Capítulo oito: a pior coisa que Elizabeth já tinha ouvido.

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N/A: demorei, mas entreguei entretenimento. hoje sem mapa pois estamos em algum lugar no meio do mar que é irrelevante. importante é: temos várias passagens de tempo ao longo do capítulo, fiquem atentos às menções de tempo e meses!!


Capítulo Oito:

O verão estava acabando. Mais quatro semanas em alto mar trouxeram prenúncios de ventos frios e dias nublados, com ocasionais chuvas. Em breve, tempestades assolariam o oceano, e toda a tripulação do Serpente da Alvorada se preparava para o pior. Dia e noite, havia muito trabalho a ser feito, logo, Elizabeth não tinha tempo para pensar no que acontecia fora daquela jornada.

Era necessário verificar se as âncoras e as amarras estavam bem fixadas e que eram fortes o suficiente para resistir às forças das ondas e dos ventos; garantir que a tripulação estivesse vigilante para responder à quaisquer emergências, o que significava empenhar um tempo extra à tripulante mais nova, Taylor, a qual ainda tinha muito a aprender e recebeu trabalho dobrado durante todo aquele mês.

Elizabeth passou a ensiná-la alguns truques e golpes simples com a espada, o que se mostrou infrutífero com uma rapidez alarmante, pois Taylor sempre reclamava sobre como as espadas eram pesadas demais. Então, Elizabeth tentou as pistolas, e embora ela tenha entendido o básico, não lhe agradava a ideia de atirar em alguém, em especial porque todo o método de Elizabeth consistia em "matar o mais rápido possível". Era dessa forma porque ela não conseguia imaginar Taylor engajando em longas batalhas e tinha como tarefa própria evitar que isso acontecesse sempre que possível, mas Taylor não se sentiu confortável mesmo assim.

Por último, ambas decidiram que as adagas eram melhores, desde que Taylor fosse rápida e sorrateira o suficiente.

— Estive pensando — certa manhã, Elizabeth buscava uma maneira melhor de ensiná-la a como se defender. — Desde que descobriu ser uma ninfa, algumas habilidades suas têm aflorado. Lembra como conseguiu rastrear Timóteo em Abingfordge apenas por uma mudança no ar?

— Sim — disse Taylor — Mas não acontece o tempo todo. Não consigo controlar. É como se fosse uma intuição.

— Bem, pode aprender a controlar isso — disse — Todas as ninfas controlam. Claro, no Reino de Siros, são treinadas desde criança, mas você ainda é novinha e temos um pouco de tempo para isso. Seria bom se conseguisse localizar o seu oponente sem ter que vê-lo...

Ignatius também não aliviou em seus ensinamentos, e Elizabeth encontrou-se, com frequência, diante do desejo de mandá-lo calar a boca antes que fizesse Taylor chorar, mas ela resistiu a esta urgência. Era importante para a tripulação e para a própria Taylor que ela desenvolvesse algumas habilidades básicas, mesmo que isso a fizesse choramingar pelos cantos.

A capitã supervisionou a renovação das velas e dos cordames, a integridade dos mastros e das demais estruturas; garantiu que o sistema de drenagem estava funcionando para evitar o acúmulo de água no convés; cuidou das provisões de emergência e dedicou horas de suas madrugadas aos mapas e às bússolas, para ter certeza que, em caso de uma violenta tempestade, não acabariam colidindo com rochas ou quaisquer obstáculos fatais.

O terceiro mês daquela viagem tornou-se o mais exaustivo para todos, e as tempestades sequer começaram. As chuvas, no entanto, foram fazendo-se presentes gradualmente, primeiro de uma maneira lenta, mas a partir do quarto mês, eram persistentes e toda a tripulação acabava enxaguada no final de cada dia. Elizabeth dispensou Taylor de suas atividades como cartógrafa porque era impossível desenhar ou ler mapas debaixo de um aguaceiro, reforçou as suas aulas de luta e defesa e deixou que Du Yunwen, a Mestre de Navegação, a tratasse como sua aprendiz.

Treacherous Sea • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora