× capítulo 14 ×

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O clima bom e calmo do café da manhã foi ficando cada vez mais frágil ao longo do dia enquanto cada um se preocupava com as próprias obrigações até não haver mais nenhuma. Seonghwa observava o grupo sempre que podia, se mantendo por perto e atento para o caso da tensão crescer demais e resultar em brigas e discussões que normalmente seriam evitados.

O tatuador se mantinha em contato com Yunho, garantindo que as coisas na Starship e na galeria estavam de acordo com o planejado e permaneciam sem nenhum sinal de suspeita. Yeosang ao seu lado roía a unha enquanto conferia as câmeras que hackeou uma por uma para ter a certeza de que não perdeu nenhuma. San e Wooyoung cuidavam dos equipamentos, conferindo se eles tinham tudo que poderiam precisar para que a invasão acontecesse como eles queriam. Jongho, Mingi e Hongjoong se espalharam para instalar câmeras a mais para Yeosang.

Todos estavam tensos e Seonghwa sentia a atmosfera pesando a cada segundo que eles ficavam mais próximos do horário combinado. Apesar de todo tipo de preparativo feito, eles sabiam que nada que eles planejassem podia evitar que as variáveis se tornassem problemas grandes demais para eles resolverem na hora do desespero.

Era assustador e a incerteza os consumia por dentro, mas eles tentavam pensar que tinham um ao outro para se apoiar.

O plano tinha um início simples e, embora alguns tenham protestado, apenas um grupo menor estaria envolvido na invasão em si. Seonghwa, acostumado por ter feito isso muitas vezes, ajudava Hongjoong, San, Wooyoung, Mingi e Jongho a colocar os equipamentos que Yeosang preparou, cuidadosamente programados especialmente para aquele dia. Cada um estava sendo equipado com um microfone e uma câmera, escondidos nas roupas pretas que todos eles vestiam, que permitiriam que o hacker visse exatamente o que eles viam dentro da galeria, enquanto apenas Seonghwa usava um fone de comunicação com Yeosang, considerando que ele era o único acostumado a ter alguém falando em seu ouvido quando as coisas saiam do controle.

As horas passaram mais rápido do que qualquer um deles gostaria e, quando menos perceberam, a van que eles alugaram com a placa alterada por San e Wooyoung já estava estacionando a alguns blocos de distância da galeria enquanto os estabelecimentos fechavam com o passar do tempo e a chegada da noite.

Escondidos em um beco pouco iluminado, Seonghwa e os demais esperavam pelo sinal de Yeosang para invadir. O tatuador fingiu que não percebeu a forma como San e Wooyoung se agarravam um ao outro com mais força que o normal, ou como a mão de Hongjoong procurou a sua em meio à van escura. Mingi e Jongho cuidavam das ferramentas, verificando pela milésima vez se eles estavam com tudo que usariam para distrair a mente. Nenhum deles precisou verbalizar os medos e a ansiedade que espreitava cada um deles, esperando qualquer falha de autocontrole para tomar conta.

Não foi um conforto tão grande quanto ele pensou que seria quando Yeosang finalmente deu o sinal para que eles entrassem.

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A noite estava silenciosa conforme eles avançavam até as portas laterais da galeria, feitas de aço e blindadas contra invasões. Jongho carregava uma bolsa cheia de ferramentas e Seonghwa observava conforme ele tirava algumas da bolsa, mantendo-se atento a qualquer movimentação enquanto ele trabalhava na porta. Mingi e Hongjoong o apoiavam, entregando as ferramentas que ele pedia ou com pura força bruta, enquanto San e Wooyoung ajudavam o tatuador a ficar de olho nos arredores.

Levou algum tempo, mas ele finalmente conseguiu abrir a porta e Yunho garantiu que as coisas permaneciam calmas nas reuniões da Starship. Ninguém tinha notado nada de errado.

Hongjoong e Mingi o ajudaram a empurrar a porta pesada enquanto os outros três passavam apressados.

Jongho se afastou da porta e Mingi o acompanhou até a van, onde ele o manteria seguro até os demais terminarem. Foi uma decisão que demorou para ser tomada enquanto eles planejavam, sabendo que o mecânico não tinha experiência com invasões e poderia vir a se tornar um problema, mas para levá-lo de volta eles teriam que abrir mão de um dos membros do grupo que a tinha porque Seonghwa se recusava a deixar Jongho sozinho em uma situação que podia se tornar muito perigosa em muito pouco tempo, então eles chegaram a um consenso de manter Mingi com Jongho perto da galeria e ele se apressaria até eles caso algo desse muito, muito errado.

Embora todos eles tivessem os mapas praticamente tatuados em suas mentes àquela altura, Seonghwa os guiava com a voz de Yeosang soando em seu fone, parando de vez em quando davam de cara com algum sentinela eletrônico, que Wooyoung injetava um vírus criado pelo hacker para dar um feedback falso para a central de segurança como se estivesse tudo bem.

