Capítulo nove: você nunca beijou ninguém. Tem alguma ideia de como é?

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Capítulo Nove:

Na manhã seguinte, a primeira coisa que Elizabeth fez ao acordar foi caminhar até a enfermaria para verificar Taylor. A princesa estava dormindo no colchão com um curativo no braço e na mão direita onde tinha sido mordida na noite anterior. Willow e um dos gatinhos estavam enrolados no braço bom. Sua boca estava entreaberta. Elizabeth pegou-se sorrindo ao ouvir o barulhinho baixo e constante do seu ronco. Parte dela achou isso fofo, enquanto outra parte queria se dar um tapa por pensar assim.

Como Isobel não estava por perto e mais ninguém estava lá, ela encontrou uma cadeira e sentou-se, olhando para cima por algumas horas enquanto Lúthienna cuidava do leme. Apesar de suas responsabilidades, Elizabeth queria ter certeza de que Taylor estava bem.

Embora não precisasse sentar-se em uma cadeira ao seu lado para isso e pudesse esperar pelas notícias de Isobel, também era reconfortante simplesmente se esconder de suas obrigações como capitã, especialmente porque sabia o que a tripulação tinha planejado fazer para punir Taylor e Adrian pelo encontro com o dragão marinho da noite anterior.

A princesa precisaria de um aviso antecipado. Se pudesse, Elizabeth diria a todos para pararem com essas ideias tolas de fazer as pessoas se sentirem mal por seus erros apenas para poupar Taylor. Entretanto, como capitã, sabia que era para o melhor e, de qualquer forma, não podia impedi-los.

Taylor acordou lentamente, piscando seus olhos sonolentos, mais azuis do que o habitual. Elizabeth notou suas pequenas e louras pestanas se movendo enquanto Taylor se virava para olhar ao lado, encarando-a com uma expressão confusa, mas cansada demais para se importar. O gatinho de pelo branco e preto se encolheu sobre o seu colo e o pequeno Willow, embora energético, não pareceu satisfeito, e rosnou para ele.

— Pensei que você fizesse aquele estranho som com o nariz porque estava doente — disse Elizabeth, levantando-se da cadeira para fazer chá para ambas. — Mas é o seu ronco.

— O que faz aqui?

Enquanto Elizabeth virava as costas para ela em busca de um pouco de chá de camomila, percebeu que seu tom não era amigável, o que mostrava que ainda tinha as lembranças da madrugada muito frescas, e Elizabeth também. Não havia esquecido as farpas e ofensas trocadas. Nem mesmo as confissões, mas estava disposta a deixar para lá porque coisas mais importantes clamavam por atenção e não tinha a intenção de se aprofundar no seu último comentário antes de deixá-la sozinha na enfermaria.

A água do chá começou a ferver sobre o pequeno caldeirão de metal.

— Temos que conversar — anunciou Elizabeth — A tripulação decidiu fazer o Tratamento do Silêncio com você e Adrian pelo o que aconteceu ontem. Para ser honesta, eu sequer deveria estar te contando isso, mas imaginei que... — Eu queria te avisar antecipadamente e garantir que esteja ciente de que não tenho nada a ver com isso. Não é minha ideia e eu não planejo segui-la de qualquer maneira. Ela limpou a garganta. — que você não sabe do que se trata.

— Eu sei. Então, você não é a única que vai me ignorar nas próximas semanas — disse Taylor amargamente. Isso fez com que Elizabeth se sentisse ainda mais inclinada a gritar com algumas pessoas e aproveitar mais da sua posição, mas a tripulação já sabia que a capitã estava protegendo Taylor agora e ela não queria criar mais problemas. — Eu aguento — sua voz soou miúda — Não se preocupe, mas Adrian não fez nada, foi tudo ideia minha.

Elizabeth virou-se novamente e despejou a água do chá nas xícaras. Ela mordeu o lábio. Seus pés se moveram antes que sua mente decidisse e então ela estava enfrentando Taylor mais uma vez, que estava sentada no colchão com um semblante que traía sua postura de "eu aguento". Ela não lidaria bem com o Tratamento do Silêncio, estava certa disso. Mesmo a mera menção do que lhe aconteceria pelas próximas semanas fora o suficiente para que seu olhar desanimasse.

Treacherous Sea • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora