Capítulo 17

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-Bom eu sei que a conversa deve estar boa mas temos que ir trabalhar- falou Binotto chamando a atenção de toda a gente- já agora é um prazer finalmente conhecer-te Pet, a Julieta falou muito de ti- Diz apertando a mão do meu melhor amigo.

-O prazer é todo meu senhor Binotto- sorri Pet.

Quem vê, até parece que ele é sempre assim tão educado. Riu para mim mesma.

*

O TL1 e o TL2 correram perfeitamente, ambos os carros estavam com um bom desempenho e o problema dos motores parecia ter sido resolvido, o que é excelente.

Apesar do Leclerc estar bem nervoso por causa da "Maldição de Mônaco" , como os fãs da fórmula 1 gostam de chamar,  ele mostrava estar bastante concentrado.

*

No dia seguinte Mônaco tinha acordado de mau humor, o céu estava carregado de nuvens negras e chovia torrencialmente, consequentemente, uma hora antes de começar o TL3 a FIA anuncia que foi cancelada e que hoje só teremos a qualificação.

-Então como estão os pombinhos?

Pergunta Pet enquanto caminhamos pelo paddock em direção à garagem.

-Oxi? Ficaste maluco de vez? Que pombinhos o que!- Revirei os olhos.

-Nem adianta negar, Jul eu vi a maneira como vocês estavam a olhar um para o outro. E ainda por cima estão hospedados no mesmo quarto de hotel.

Ri sarcasticamente.

-Primeiro que estarmos a partilhar o quarto foi um erro de organização do hotel.

-Minha querida e lerda Julieta, com tanta lerdeza nem sei como somos melhores amigos...- Olhei-o intrigada-... pensa comigo...- Continuou- ...o teu amado piloto nasceu em Mônaco.

-Sim?- falei como se fosse óbvio.

-E ele vive cá certo?

-Ainda não percebi onde queres chegar?

Pet solta um pequeno grunhido de frustração.

-Julieta sua lerda, pra quê que ele iria partilhar a cama de hotel com a engenheira dele se ele tem a cama da sua própria casa? Ham?

-Talvez ele apenas goste do pequeno almoço de graça- Encolhi os ombros.

-Atá! Até parece que um multimilionário está muito preocupado se tem o pequeno-almoço de graça ou não- Riu-se- Pára de ser sonsa Julieta Martini.

-Pet acho que tens visto demasiadas novelas- revirei outra vez os olhos- e para além do mais, nós odiamo-nos por isso o que estás a insinuar é pura fantasia.

-Não é fantasia minha linda, mas tudo bem eu amo um bom Enemy to lovers- disse num tom mais baixo assim que entramos dentro do paddock.

De repente vejo Bella exasperada, andando de um lado para o outro.

-Pet finalmente encontro-te, temos um incêndio!

Eu e Pet entreolham-nos intrigados.

-O que aconteceu?- perguntou o meu melhor amigo

-Charles estava numa coletiva de imprensa com o Russel e o Verstappen e um jornalista perguntou se ele estava preparado para perder esta corrida outra vez- Fez uma pausa para respirar.

Que raio de pergunta foi aquela? Jornalistas a serem jornalistas!

-Ele mandou o jornalista á merda. Afinal quem não o faria? Mas o infeliz modificou a fala e agora a internet caiu toda em cima do Charles.

-Mas que tipo de pessoa faria isso?- disse sentindo as minhas bochechas arderem de raiva.

-Jornalistas- Bella e Pet disseram em conjunto.

-Bella eu sei que pode ser difícil mas eu preciso que vás acalmar o Charles, ele trancou-se dentro da sala dele e não sai de lá pelo menos há uns vinte minutos.

Pensei um pouco.

-Bella eu não acho que seja boa ideia...

-Por favor.- Fez beicinho.

-Ok eu vou.- disse derrotada.

-AI amiga és a melhor- diz Bella correndo dali para fora com Pet.

Respiro fundo e vou em direção à pequena sala reservada para o piloto.

Tento abrir a porta mas a mesma estava trancada, então bato e ouço-o gritar um "Vai embora".

Deus, parece um adolescente.

Respiro fundo mais uma vez.

-Charl, sou eu, por favor abre a porta- Disse suavemente.

Esperei ele responder, mas nada.

-Olha eu sei que muita coisa está acontecer e que aquele jornalista foi um idiota e o que ele disse e fez foi maldoso e é imperdoavel. Mas esconderes-te nesta sala não é a solução, não vai ser assim que vais mostrar aquele idiota o quão errado ele está- sussupirei.

Fiz uma pausa esperando Charl responder mas nada. Até que ouço a porta destrancar e ouvir um "entra".

Abro a porta e encontro-o deitado na cama com a cabeça enterrada na almofada.

-Charl?

-Hum?

Sento-me ao lado dele e num ato, um tanto involuntário começo a esfregar-lhe as costas.

-Se quiseres fazer umamassagem não me importo.

-Abusado- rimos.

Charles finalmente levanta-se e senta-se na cama e eu acompanho o mesmo movimento.

-Será que ainda é tarde demais para mandar aquele jornalista ir se fuder?

-Bom acho que nunca é tarde demais para mandar alguém ir se fuder, mas a Bella não vai ficar nada feliz- riu olhando para ele.

-É ela não ficaria nada feliz- diz olhando para mim.

-Devias ver como ela estava só porque mandaste aquele idiota á merda.

-Coitada- ri-se outra vez.

Os nossos narizes estavam muito perto. Nós encaramo-nos um ao outro, e então, ele começa a aproximar-se cada vez mais. Algo dentro de mim faz com que não me afaste, faz com que fique imóvel, e como numa fração de segundos sinto os lábios dele, suavemente, tocarem os meus.

Não era como os beijos que demos anteriormente, cheios de raiva e urgentes. Este era diferente, era calmo, doce. Era como um gesto de carinho, uma suave promessa de que ficaria tudo bem.

Fechei os olhos permitindo-me sentir cada momento daquele beijo, Charles pousou as suas mãos no meu rosto.

Por um breve momento, o mundo ao nosso redor parecia desaparecer, mas logo voltei à realidade e separei os meus lábios dos dele.

-Nós não podemos continuar a fazer isto- sussurrei ainda de olhos fechados- isto é um erro.

-É eu sei.

-E nós odiamos-nos- levantei-me às pressas, com o coração acelerado e sai às pressas.

"Mas eu não"

consegui ainda ouvi-lo dizer ao longe.

SIMPLE THINGS- Charles LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora