Capítulo dezoito: vou deixar Mérida morrer queimada antes que a tirem de mim

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Capítulo dezoito:

Os argumentos que passaram pela mente de Taylor ao ouvir as palavras cortantes de Shi Mui se desvaneceram no ar outonal quando, detrás do balcão, homens armados com espadas e arcos saltaram para cima do pequeno grupo. Philippe tirou sua espada do talabarte. Adrian fez o mesmo, colocando Alessa e Catarina para trás de si, ambas com facas pequenas nas mãos.

Era impossível negar que estavam em desvantagem: foram rodeados com facilidade, e Taylor sentiu Shi Mui puxá-la pelo cotovelo para ficar atrás de si.

O barqueiro, Aroth, retornou com nada além de um rasgo no ombro.

— Não queremos feri-los — declarou — Vocês podem ir embora, mas a mestiça fica.

A palavra em sua boca soou como uma ofensa. Taylor se encolheu atrás de Shi Mui, mas ninguém se moveu para entregá-la.

— Estão cometendo um grande erro — sibilou Shi Mui, a ponta de sua espada roçando no estômago de Aroth. — Não querem a capitã Belladonna como inimiga.

— Sua capitã não quer o império como inimigo — ele rebateu. Taylor não tinha certeza, afinal, Elizabeth já tinha um outro império como inimigo há algum tempo. — Nem mesmo a maior frota pirata de Mérida pode contra nosso exército, e vocês estão atrapalhando negócios políticos internos. Isso é uma afronta sem perdão em nossas terras. A mestiça fica.

Taylor tentou se mover, mas Shi Mui entrou na sua frente. Por cima do ombro, lhe lançou um olhar que dizia claramente para que ela não fizesse nada.

— O que querem fazer comigo?

— Um julgamento — disse Aroth — Decidirá o seu destino. Como alguém cujo mero sangue carrega uma destruição sem precedentes para Mérida, não queremos que circule livremente por nossos mares, ainda mais em um navio pirata. Precisa ser mantida em um lugar seguro, longe do oceano e ainda mais longe de nossos inimigos. Se entregar, Taylor, é um sinal de que sabe colocar o bem maior de nossas terras acima de sua própria vida. Isso será bem visto no julgamento.

Longe do oceano, a pequena frase reverberou em seus ouvidos. Longe de Elizabeth, era o que isso significava e ela não podia aceitar.

— O que ele quer dizer? — Adrian sussurrou, mas Taylor não conseguiu responder.

— Ela é uma tripulante da capitã Belladonna — reiterou Shi Mui — Não vai a lugar nenhum com você.

— Sua capitã não está aqui agora.

Outra vez, Taylor tentou se desvencilhar de Shi Mui.

— Onde ela está?

— Venha comigo, Taylor.

Não — disse Shi Mui — Podem nos deixar ir do jeito fácil ou do jeito difícil.

— Entendi — assentiu Aroth. Ele fez um gesto com a cabeça e Taylor se virou a tempo de ver um homem adentrar o recinto; de punhos ensanguentados, ele entregou um objeto ao barqueiro e se retirou. De volta ao rosto de Aroth, ele pareceu mais do que satisfeito. — Imagino que queiram isso.

Aroth abriu a palma da mão. O objeto que segurava era um colar com um pingente vermelho de uma caveira de cabeça flamejante envolta por ramos de beladona. A insígnia da tripulação do Serpente da Alvorada. Taylor reconhecia muito bem aquela corrente. Ela pendeu sobre o seu rosto por incontáveis noites; era o colar de Elizabeth.

De imediato, Taylor empalideceu, e sua mente presumiu todos os piores cenários enquanto o odor cruento do pingente se instalava dentro de suas narinas — o cheiro de sangue.

Treacherous Sea • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora