02 - Talvez

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— Alguns estudos dizem que levamos entre 3 a 5 segundos para criar uma primeira impressão sobre alguém, outros dizem que 30 segundos é o tempo mínimo, mas eu sinceramente acredito que isto é um tanto quanto irrelevante numa visão geral

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— Alguns estudos dizem que levamos entre 3 a 5 segundos para criar uma primeira impressão sobre alguém, outros dizem que 30 segundos é o tempo mínimo, mas eu sinceramente acredito que isto é um tanto quanto irrelevante numa visão geral. — A professora divagava com a turma que demonstrava genuíno interesse no assunto, algo raro.

A chuva batia contra as janelas da sala e borrava a imagem do mundo exterior, o som abafado dos estudantes que caminhavam pelo corredor era quase inaudível, naquele momento parecia que tudo contribuía para que Roier prestasse atenção unicamente nas palavras da mulher.

— Vocês não acham um ato ingênuo ou até mesmo idiota resumir uma pessoa em apenas 30 segundos? De fato, é inevitável, é algo biológico, porém se prender somente a isso é uma escolha própria de cada ser humano.

Mas e quando a pessoa continuava continuamente lhe causando uma impressão questionável mesmo sem interagir diretamente consigo? Ainda vale a pena insistir?

A pergunta cruzou a mente do moreno tão rápido quanto um raio nos céus o fazendo sacudir levemente a cabeça tentando afastar o questionamento, afinal nem mesmo entendia o porquê de sua mente insistir em voltar naquela pessoa.

Haviam se passado dois dias desde o fim do mal-entendido que o perturbava, desde então as coisas foram… estranhas, se podia dizer assim. Apesar de tudo parecer ter voltado ao normal algumas coisas permaneciam erradas, por exemplo, Quackity continuava evitando os amigos mesmo a dupla explicando através de mensagens que já haviam entendido tudo.

Cellbit continuava o mesmo de sempre, inclusive naquele momento estava na detenção por quase quebrar o braço de um outro estudante. Apesar disso, Roier não o via com os mesmos olhos, a expressão cínica e as falas ácidas do loiro não o afetavam mais.

Não o afetavam porque Roier sabia que por trás de toda aquela marra e malandragem havia alguém vulnerável, como qualquer ser humano, alguém sensível.

A expressão dele aquele dia após a frase de Jaiden o dizia isso, a forma como ele entrou na defensiva ao perceber que demonstrou fraqueza, o quanto foi rude ao deixar claro que não esperava voltar a conversar com a dupla.

Talvez estivesse sendo precipitado e Cellbit realmente fosse apenas um filho da puta que sentiu o ego ferido, mas se realmente estivesse certo, o loiro era alguém que merecia um pouco de compreensão.

— Estão liberados, tenham um ótimo fim de semana! — A professora diz, puxando a atenção de Roier de volta à realidade.

O moreno pega suas coisas e as joga de qualquer jeito na mochila, levantando-se e iniciando sua caminhada até a saída da escola, o que demora um pouco dado ao alto fluxo de estudantes perambulando e ocupando o caminho.

Finalmente estando fora da escola, corre até a calçada que ficava após o gramado molhado pela chuva que ainda caía com força considerável, chegando ao ônibus escolar que esperava os jovens logo à frente.

Desafeto - GuapoduoOnde histórias criam vida. Descubra agora