Capítulo onze: Taylor, Taylor... sua desgraçada

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Capítulo Onze:

O seu retorno ao navio foi marcado pela tontura. O seu corpo estava embriagado, o álcool correndo em suas veias com uma pressa enervante, como se estivesse desesperado para aprofundar aquela letargia. Taylor conseguia enxergar o caminho de volta à praia, a pequena ponte de carga e descarga e o navio parado e silencioso. Em seus ouvidos, no entanto, um zunido se juntava a sensibilidade na lateral do seu pescoço em uma orquestra de desejo e vertigem.

Uma perigosa combinação.

Sem hesitar, ela abriu a porta da cabine da capitã e de imediato, se deu conta que isso poderia ser um grande erro. Primeiro porque, embora imaginara que ficaria por algum tempo, por um motivo que não fora anunciado por nenhuma das duas, o local saturado com o cheiro de Elizabeth a trazia de volta àquele curto e íntimo momento na taverna.

Taylor levou sua mão ao local marcado. Ela se sentia como uma presa. Uma tola. Se sentia usada mais uma vez, mas era tão gostoso ser usada por Elizabeth que ela não se importaria caso isso acontecesse outra vez. Contudo, desejava parar de se sentir em desvantagem toda vez que a capitã avançava.

Os sinais e a linguagem de Elizabeth eram confusos e desesperadores. Taylor não conseguia entendê-la. Entretanto, naquele instante, perdida na madrugada, com visões imaginadas no momento mais silencioso e solitário da noite, nada disso mais importava.

Os gatos e Willow foram colocados para dormir. As velas foram apagadas. Ela deitou-se na cama. Havia fúria em seu coração, tempestades em seus olhos, desejo correndo por cada outra parte de seu corpo. Taylor queria Elizabeth tanto que estava começando a doer. Queria mais do que abraços e aqueles olhares cheios de significado oculto e profundo. Estava ficando cansada dessa dinâmica de incerteza. Elizabeth sentia ciúmes de Thalassa e ainda assim, tudo o que podia dar a ela era um chupão e nada mais? Você é minha, ela mostrou através desse ato, e ainda assim, Taylor não era. Não o suficiente.

Isso parecia doentio.

Distorcido.

Maligno.

Elizabeth era uma canalha.

Taylor se perguntou se havia alguma maneira de se vingar. Quando ela vestiu sua camisola, sabia que havia algo grudento entre as pernas. Um lembrete humilhante da facilidade com a qual cedeu ao domínio de Elizabeth, pois lhe parecia impossível não fazê-lo. Era insuportável. Mas, como estava dormindo na cama de Elizabeth, não havia nada que pudesse fazer sem ser flagrada de maneira embaraçosa.

Ou...

Ela abriu os olhos.

Talvez pudesse fazer algo a respeito e deixar um rastro para trás. Certificar-se de que Elizabeth soubesse o que estava perdendo. Para dizer a ela que não era a única que podia brincar de jogos sexuais. Taylor queria jogar e vencer também. Ela queria deixar Elizabeth sem palavras mais uma vez, torturá-la também, marcá-la também, mostrar que não era apenas uma garota tola, ingênua e jovem. Taylor podia ser melhor que isso. Podia elaborar um plano, aprender o jogo e vencer em algum momento. E, mesmo se não vencesse, ao menos colocá-las em pé de igualdade.

Então, fechou os olhos novamente, tirou sua camisola, mas manteve sua calcinha. Sua pele estava sensível à brisa fria. Taylor começou com toques lentos e incertos, imaginando o momento na taverna, a memória repetindo várias vezes em sua mente. Ela estava sentada no colo de Elizabeth, que tocava os seus quadris. Seus lábios se fechavam naquele ponto na lateral do seu pescoço, molhados e quentes. Havia dentes, língua, beijos e mordidas. Em algum momento, sua mão foi ao redor de seu pescoço, circulando e segurando seu queixo — parecia surreal. Isso a fez gemer naquele momento e isso a fazia gemer agora. Havia algo tão elétrico em usar a mão de Elizabeth como um colar.

Treacherous Sea • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora