Hani fez carinho nos cachos de Triz, essa que estava deitada na pequena cama de solteiro dela.
— Sabe, quando mamãe e eu saímos da Coréia, eu sabia que havia acontecido alguma coisa com o meu pai, por mais que eu tivesse apenas 4 aninhos — Hani sempre contava de forma breve aquela história para as amigas, todas as vezes que ela contava, era para as distrair quando estavam tristes. Hani nunca pareceu abalada ao contar isso e esse fato sempre havia deixado Triz chocada, pois a história era aparentemente bem triste. — Foi tudo muito estranho quando cheguei aqui, eu era apenas uma menininha e não gostava de inglês, pois não entendia nada. Aos poucos fui me adaptando e apesar de ter passado por bons perrengues, eu acho que nenhuma criança teve infância mais feliz que a minha, afinal eu xingava os adultos constantemente em coreano e eles sempre apertavam minhas bochechas e diziam: "Olha que japinha mais fofa!".
Triz deu uma risadinha triste e Hani percebeu que não havia conseguido a distrair tanto assim.
— Acho que nunca falei isso antes, até porque tenho vergonha mas... — Hani tossiu constrangida. — Mas eu tenho uma queda por homens altos.
Triz riu dessa vez por notar como a amiga ficava tímida por dizer coisas como aquela. Ela era muito fofa.
— Não precisa dizer como se essa fosse a coisa mais profana do mundo — Triz se sentou na cama. — Se Reina estivesse aqui, já teria dito as maiores atrocidades da face da terra.
— Você quer conversar agora? — Perguntou em um sussurro e Triz se encolheu novamente. Ela não gostava de conversar sobre os pais.
— Acho que ainda não estou pronta — Murmurou, limpando o nariz que já escorria novamente. Hani pegou um lencinho sobre o criado-mudo ao lado da cama e entregou para Triz. — Obrigada, linda.
— Não sou linda, você sabe que a mais gatinha da turma é você. — Brincou dando uma piscadinha para a amiga.
Triz negou com a cabeça e abraçou os joelhos sobre a cama, seus olhos pararam sobre a pequena escrivaninha de Hani, onde haviam muitos materiais de estudos.
— Espero não ter te atrapalhado seus estudos.
— Que isso! Relaxa, eu tava era fazendo quilo depois de almoçar meu lámen. Mamãe tá na casa da patroa, trabalhando como sempre.
Sua mãe era diarista e trabalhava muito para conseguir dar as melhores condições para a filha. Apesar de todas as dificuldades, Park Sunji era uma mulher muito alegre e alto astral. Triz sorriu para si mesma, com o fato de que Hani só podia ter puxado a mãe mesmo, por ser uma menina tão doce.
— Obrigada por tudo, amiga. — Triz sorriu para Hani, que tombou a cabeça para o lado em um gesto fofo.
Um silêncio confortável tomou o ambiente, até que Triz se lembrou do convite que John havia feito a ela e as amigas.
— Então... Tá afim de ir na praia nesse final de semana? — Perguntou enxugando o nariz novamente.
Hani levantou as sobrancelhas surpresa, pois nunca havia ido na praia em toda a sua vida.
—Uau... Eu tenho vontade de conhecer mas... como?
— John me convidou pra ir com ele e os meninos, ele pediu para chamar você e a Reina. Não quero ir ver a praia sem vocês, pois nunca é a mesma coisa sem minhas amigas.
Hani sorriu animada e balançou a cabeça em afirmação. Mas logo caiu sua ficha que Cristian iria e... bem, quem ela queria enganar? Tinha um penhasco pelo garoto alto e musculoso. Ela nem mesmo sabe dizer quando isso começou, talvez tenha sido quando o viu tocar pela primeira vez, em um ensaio na escola... ou quando o viu jogar basquete uma vez e notou que os braços dele pareciam ficar cada vez maiores...
— Hani? — Triz notou que o rosto da garota estava mais vermelho que um tomate. — No que tá pensando?
— Hein? hãm.... Será que a Reina vai aceitar ir? Sabe que ela não simpatiza muito com o guitarrista baixinho.
— Ela não vai perder a oportunidade de curtir uma praia com a gente — Triz sorriu sentindo o coração finalmente se acalmar dos últimos acontecimentos. — E essa briguinha deles é pura tensão sexual não resolvida e um dia essa tensão vai sair do controle, escreve o que eu estou dizendo....
Hani riu e negou com a cabeça. Reina e Victor eram diferentes em vários sentidos. Reina era engraçada, impulsiva e doidinha, o tipo de amizade que você não pode perder por nada. Ela era a euforia e alegria do trio, sempre fazendo uma piada ruim e fingindo estar estressada para irritar as amigas. Enquanto Victor, era realmente meio pavio curto, as vezes mais solto que Cristian mas mesmo assim, tinha algo nele que o tornava um pouquinho mais sugestivo e rebelde que o resto dos amigos... Pensando mais a fundo, Hani começou a cogitar que talvez eles combinassem bastante, visto que Victor aparentava precisar de um pouco mais de leveza na vida.
Mas algo que ela tinha certeza, era que John e Triz pareciam se encaixar certinho. Era até engraçado na sua opinião. John era extrovertido, simpático e confiante, ele encantava todos quando começava a tocar e cantar, ele sempre tinha luz em seus olhos. Triz já era mais introvertida e tímida, não tanto quanto ela, mas era um pouquinho sim. Hani já havia notado a maneira como John parecia incentivar, mesmo que indiretamente um lado mais confiante e novo de Triz... Isso era tão fofo e incrível.
Já Cristian... Ela não conseguia decifrar direito suas emoções, seus gostos e o que sua postura tão rígida ás vezes significava. Ela desconfiava que ele gostava de desenhar e até já ouviu falar que ele desenhava carros e não gostava tanto assim de tocar bateria, por mais que fizesse isso com aparente maestria. Quando pensava nele, tudo o que vinha em sua mente eram seus olhos castanhos escuros, seu corpo torneado e o quanto ele ficava lindo quando sorria mostrando os dentes, por mais que ele parecesse evitar aquilo a todo custo. Ela se sentia tão pequena e patética perto dele.
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1 - Friends
RomanceLivro 1 da trilogia "Lovers Rock". Entre os enormes corredores de River High School, John Henry, um dos garotos mais populares do colégio e vocalista da sua tão amada banda, Winter Boys, caminha com confiança e graça, sem prestar atenção ao seu redo...