Triz comia seu misto quente tranquilamente naquela manhã, visto que havia acordado bem cedo para lavar e finalizar os seus cachos. Ela tentava controlar a ansiedade, já que mal havia dormido a noite pensando no fato de que iria almoçar na casa de John.
Infelizmente foi tirada dos seus pensamentos pelo mal humor de sua mãe.
— Se você continuar enrolando assim — Bocejou, olhando com cara de poucos amigos para Triz. — Vai se atrasar pra chegar na escola, pra variar.
Triz revirou os olhos internamente e engoliu o último pedaço do misto quente.
Estava prestes a sair quando a mãe a fez parar com palavras que a causavam mais ansiedade ainda (se é que fosse possível) e medo.
— Você tem que decidir com quem vai morar, minha filha — Sua voz ficou ligeiramente mais doce e afetada conforme falava. — A Bailey vai ficar aqui comigo, fica também, por favor.
Triz suspirou profundamente. Ela tinha a completa noção de que morar com a mãe seria complicado, principalmente pelo fato de que a mulher a cobrava de muitas coisas, tanto nos estudos quanto nos afazeres de casa (que eram muitos). Seu pai era mais doce, mais tranquilo e doía o coração de Triz o imaginar sozinho em uma casa, independente de como ela fosse.
— Eu vou me decidir sobre isso ainda hoje, não sabia que o papai já havia arranjado outra casa fixa. — Triz abriu a porta da sala, pronta para ir para a escola. — Ah, hoje não vou almoçar aqui. — Ela fechou a porta rapidamente, sem dar a chance de sua mãe reclamar.
O caminho até a escola seria tranquilo se não fossem os milhares de pensamentos sobre qual decisão tomar em relação a sua família e em como se controlar para não quebrar nada na casa de John e acabar causando uma má impressão para a mãe dele. Céus! Triz sempre pensava nos piores cenários possíveis, era inevitável para ela.
Quando estava quase chegando na escola, tomou um susto quando dois caras numa moto pararam abruptamente do lado ela. O susto foi tão grande que ela não notou que a moto era de John.
— Você quase matou ela de susto, espécie de homem! — John murmurou estressado com Victor, que havia aparecido ás 5 da manhã na sua casa, inventando de pilotar a moto do amigo.
— Olha como você fala comigo que eu boto fogo nessa sua lata velha.
Triz ainda estava com as mãos nos joelhos, ela jurava que seria assaltada.
John desceu da moto e tirou o capacete. Ele se aproximou de Triz e envolveu em um abraço apertado. Sem sombra de dúvidas, toque físico era uma das suas linguagens de amor mais predominantes, apesar de ter todas.
— Bom dia! — Ele murmurou animado, quase balançando Triz no ar. — Você tá bem, Bea?
— Tô sim — Ela sorriu com o abraço apertado dele e o retribuiu. — É só que eu achei que ia ser assaltada.
— Realmente, o John tem muita cara de assaltante. — Victor piscou para Triz.
— Vaza daqui, loira do tchan! — John fingiu que iria tacar o capacete nele. — E vê se guarda minha moto direitinho no estacionamento.
— Não seu idiota, eu vou amassar o tanque dela antes.
— Eu não duvido, só espero o pior vindo de você.
Triz não conseguiu controlar a risada diante daqueles dois. Amigo é como um irmão mesmo.
— Vou te mostrar o pior hoje, meia noite. — Victor mostrou o dedo do meio para o amigo e depois acelerou em direção ao estacionamento da escola.
Triz balançou a cabeça em negação enquanto ria. Mas suas risadas logo foram silenciadas quando John colocou as duas mãos em sua bochecha e a beijou com intensidade. Ele sempre parecia estar morrendo de saudade dela, como era possível? Eles se viam praticamente todo dia!
Mas quem ela queria enganar? Amava aquilo.