Eles avançaram pela galeria cuidadosa e rapidamente e Seonghwa não pode deixar de estranhar a falta de obstáculos. Eles esperavam que atravessar a galeria fosse muito mais trabalhoso, no entanto, eles levaram metade do tempo que eles programaram até alcançar a sala do Cromer, protegida por uma porta eletrônica que Yeosang resolveu da oficina, permitindo que eles entrassem.

A sala estava escura e nada indicava que algo estava escondido ali. O tatuador usou sua lanterna para ter certeza de que nada estava diferente do esperado enquanto Wooyoung injetava o vírus nas duas câmeras indicadas por Yeosang. San e Hongjoong vieram em seguida, a prótese de San fazendo um barulho mecânico enquanto ele avaliava a sala com cuidado.

A sala era grande e ocupada por quadros que Seonghwa não reconhecia, assim como esculturas e adereços da Era Pré-Doença da Pétala, procurando por algo que indicasse onde exatamente o Cromer estava escondido. Yeosang confirmou pelo fone que Mingi e Jongho chegaram em segurança na van e o tatuador se permitiu respirar mais aliviado ainda que não muito, sabendo que não ficaria calmo até que os outros deixassem a galeria para trás, de preferência com o Cromer em sua posse.

Eles se separam para cobrir mais espaço da sala, procurando entre as esculturas de pessoas que Seonghwa não fazia ideia de quem eram e quadros que pareciam valer mais que qualquer quantia que ele viesse a juntar em toda a sua vida só pelas molduras banhadas a ouro e prata e adornadas por pedras preciosas. Seonghwa tomou o cuidado de não deixar marcas, lembrando os demais de usar suas luvas quando tocavam em qualquer coisa.

A busca foi a parte mais demorada, mas eventualmente Wooyoung indicou um cofre escondido atrás de um quadro grande e que cobria boa parte da parede central. A pintura retratava um céu estrelado em linhas irregulares e tons de azul, com apenas uma mancha amarela e circular atraindo atenção como cor quente e Seonghwa teria perdido mais tempo admirando-a se não tivesse uma contagem regressiva soando em sua cabeça a cada segundo que eles passavam a mais dentro daquela sala e da galeria, então se apressou para ajudar Wooyoung a tirar o quadro do lugar, revelando um cofre pequeno demais para ser escondido por um quadro daquele tamanho, mas ele imaginou que fazia sentido, as pessoas eram facilmente distraídas por coisas bonitas e aquele quadro estava entre uma das coisas mais bonitas que ele já viu na vida.

Hongjoong e San tiraram o quadro do caminho enquanto Seonghwa e Wooyoung tentavam descobrir qual seria a melhor abordagem para aquele cofre. Sabendo que San tinha mais experiência com isso, o tatuador trocou de lugar com ele para deixar os dois ladrões trabalhando no cofre enquanto ele e Hongjoong, que sorriu pequeno com sua aproximação, cuidavam do quadro, movendo-o com cuidado para não danificar nada que pudesse indicar sua presença até que eles já estivessem longe.

Não demorou muito para um arfar surpreso soar ao seu lado e ele olhou para os dois no cofre, observando eles sorrirem vitoriosos ao ver a porta se abrindo — sem soar nenhum alarme, o que era impressionante. Nenhum deles teve tempo de fazer muito mais porque um grito soou alto em seu ouvido com Yeosang tentando alertá-lo de algo.

Seonghwa! — o fato de que Yeosang estava chamando-o pelo primeiro nome sem o honorífico já era um sinal de que o quer que ele dissesse a seguir não seria nada bom para eles, então o tatuador já se preparou para qualquer tipo de improviso necessário. — Vocês tem que sair daí. Agora!

Seonghwa não teve tempo de questionar, nem precisava, porque logo em seguida um tiro soou e, para seu desespero, Hongjoong estava caindo ao seu lado levando uma mão ao ombro conforme várias pessoas em uniformes pretos e com armas de fogo em mãos entravam pela única porta da sala e Wooyoung e San se afastavam do cofre às pressas.

Seonghwa sentiu o desespero se espalhar por seu corpo enquanto ele observava o sangue de Hongjoong se espalhando por sua camisa e pelo chão de mármore, mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, ele sentiu seu corpo ser arrastado à força de dentro da sala enquanto Hongjoong perdia a consciência deitado em uma poça de seu próprio sangue.

───── continua...


Notas da autora

Finalmente, chegamos ao roubo, porém acho que pelo final vocês não esperavam 👀👀👀.

Perdão por acabar o capítulo assim, mas semana que vem eu volto com mais um capítulo.

Até semana que vem, anjos ❤️❤️

OUTLAW | SEONGJOONGOnde histórias criam vida. Descubra agora