08 - Inverno

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Roier estaria mentindo se dissesse que esperava aquele convite, suas suposições mais arriscadas não foram muito além de uma caminhada pela costa da cidade

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Roier estaria mentindo se dissesse que esperava aquele convite, suas suposições mais arriscadas não foram muito além de uma caminhada pela costa da cidade.

E ainda assim ali estava ele, em frente à porta cinza da casa de Cellbit, esperando com um sentimento misto o loiro atender a campainha. O céu laranja aquarela já começava a transformar-se num azul escuro enquanto as nuvens carregadas davam as caras.

Quando o brasileiro abriu a porta aparecendo com as roupas amassadas, cabelo bagunçado e feição sonolenta, Roier entendeu o motivo da demora.

Também percebeu os arranhões pelo rosto e braços, as marcas vermelhas e até um pouco roxas, mas preferiu não falar sobre pois já sabia a origem delas.

— Perdi o horário. — O loiro murmurou, passando a mão pelos cabelos para tirá-los do rosto.

— Nem imagino o porquê. — Devolveu com sarcasmo.

Cellbit franziu levemente o cenho, entretanto não falou mais nada, apenas dando espaço para que Roier entrasse.

Era inevitável observar a decoração da casa, enfeites caros, um lustre rústico, pinturas que por mais que parecessem simples deixavam o claro recado de que custaram muito dinheiro, era realmente admirável.

Sabia que o loiro era bom de condição, mas não imaginava o quão simplória aquela afirmação estava sendo.

— Vem, podemos conversar na cozinha enquanto preparo um café.

— Certo.

Acompanhou o loiro silenciosamente, continuando a observar a decoração da casa.

A cozinha não deixava a desejar em relação ao restante, era enorme, luxuosa e também gritava “dinheiro” em cada objeto e eletrodoméstico ali presentes.

— Tudo muito bonito, não? — Cellbit disse, aparentemente percebendo o olhar analítico de Roier — É a forma que meu pai tem de lidar com as frustrações dele, ganhar e gastar dinheiro.

— Acha isso ruim?

— Não, isso me beneficia. — Respondeu sincero.

Roier balançou negativamente a cabeça, sentando-se em uma das cadeiras à mesa de vidro.

— Por que você iniciou aquela briga? — Perguntou direto, evitando se distrair mais.

— Não iniciei ela. — De certo modo, realmente não.

Roier se ajeitou na cadeira, buscando olhar para o loiro que mexia na cafeteira num armário distante de si.

— Você entedeu.

— Entendi sim. — Deu uma risadinha ao fim da frase, deixando o mexicano confuso — Fiquei sabendo que o pessoal foi suspenso, sinto muito por você.

Desafeto - GuapoduoOnde histórias criam vida. Descubra agora