Capítulo quatorze: Eu sempre vou escolher você.

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N/A: alguns gatilhos do capítulo: menção a abuso sexual. leve descrição de um procedimento de aborto.

Capítulo quatorze:

17 anos atrás.

A busca por vaga-lumes valeu a pena quando as garrafas com os animais cintilantes foram penduradas entre os mastros do navio para oferecer uma decoração dourada. Fitas em tons de vermelho e ouro foram espalhadas pelo convés, além de arranjos com margaridas, e os musicistas já estavam a postos com baladas animadas para dançar.

Diversos tripulantes aproveitavam a pequena festa de aniversário de treze anos da filha mais velha do capitão, Elizabeth, que ainda não fora vista por ninguém.

Isso porque ela estava no quarto que dividia com sua irmã, Catarina, rodeada por mais três garotas. O quarto tinha duas camas de casal cheias de almofadas coloridas e roupas de cama com desenhos de flores ou outros símbolos da natureza. Filtros dos sonhos foram pendurados nas paredes, ao lado de pequenos quadros com pinturas que Catarina fez. Restos de vela estavam sobre os móveis, além de frascos de perfume, peças de roupa largadas e livros que nunca foram terminados. No lado de Elizabeth, havia também três espadas, uma coleção de adagas, meia dúzia de facas e tudo isso misturado com uma caixa que transbordava as mais diversas joias.

Lúcia Beladona era a melhor amiga de Elizabeth, uma menininha também de cabelos vermelhos, curtos e crespos. Seus pulsos cheios de pulseiras de ouro sacudiam conforme ela trançava os fios de Elizabeth com flores coloridas. Ao seu lado, também ajudando a aniversariante a se vestir, Esmeralda García, com a cabeça envolta por um véu negro e uma das mãos de Elizabeth entre as suas — ela pintava as unhas.

Por fim, Arwen, uma menina metade-elfa e Catarina, tinham espalhado vestidos, blusas e calças em cima da tampa de um baú e erguiam cada peça para o sério julgamento das outras três garotas sentadas sobre a cama. Atrás delas, havia um biombo quase que desaparecendo debaixo de tantas outras peças de roupa já recusadas. O guarda-roupa inteiro de Elizabeth, além das peças das amigas, estavam revirado e espalhado em meio ao caos do cômodo.

— O vestido rosa combina com o brilho das unhas — opinou Esmeralda, mordendo o lábio inferior pintado em tom de pêssego.

— Ela odeia rosa — disse Lúcia, uma caixa de elásticos e flores sobre o colo que parecia prestes a cair no chão a qualquer instante caso ela não fosse atenciosa; — Tem que ser algo... azul ou roxo.

— Desde quando a Liz odeia rosa? — perguntou Arwen, com as sobrancelhas brancas arqueadas.

— Liz? — disse Lúcia — Foda-se a Liz, estamos falando da Luana!

— Não fala palavrão, porra — gritou Catarina — Mamãe não gosta. Ela está no quarto ao lado, vai nos ouvir.

— A Luana! — Arwen tampou o rosto com as mãos — Estamos esse tempo inteiro escolhendo penteados, roupas, maquiagens baseado no gosto da Luana? — ela soou decepcionada — Pelos deuses, eu nunca vi essa Luana. Assim fica difícil.

— Você vai vê-la hoje — disse Elizabeth, animada. Lúcia deu um suave puxão no seu cabelo para que ela não ficasse empolgada demais e começasse a se mexer. — Ela é perfeita e tem um cabelo castanho-claro assim cheio de cachos que vai até a cintura, e... os cachinhos são tão adoráveis e...

— Sim, sim — Lúcia a interrompeu com um revirar de olhos, as velas bruxuleando brevemente na íris castanho-claro — Nós sabemos, a Luana pendurou a lua lá no céu. Estamos ouvindo isso faz meses. Então, nada de rosa.

— Cara, eu gosto de rosa — disse Arwen.

— Você é a Luana? — perguntou Lúcia.

— Não...

Treacherous Sea • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora