MARINETTE
Estava deitada na minha cama, encolhida, coberta pelo meu edredom rosa claro até o pescoço, mesmo que estivesse calor, naquele momento eu não me importava com isso. Só queria me cobrir, até a cabeça, como se aquele cobertor fosse um escudo que pudesse me proteger de qualquer possível dor que eu pudesse ter em um futuro próximo.
Senti algumas lágrimas rolarem pelas minhas bochechas e passei a mão na região, limpando-as, mas não adiantou muito, já que em pouquíssimo tempo eu já tinha mais lágrimas rolando pelo meu rosto.
Ouvi, vindo de longe, o som de passos que eram dados em direção ao meu quarto e não demorou para que eu escutasse as batidas na minha porta e a voz de Alya.
─ Marinette? Posso entrar?
─ Pode ─ Respondi em um murmúrio, e de repente me pergunto o porquê de eu não estar conseguindo controlar o tom de minha voz nesses últimos dias.
Eu não a vi entrar, e nem me preocupei em fazer isso. Mas pude sentir o peso de seu corpo sobre o colchão e então me virei, ficando de frente para ela, que estava sentada ao meu lado, sorrindo.
E de repente me senti muito sortuda por ter Alya como amiga, porque sempre que eu precisei, ela estava lá, e continuou sendo assim, mesmo depois de completarmos o Ensino Médio.
─ Quero saber tudo que aconteceu.
─ Como sabia que eu precisava de você?
─ Na verdade, não sabia, nas decidi vir aqui te ver e sua mãe disse que você não queria sair do quarto e acabou comentando que Adrien esteve aqui há pouco tempo. E ele chegou em casa com uma cara horrível.
─ É mesmo?
─ É, Marinette ─ Ela suspirou ─ Vai me contar o que aconteceu?
Respirei fundo.
Eu não queria conversar sobre aquilo. Mas uma parte de mim dizia que falar sobre aquele acontecimento com Alya seria bom para mim.
Me sento na cama, recostando minhas costas na cabeceira do móvel.
─ O Adrien esteve aqui.
─ É, foi o que eu disse ─ Me interrompeu.
─ Eu não terminei de falar ─ Ela fez sinal com a mão para que eu continuasse a falar ─ Ele veio aqui e disse que me amava.
Percebi que por um segundo ela ficou feliz, mas então sua expressão mudou e ela me pareceu meio apreensiva.
─ Isso deveria ser uma coisa boa, mas a julgar pela cara dele e pelo seu estado, acho que não é.
─ E não é mesmo.
─ Marinette, não era isso que você queria?
─ No Ensino Médio. Agora é diferente.
─ Sim, é diferente, vocês estão mais velhos e mais maduros. Mas, no fundo, ainda são as mesmas pessoas.
─ Eu sei disso.
─ Então o que aconteceu?
─ O Luka aconteceu. Eu disse pra ele que não podia. Alya, eu não posso correr o risco de ter meu coração partido de novo.
Ela suspirou, e então depois de termos ficado em silêncio por um tempo, ela me abraçou.
Ter Alya por perto era reconfortante. Era bom saber que eu tinha uma pessoa com quem pudesse contar. Alguém que eu soubesse que sempre estaria ao meu lado e que me ajudaria sempre que eu precisasse. E eu faria o mesmo por ela.
─ Marinette, você tem que entender que o Adrien e o Luka são duas pessoas diferentes.
─ É, mas relacionamentos raramente dão certo. Olha só para os meus pais.
─ E olhe para Nino e eu. Deu certo.
─ Um dos casos raros.
─ Assim como Rose e Juleka, Mylène e Ivan, Marc e Nathaniel?
Fiquei em silêncio. Por um instante tinha me esquecido de todos os meus colegas que tiveram seus "finais felizes". E é claro que eu estava muito feliz por eles, mas eu não sabia se realmente poderia arriscar de novo.
Eu sempre soube que não é fácil se arriscar no amor, e mesmo assim decidi tentar. E é essa a minha situação atual. Fui feita de boba, fui enganada e não sei mais se posso me arriscar de novo.
─ Eu sei que é difícil, mas você precisa tentar.
─ E se não der certo?
─ Se não der, não deu. Aí você vai juntar os pedacinhos, remendar de novo e recomeçar.
─ Não sei se eu consigo.
─ E vai continuar sem saber se não tentar.
Alya era uma pessoa louca e bastante agitada, mas quando se tratava de dar conselhos ou reconfortar, ela sabia ser bem séria e paciente. Sabia ter calma e era uma boa ouvinte. Acho que é isso que fez com que ela fosse a primeira pessoa em que penso quando preciso de ajuda.
No fundo, bem lá no fundo, eu sabia que Alya estava certa, assim como na maior parte das vezes.
Eu tinha que me arriscar. Viver perigosamente. Porque nunca se sabe o que vai acontecer amanhã. Assim como nunca se sabe se algo vai dar certo sem antes se arriscar. Eu já me arrisquei muitas vezes antes quando decidi ser a Ladybug, e poderia me arriscar de novo agora. Mas dessa vez no amor.
Só de pensar nisso, eu já sentia minhas pernas tremerem, mas uma hora eu vou ter que tentar.
Talvez eu possa escrever uma carta.
Uma carta dizendo para Adrien sobre meus sentimentos.
Mas sei que não vou conseguir entregar a ele pessoalmente. Não depois da resposta que eu dei para ele há pouco tempo.
O correio demoraria demais para entregar.
Mas Alya poderia entregar a carta para ele ainda hoje.
─ Alya, vou precisar da sua ajuda.
E, com uma onda de coragem me invadindo, me levanto da cama, derrubando o edredom que antes me cobria no chão. Mas no momento, eu não estava me importante muito com aquilo.
Me sentei na mesa em frente a escrivaninha e peguei dali um papel e uma caneta azul.
─ Qual é o plano?
─ Preciso que você entregue uma carta para o Adrien.
A vi sorrir.
E então comecei a escrever.
“Querido Adrien”
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Strangers
Fiksi Penggemar❝ O medo rouba sonhos, destrói esperanças e te impede de viver. Vai deixar o medo vencer? ❞ Marinette Dupain-Cheng, uma famosa atriz parisiense, vive sua vidinha perfeita, junto com seu namorado, mas não imaginava que o erro de outra pessoa poderia...