— John — Ela tentou se afastar dele, que agora dava vários beijinhos em seu rosto. — Desse jeito vamos nos atrasar para a aula.
— Eu não ligo pra aula — Ele respondeu sincero. — Mas por você eu viro o aluno mais inteligente da escola — Triz fez uma careta e ele deu um sorrisinho de lado. — Frase clichê né? Eu sei.
— Eu sempre amei um clichê.
— Então você me ama? — John a provocou desejando profundamente que ela admitisse isso.
Triz sentiu suas bochechas queimarem e se virou rapidamente para caminhar em direção a escola. Sua atitude podia estar sendo um tanto quanto mal educada, mas ela não fazia ideia de como responder, na verdade, ela não tinha coragem de responder.
Só que John não era do tipo que desistia fácil.
Ele a seguiu com um sorrisinho travesso, sempre prestando atenção na maneira como ela era linda até de costas.
— Não vai me responder, amor?
Triz congelou ali mesmo, no meio do corredor e John acabou trombando nela com sua parada abrupta.
Amor. Essa era nova.
Ela não sabia se o agarrava ali mesmo ou se começava a surtar. Aquilo havia sido tão fofo que novamente tinha ficado sem reação.
— Não faz isso comigo... — Ela sussurrou, completamente afetada.
— Isso o que? — Ele perguntou com aquele típico sorrisinho que mostrava suas covinhas. Ele sabia.
— É hoje que você almoça com a sogrinha, né? — Reina brotou do nada, atrapalhando o clima do casal sem perceber.
John xingou a garota internamente.
Reina passou um dos braços pelos ombros de Triz, puxando a amiga mais baixa para um abraço.
— Eu nem tô tão nervosa assim... — Triz sussurrou.
— Não foi o que pareceu ontem, enquanto você quase entupia o... — Triz deu uma cotovelada na barriga de Reina, a fazendo gemer de dor.
John segurou a risada enquanto observava a cena.
— Não precisa ficar nervosa — John murmurou suavemente. — Tenho certeza que minha mãe e minha irmã vão amar você.
— Irmã?! — Triz arregalou os olhos. Essa também era nova, ela não se lembrava dele ter comentado que tinha uma irmã. — Você tem uma irmã?
— Desculpa não ter dito antes — Ele deu um sorrisinho culpado. — O nome dela é Isabella. Ela é meio pentelha mas tenho certeza que vai amar você.
— Pentelha? É igual você então. — Murmurou Reina de forma despreocupada.
John revirou os olhos e se aproximou das meninas, dando um beijinho rápido na testa de Triz e dois tapinhas do ombro de Reina.
— Vou indo pra sala. Até mais tarde, meninas. — Ele piscou para Triz, que permanecia nervosa e em silêncio.
Agora ela tinha que se preocupar em dobro, além de mãe ele ainda tinha irmã. Como uma irmã mais velha dura de guerra, Triz sabia como ninguém como era ser odiada por pentelhos.
— A dor de barriga passou? — Reina perguntou baixinho.
— Eu espero é não ter dor de barriga na casa dele, porque a probabilidade é altíssima.
O sinal logo tocou, indicando que as meninas deveriam ir para suas salas.
Triz caminhou em passos rápidos e se sentou em sua carteira, nesse momento pensando apenas na quantidade de matéria acumulada que ela estava tentando colocar em dia. Ela se esforçava muito para conseguir conciliar o estudo em sua rotina e ainda tinha medo de seu "relacionamento" com John a atrapalhar, mas desde que havia aceitado o garoto em sua vida, tudo parecia ter se tornado mais leve. Era bom ter com quem contar além de suas amigas.
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1 - Friends
RomanceLivro 1 da trilogia "Lovers Rock". Entre os enormes corredores de River High School, John Henry, um dos garotos mais populares do colégio e vocalista da sua tão amada banda, Winter Boys, caminha com confiança e graça, sem prestar atenção ao seu redo...