John suspirou profundamente enquanto tocava os dedos calejados nas cordas do baixo elétrico preto. Ele havia perdido o costume de tocar nas férias e convenhamos, ele não era nem o melhor baixista da cidade.
— Toca essa merda direito — Victor murmurou com um cigarro entre os lábios, ele sempre perdia o seu isqueiro. — Cristian, cadê o meu isqueiro?
Cristian que estava jogado no velho sofá da garagem, o olhou com uma sobrancelha arqueada.
— E eu vou saber? Você é o único que fuma aqui.
— E deveria parar — John desistiu de tocar o baixo, o colocando sobre a mesa de sinuca no centro da garagem. — Desse jeito você não vai chegar nos 30, cara.
Victor revirou os olhos e tirou a franja loira do rosto ao mesmo tempo em que tirava o cigarro dos lábios. Ele tinha um olhar irônico e afiado.
— Essa é a intenção, miojinho.
— Não use esse apelido de novo — John apontou para ele em tom de ameaça. — Ou eu adianto a sua morte.
— Desculpa aí, cachinhos.
Cristian se sentou no sofá, com uma expressão confusa.
— Nunca entendi direito esse negócio de miojinho, esse apelido surgiu na academia. — Ele murmurou confuso.
— Ué, ele tá sempre pronto pra comer.
No momento em que Victor disse aquilo, John atirou um all star velho e fedorento de Cristian em sua direção, que por pouco não acertou.
— Qual é, aí não — Cristian levantou irritado do sofá. — Vocês vieram aqui pra ensaiar, não pra bagunçar a minha garagem.
Victor mostrou o dedo do meio para John, que o ignorou e resolveu voltar a atenção para o baixo novamente.
John estava um pouco nervoso, pois essa noite ele tocaria em uma festa com a sua banda e, não era como se ele nunca tivesse feito aquilo antes, mas esse era o primeiro show depois das férias e ele queria que valesse a pena.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Triz estava sentada em sua pequena cama de solteiro, com as mãos nas bochechas e lágrimas prestes a escorrer dos olhos.
Sua mãe continuava o seu discurso sobre a filha ser burra, não trabalhar e que na idade dela já fazia de tudo.
Sua irmã mais nova, Bailey, debochava vez ou outra da situação, passando e falando para a irmã arranjar um emprego logo e desistir da escola.
Foi horrível ter que pedir a assinatura da mãe, que assim que olhou para a prova com uma nota humilhante, fez questão de a humilhar e reclamar de todas as formas possíveis.
Ela só queria que seu pai estivesse ali, para consolá-la, mas infelizmente ele estava bem longe, trabalhando em uma fazenda.
— E a carteira de tra... — Bailey ia começar novamente.
— Cala a boca Bailey! Vai se ferrar, sai de perto de mim! — Triz jogou a irmã para fora do quarto, fechando a porta com força logo em seguida.
Limpou as lágrimas que ainda ousavam a descer e caminhou em passos lentos até a janela do quarto, onde era perceptível ver o sol se pondo no horizonte.
Ela não tinha nada pra fazer, além de chorar pela nota e estudar, como sempre fazia.
Mas Triz estava cansada, ela não sentia nem um pouco de vontade de estudar em uma plena sexta-feira.
Ela não hesitou em pegar o telefone e ligar direto pra sua amiga mais maluca.
— Fala doçura. — Reina com certeza estava mastigando alguma coisa, pelo jeito desajeitado em que atendeu o telefone.
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1 - Friends
RomanceLivro 1 da trilogia "Lovers Rock". Entre os enormes corredores de River High School, John Henry, um dos garotos mais populares do colégio e vocalista da sua tão amada banda, Winter Boys, caminha com confiança e graça, sem prestar atenção ao seu redo...