Capítulo quinze: como se fosse um vinho doce, delicioso... era um banquete

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N/A: espaço para você deixar o seu "obrigada autora, eu te amo" de antemão ;)

Capítulo Quinze:

Passou menos de um dia desde o retorno da saúde de Taylor. Elizabeth tomou as rédeas de todas as responsabilidades que deixara para outros tripulantes em pouco tempo, pois queria ocupar a sua mente com problemas racionais que requeriam soluções práticas. Afinal, estavam no meio de uma jornada e seus sentimentos não fariam o navio avançar. O que o moveria era não pensar sobre mais nada além de trabalho.

Foi difícil, no entanto, porque dois dias após o retorno de Taylor, Elizabeth estava no convés da popa, as mãos no leme, direcionando algumas ordens sobre a posição das velas quando ouviu Du Yunwen gritar sobre alguém que estava pendurado em um dos mastros ao sul. De cenho franzido, Elizabeth pediu que girassem a vela e a trouxessem para perto.

Com uma única sobrancelha arqueada, não ficou surpresa ao encontrar Taylor pendurada no mastro com um sorriso tímido, um gatinho assustado sobre a cabeça e os pés balançando no ar.

— O que pensa que está fazendo? — perguntou Elizabeth, o rosto demonstrando um misto de irritação com confusão.

— Oi — sem graça, Taylor tentou uma abordagem mais gentil. — O Benji estava em perigo, eu tentei pegá-lo, mas vocês começaram a girar as velas de um lado para o outro...

— Você podia ter despencado.

Se Taylor continuasse a correr para situações perigosas sem senso de responsabilidade algum depois de tudo que passou nos últimos três meses, Elizabeth perderia a paciência e a mandaria embora para algum lugar distante e cercado, com todo tipo de proteção possível. E contrataria uma babá para observá-la e irritá-la.

— Ah, pois é... — ela suspirou — É que, sabe... Essa não é mais uma situação onde você só vai falar comigo direito quando eu estiver à beira da morte de novo, não é?

Sem dizer nada, Elizabeth mandou que baixassem aquele mastro.

— Olha só, — ela ouviu Aegnor gritar do convés aberto — ela está de vestido, daqui de baixo consigo ver a sua...

Elizabeth se apoiou na balaustrada.

— Termine essa frase e quem vai ficar pendurado num mastro de vestido vai ser você, me escutou?

Aegnor empalideceu.

— S-sim, capitã.

Foi após o jantar que Elizabeth escapou para o convés da popa, agora vazio. A maior parte da tripulação estava bebendo ou adormecida no alojamento. Os ventos veranis anunciavam o início de uma nova estação com noites mormacentas e barulhentas. Era possível ouvir o som dos grilos em algum pedaço de terra próximo, e a água parecia um pouco inquieta — mas Elizabeth suspeitou que isso se dava pela presença do dragão marinho que seguia Taylor.

Talvez aquele fosse o primeiro momento de solitude que encontrou em meses. Em um passado não tão distante, ela compartilhava aqueles momentos com Georgia, ambas com os pés pendurados do navio enquanto tentavam testar quem sabia mais sobre as estrelas, seus nomes e formas. Georgia era na verdade horrível naquele jogo, mas Elizabeth deixava ela ganhar mais vezes do que conseguia se lembrar. Imaginou, pelo menos por um tempo, que elas viveriam aqueles momentos novamente.

Almas quebradas não eram fáceis de consertar. Era incerto como a pessoa voltaria, e parte de Elizabeth sempre soube que nunca teria Georgia de volta. Isso não significava que ela aceitava isso. Continuava dizendo a si mesma que encontraria um jeito, mesmo que isso significasse fazer Georgia se apaixonar por ela novamente e então esperar mais nove anos — isso não importava. Poderia fazer isso. "Eu tenho algo real", disse uma vez a Gabriel. Georgia era real.

Treacherous Sea • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora