.

- Acho que eu sei o que porquê a chave e o portão o levou para cá. - explica Dashiell, enquanto ergo as mãos pegando o uniforme - Vista-se e me siga.

Curioso, visto o meu uniforme rapidamente e vejo Dashiell balançar a varinha em um canto do quarto dos pais. A parede se move e dá a uma porta média feita de ônix, o mesmo do portão que me levou até a cidade. A porta é exatamente igual, com a paisagem da floresta amazônica e as criaturas das lendas do país.

Allen Mitchell - O Bruxo Brasileiro em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora