Capítulo 1

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John suspirou profundamente enquanto tocava os dedos calejados nas cordas do baixo elétrico preto. Ele havia perdido o costume de tocar nas férias e convenhamos, ele não era nem o melhor baixista da cidade.

— Toca essa merda direito — Victor murmurou com um cigarro entre os lábios, ele sempre perdia o seu isqueiro. — Cristian, cadê o meu isqueiro?

Cristian que estava jogado no velho sofá da garagem, o olhou com uma sobrancelha arqueada.

— E eu vou saber? Você é o único que fuma aqui.

— E deveria parar — John desistiu de tocar o baixo, o colocando sobre a mesa de sinuca no centro da garagem. — Desse jeito você não vai chegar nos 30, cara.

Victor revirou os olhos e tirou a franja loira do rosto ao mesmo tempo em que tirava o cigarro dos lábios. Ele tinha um olhar irônico e afiado.

— Essa é a intenção, miojinho.

— Não use esse apelido de novo — John apontou para ele em tom de ameaça. — Ou eu adianto a sua morte.

— Desculpa aí, cachinhos.

Cristian se sentou no sofá, com uma expressão confusa.

— Nunca entendi direito esse negócio de miojinho, esse apelido surgiu na academia. — Ele murmurou confuso.

— Ué, ele tá sempre pronto pra comer.

No momento em que Victor disse aquilo, John atirou um all star velho e fedorento de Cristian em sua direção, que por pouco não acertou.

— Qual é, aí não — Cristian levantou irritado do sofá. — Vocês vieram aqui pra ensaiar, não pra bagunçar a minha garagem.

Victor mostrou o dedo do meio para John, que o ignorou e resolveu voltar a atenção para o baixo novamente.

John estava um pouco nervoso, pois essa noite ele tocaria em uma festa com a sua banda e, não era como se ele nunca tivesse feito aquilo antes, mas esse era o primeiro show depois das férias e ele queria que valesse a pena.

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Triz estava sentada em sua pequena cama de solteiro, com as mãos nas bochechas e lágrimas prestes a escorrer dos olhos.

Sua mãe continuava o seu discurso sobre a filha ser burra, não trabalhar e que na idade dela já fazia de tudo.

Sua irmã mais nova, Bailey, debochava vez ou outra da situação, passando e falando para a irmã arranjar um emprego logo e desistir da escola.

Foi horrível ter que pedir a assinatura da mãe, que assim que olhou para a prova com uma nota humilhante, fez questão de a humilhar e reclamar de todas as formas possíveis.

Ela só queria que seu pai estivesse ali, para consolá-la, mas infelizmente ele estava bem longe, trabalhando em uma fazenda.

— E a carteira de tra... — Bailey ia começar novamente.

— Cala a boca Bailey! Vai se ferrar, sai de perto de mim! — Triz jogou a irmã para fora do quarto, fechando a porta com força logo em seguida.

Limpou as lágrimas que ainda ousavam a descer e caminhou em passos lentos até a janela do quarto, onde era perceptível ver o sol se pondo no horizonte.

Ela não tinha nada pra fazer, além de chorar pela nota e estudar, como sempre fazia.

Mas Triz estava cansada, ela não sentia nem um pouco de vontade de estudar em uma plena sexta-feira.

Ela não hesitou em pegar o telefone e ligar direto pra sua amiga mais maluca.

Fala doçura. — Reina com certeza estava mastigando alguma coisa, pelo jeito desajeitado em que atendeu o telefone.

1 - FriendsOnde histórias criam vida. Descubra agora