Olhei para o chão, segurando a raiva que fervia dentro de mim após aquela cena lamentável no refeitório. Carlos, havia me alcançado antes que pudesse escapar do meu próprio ímpeto.
-Julieta, espera!- voz dele soou atrás de mim, uma mistura de preocupação e determinação que eu não queria ouvir.
Virei-me para encará-lo, olhos faiscando de raiva.
-O que tu queres, Sainz?
Ele suspirou, deslizando a mão pelo cabelo enquanto olhava para mim.
-Eu sei que tu e o Charles não se dão bem, mas isso não é motivo para explodir assim. Julieta, tu chamaste a atenção de todos no refeitório. Por Dios!
-Eu não ligo para o que eles pensam- respondi, o tom carregado de obstinação- e não preciso de sermões teus, Sainz.
-Julieta, tu estás a permitir que a raiva te domine- ele disse, voz calma- Eu entendo que vocês têm as vossas diferenças, mas não vale a pena perder a cabeça assim.
Cruzei os braços, mantendo o meu olhar desafiador.
-A namoradinha dele é que me passa a vida a provocar-suspirei- e agora a culpa é minha?
-Não estou a dizer que seja, mas estás deixar que isso te afete demais- ele respondeu- tu és melhor do que isso.
Bufei, incapaz de acreditar nas palavras dele.
-E por que te importas tanto?
Carlos suspirou mais uma vez.
-Porque eu conheço a Julieta que está aqui à minha frente. Sei que és uma engenheira incrível e uma pessoa talentosa. Não te quero ver a desperdiçar energia em discussões fúteis.
Olhei para o chão por um momento, tentando processar suas palavras. Finalmente, suspirei e olhei de volta para ele.
-Tudo bem, Sainz. Talvez tenhas razão
Um pequeno sorriso se curvou seus lábios.
-Isso é tudo o que estou a pedir. Tenta controlar-te um pouco mais, okay? Não vale a pena ficar tão chateada por causa disso.
Forcei um sorriso, relutante em admitir que ele estava certo.
-Tudo bem, eu vou tentar.
-Isso!- ele disse, dando-me um tapinha encorajador no ombro- Agora, queres voltar para o refeitório e tentar novamente?
Suspirei e concordei, sentindo-me mais calma graças à sua intervenção. Juntos, caminhamos de volta ao refeitório, e eu enfrentei Charlotte com uma expressão determinada.
-Desculpe pela minha reação anterior. Não foi apropriada, e eu deveria ter me controlado melhor.
Que humilhação pensei para mim mesma.
Charlotte olhou surpresa, mas logo seu sorriso sarcástico reapareceu.
-Finalmente decidiste agir como uma adulta, não é?
-Olha só sua...
-Jul- interrompeu Carlos aclarando a garganta.
Respirei fundo, lembrando-me das palavras dele . Mantive meu sorriso e assenti.
-Sim, exatamente.
Vi Carlos me lançar um olhar de aprovação, e isso aqueceu meu coração. Pela primeira vez, percebi que talvez ele estivesse certo. Talvez eu devesse deixar de lado a rivalidade inútil com Leclerc e focar no que realmente importava: meu trabalho na equipe Ferrari. O meu sonho.
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SIMPLE THINGS- Charles Leclerc
أدب الهواةJulieta Martini uma monegasca com origem italiana recém formada em engenharia mecânica, decide tentar a sua sorte e candidatar-se para ser engenheira de estratégias da Scuderia Ferrari, para sua grande surpresa é aceite. Uma novata sem experiência...