Capítulo Treze: Você vai quebrá-la tentando consertar a si mesma.

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Capítulo Treze:

"Taylor" uma voz a chamou nas profundezas das águas.

Os redemoinhos subaquáticos puxavam-na para baixo com uma força imbatível. Quanto mais mexia os braços e as pernas, mais cansada se sentia, enquanto as rochas da praia se distanciavam. O seu pulmão clamava por um ar que, ao abrir a boca, Taylor não encontraria. Ela lembrou de quando se afogou pela primeira vez, com o dragão marinho bem na sua frente, mas isso parecia pior, a pressão sacudindo o seu corpo era desesperadora e a água tão escura que Taylor se sentia rodeada por escuridão pura.

A voz feminina que a chamava se tornou mais alta. Como alguém que sussurra em seu ouvido. No mesmo instante que perdeu a batalha contra o seu corpo e seus lábios se entreabriram, ela se sentiu sendo transportada para um outro lugar em uma outra época. "Taylor", a mulher disse em um tom dócil. Amável. Maternal. Como quem fala com um bebê.

Seus olhos encontraram o vislumbre de um raio de sol veranil sob uma varanda de mármore, onde alguém segurava sua pequena mão de bebê, a qual estava firmemente enrolada no dedo de uma mulher. Uma mulher cujas mãos pareciam as de uma pianista e estava coberta de pintinhas, assim como as de Taylor. "Ela é a coisinha mais fofa, não é?" a mulher perguntou.

"Mas você não pode ficar com ela, Anne. O príncipe não vai permitir."

"Taylor também é minha filha."

"Ela nasceu no reino dele, não no nosso."

"Mas eu sou uma princesa e a Taylor também será um dia. Isso não conta?"

"Você sabe o que a Lei diz. Ela será propriedade do Império Norwich."

"Não fale dela assim, ela é apenas um bebê."

"Anne."

O sol se pôs e naquele instante em que Taylor lutava entre a água e o ar, a profundidade do rio e a complexidade das memórias desencadeadas, o céu estrelado de uma terra estrangeira apareceu diante de si. Um lugar onde as estrelas prateadas nunca desapareciam do céu. Um reino cujo povo era parte intrínseca da natureza. Balaústres envoltos por trepadeiras de madressilvas e lavandas. Corredores perfumados. Um frasco de perfume cujo aroma trazia notas de lírio-do-vale, bálsamos de baunilha e uma doçura pueril.

"Vou sentir sua falta, minha menininha. Eu prometo que não vou te deixar. Não vou te esquecer. Encontrarei um jeito, mesmo que seja apenas através do vento..."

A compressão em seu peito se tornou pesada demais. Seus pulmões se encheram d'água. O ferimento na costela se aprofundou, causando uma dor muito mais intensa que dilacerou através de sua pele, e ainda havia água para todo o lado.

Tudo aconteceu tão rápido: Elizabeth tinha certeza de que havia segurado Taylor firme o suficiente para que não se separassem muito, mas a água estava se movendo rápido demais, girando ambas, e Elizabeth foi jogada contra as rochas com uma força que abriu um corte em sua têmpora. Gritou por Taylor, mas ela não estava em lugar algum. Elizabeth tentou voltar para a água, mas ela continuava empurrando-a diretamente para as rochas. Não podia acreditar que Taylor iria se afogar e ela não poderia fazer nada sobre isso. Deveria tê-la ensinado a nadar quando teve a chance, mas tinha sido outono e depois inverno, a água estava muito fria e ela não queria causar esse nível de desconforto, mas agora Elizabeth se arrependia.

Mal pôde registrar quando aquele mesmo dragão marinho de todos aqueles meses atrás surgiu como se fosse uma aparição em meio a água do rio. As escamas eram tão reluzentes quanto se lembrava, em tons diversos de azul claro ao escuro, mas o que a fez liberar um ar de alívio por entre seus lábios era Taylor, quem o dragão trouxe consigo até uma das rochas à beira da fortaleza. Ele deixou o seu corpo descansando sobre a gramínea baixa e direcionou um olhar à Elizabeth, o qual ela não soube interpretar. Exceto que percebera apenas naquele momento que o dragão estava os seguindo desde o princípio.

Treacherous Sea • tswiftOnde histórias criam vida. Descubra agora