03 - Passo 1

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Os trovões ensurdecedores perturbavam o céu enquanto a forte chuva continuava a cair sem piedade alguma, nem mesmo os primeiros raios de sol conseguiram destacar-se no cenário cinzento

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Os trovões ensurdecedores perturbavam o céu enquanto a forte chuva continuava a cair sem piedade alguma, nem mesmo os primeiros raios de sol conseguiram destacar-se no cenário cinzento.

Cellbit abriu os olhos lentamente, acordando aos poucos e quando finalmente despertou se pôs sentado na cama, olhando para a janela e encarando a chuva. Sem muitas expectativas para o dia, se levantou, indo cuidar de sua higiene matinal, mas não sem antes alcançar seu celular que repousava sobre um criado-mudo ao lado da cama.

Enquanto escovava os dentes abriu seu aplicativo de mensagens, lendo todas superficialmente sem entrar em conversa alguma, pelo menos não até chegar à conversa de um número não salvo, mas a foto de perfil identificava o mexicano metido.

As mensagens haviam sido enviadas na noite anterior quando o celular estava fora de área, algo recorrente de acontecer quando Cellbit e Bagi iam para um campo afastado para observar as estrelas sem a poluição visual da cidade.

“Oi”

“Sei que a gente não se dá tão bem, mas eu queria mudar isso, você parece ser legal”

“Se topar a ideia, quer sair amanhã?”

“O pessoal quer ir ao parque de diversões, vai ser legal”

— Que porra? — Pensou alto, deixando as palavras fugirem.

O loiro encarou as mensagens por segundos, talvez até mesmo minutos, mas não chegou à conclusão nenhuma sobre o que deveria responder. Primeiro porque não sabia se Roier estava realmente falando sério, e em segundo porque não sabia o que fazer caso Roier estivesse falando sério.

Ganhar a neutralidade do mexicano para sair do radar de suspeitos era algo diferente, envolvia menos esforço e atenção do que se tornar um amigo do mesmo.

Por outro lado, aquela opção estava sendo dada de bandeja para si, foi uma atitude que partiu do próprio Roier, era a oportunidade perfeita sendo entregue em suas mãos do absoluto nada.

“Qual o horário?”

Terminou sua higiene bucal e saiu do banheiro, se deitando novamente, mas dessa vez com o celular em mãos.

Tudo que precisava fazer era usar as semanas que tinha pela frente para conquistar a confiança básica do outro, talvez não no mesmo nível que os outros White Bears confiavam em si, mas o suficiente para ele não ser o primeiro para quem Roier apontaria o dedo.

Afinal, mesmo que não tivesse uma boa reputação no geral, se os próprios jogadores confiavam em si, por que a direção o acusaria? Os outros alunos não eram um problema se tivesse as estrelas ao seu lado.

“Às 19:00”

Cedo se comparado aos rolês que costumava frequentar com seus amigos.

“Ok”

“Nos vemos”

E fechou o aplicativo, largando o celular na cama. Não estava ansioso, animado ou qualquer coisa, apenas pensativo.

Agora tinha um compromisso com a mesma pessoa que parecia lhe odiar há apenas alguns dias, que experiência interessante a vida lhe reservou, não?

.

.

.

O vento balançava sutilmente as folhas das palmeiras que decoravam a entrada do parque de diversões, que ficava próximo a uma das praias da cidade.

Mariana e Slime tentavam posar para Philza fazer uma foto decente da dupla, entretanto suas escolhas eram sempre questionáveis, arrancando risadas do loiro que não conseguia fazer uma fotografia sequer.

Afastados, Missa e Vegetta mexiam em seus respectivos celulares sem prestar muita atenção em volta, apenas esperando para finalmente entrarem no parque. Enquanto isso Foolish encarava com curiosidade Roier, que ansiosamente batia o pé.

— Você já pode contar quem chamou agora? — O americano insistia.

— Você vai descobrir quando a pessoa chegar.

— É que parece que ela não vai chegar. — Checou o horário em seu relógio de pulso — 20 minutos de atraso.

— Não seja pessimista. — Puxou o próprio celular do bolso, não vendo nenhuma mensagem do loiro.

— Roier… — Passou o braço pelo ombro do mexicano — Levar um bolo faz parte da vida.

— Mas eu não levei um bo-

— Shh, está tudo bem cara, de verdade. Ninguém vai te zoar, não hoje.

— Foolish, eu não levei um bolo.

— Cellbit! — Philza exclamou, chamando a atenção da dupla — Você num lugar sociável e decente é algo novo para mim.

— Não exagere. — O loiro respondeu despreocupado, aceitando o “bate aqui” que o outro oferecia.

— Falei. — Roier murmurou para Foolish e se desvencilhou do braço alheio.

— Você chamou o Cellbit? — Devolveu o sussurro.

Roier não respondeu, apenas deu as costas para o amigo e foi na direção de Cellbit que agora cumprimentava Slime e Mariana.

Para todos do grupo foi como se a cena se passasse em câmera lenta, o mexicano indo diretamente para a pessoa cuja reclamava todos os dias sem falta. Aquela cena era pura utopia.

— Pensei que não viria. — Admitiu erguendo a mão para um “bate aqui”.

— O dia foi cheio e eu tinha realmente desistido de vir. — Aceitou o toque, e aproveitou para aproximar um pouco o rosto para segredar a última frase — Então é melhor que faça valer a pena.

Roier o olhou confuso, mas assentiu.

O resto do grupo assistiu com surpresa a interação, porém não ousariam questionar, afinal, se Roier havia finalmente desistido de sua implicância com Cellbit ele deveria ter seus motivos.

Assim, se aproximaram e começaram a discutir sobre as atrações do parque, decidindo onde iriam primeiro. A noite estava oficialmente começando.

Desafeto - GuapoduoOnde histórias criam vida. Descubra agora