Capítulo 6

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Triz sentou no primeiro banquinho que encontrou naquela casa. Havia pulado e cantado tanto, que sua energia social já estava indo pro saco. Tudo o que ela queria era encontrar sua caminha e dormir por uns 3 dias se fosse possível.

Havia um pequeno espaço do seu lado naquele banco minúsculo, mas Triz sequer havia prestado atenção nisso. Ela estava com a cabeça encostada na parede, pensando em muitas coisas ao mesmo tempo.

— Perdida em pensamentos? — A voz de John a despertou.

O show havia acabado, ele estava suado e seus cachinhos já grudavam em sua testa.

Triz deu um sorriso fraco, sem conseguir formular uma frase coerente perto do garoto.

John aproveitou o pequeno espacinho do banco e sentou quase que em cima dela, pois ele mal cabia naquele banquinho.

— Não acredito que você fez sua bunda caber aqui. — Triz murmurou sem pensar muito.

John a olhou com um sorrisinho safado.

— Então você andou reparando na minha bunda, é? — Ele riu enquanto notava que ela se encolhia de vergonha.

Eles estavam com as coxas praticamente coladas, aquilo estava deixando ela mais nervosa do que nunca.

— É meio difícil não olhar, pra falar a verdade... — Triz riu sem graça. — Sua bunda é muito maior que a minha.

John deu uma risada alta enquanto encostava o seu ombro no de Triz.

— Você que pensa. — Ele murmurou baixinho.

Triz sentiu suas bochechas esquentarem.

Um silêncio não muito confortável tomou o ambiente. Triz sentia suas mãos suarem, mas ela havia preparado tantas maneiras de dizer aquilo, que ela não aceitou arregar dessa vez.

— Eu queria te agradecer John, de verdade — Ela disse em um bom tom, olhando para frente. — Você me acolheu tanto desde que nos conhecemos, tipo, nos conhecemos há tão pouco tempo e você me trata de uma maneira que nenhum garoto tratou!

Triz arriscou olhar para John e notou que ele a olhava maravilhado, seus olhos alternavam entre a testa e a boca dela.

Ela queria beijá-lo.

Não podia negar isso.

Muitas coisas passaram pela cabeça de Triz enquanto ele ia encurtando a distância entre eles. Ela podia simplesmente curtir o momento, ficar com ele e quem sabe fingir que nada aconteceu no dia seguinte. É isso o que a maioria das garotas fazem, ela seria só mais uma.

Mas Triz não era uma dessas garotas.

Ela não queria beijá-lo e perdê-lo de vista no dia seguinte. Ela nunca iria aceitar ser mais uma.

E isso dóia, porque ela não tinha certeza das intenções dele.

São tantas coisas as quais ela precisa conciliar... sua relação com a família, seus estudos e seu sonho de viver bem longe de todos os problemas e inseguranças que a cercam.

Ela não podia simplesmente se perder por causa de um garoto que podia ter qualquer garota aos seus pés. Ela não podia deixar que isso acontecesse, pois poderia atrapalhar os seus objetivos, os seus estudos e colocar tudo a perder.

Ela tinha tantos medos...

John colocou a mão delicamente em sua bochecha, enquanto aproximava sua boca da de Triz.

Foi quando ela colocou a mão sobre a dele e a tirou do seu rosto.

— John, eu não posso fazer isso... — Ela sussurrou.

John a olhou surpreso, em seus olhos haviam um misto de confusão e decepção por não ter alcançado os seus lábios.

— Eu sinto muito, mas algo assim não está nos meus objetivos agora... eu... eu sinto como se isso pudesse me tirar do foco... — Triz se embaralhou em suas palavras.

O coração dela ficou fraquinho quando notou que os olhos deles ficaram tristinhos.

Ele deu um sorrisinho fraco, tentando ser o mais compreensível o possível com a garota.

— Me desculpa por ter sido invasivo assim, eu sinto muito — Ele murmurou sem jeito, nunca havia levado um fora antes. — Acho que entendi meio errado, mas é que você é tão... tão de tirar o fôlego.

Triz se sentiu lisonjeada com aquele elogio, nenhum garoto havia dito algo como aquilo pra ela antes.

Ela deveria ter pedido pra ir embora, se afastado naquele momento, pois ela sabia lá no fundo que não iria conseguir não se apaixonar por ele.

Mas em vez disso, ela deu o seu melhor sorriso pra disfarçar uma pequena tristeza que crescia dentro de si e colocou a mão sobre a dele.

— Não sei se você vai topar, mas eu vou amar ser sua amiga. — Ela disse e se arrependeu logo em seguida, pois sentiu que suas palavras foram patéticas.

John deu um sorriso meio contrariado, amigos não olhavam uns para os outros como eles se olharam naquela noite.

— Já somos amigos, Bea.

Triz arqueou uma sobrancelha, o olhando surpresa.

— Por que Bea? — Ela perguntou sentindo o seu coração ficar quentinho.

— Seu nome não é Beatriz? — Ele perguntou com um sorriso e olhar leve.

Ele tinha esse dom de deixar as coisas leves, Triz amava tanto isso.

— Não — Ela riu sentindo algo bom crescer em seu peito. — É apenas Triz.

John a olhou com os olhos arregalados, mas sem tirar o sorriso do rosto. Ele jurava que o nome dela era Beatriz, então sentia que havia passado uma grande vergonha.

Triz apertou a mão dele, por algum motivo havia amado tanto o apelido Bea, por mais que seu nome fosse apenas Triz. Seu coração estava tão quentinho e ela nem sabia explicar o motivo.

— Mas pode me chamar de Bea, se quiser — Ela sorriu mostrando todos os dentes e John amava quando ela fazia aquilo. — Bea parece tão bom para mim.

John não sabia como iria conseguir ser apenas amigo daquela garota. Quando ela deu aquele sorriso pra ele, tudo o que ele queria era puxá-la pelo pescoço e lhe dar um bom beijo.

Mas por ora, ele teria que se contentar com a amizade.

— Tá certo então — Ele mordeu os lábios. — Agora você faz oficialmente parte da minha turma, Bea.

Triz riu, lembrando do quanto os Winter Boys eram populares e o quanto ela e suas amigas eram apagadas.

— Só entro nessa se minhas amigas estiverem incluídas.

— Huum, a coreaninha e a doida... — Ele murmurou divertido. — Parece uma boa, podemos até montar uma segunda banda chamada Winter Girls.

Triz gargalhou e negou com a cabeça.

— Não fala assim delas, elas são tudo pra mim. — Ao mesmo tempo que suas palavras eram sérias, ela ria bastante enquanto falava.

Apesar de estar feliz ao lado de Triz naquele momento, John sentia um leve vazio no peito. Ele não queria se contentar apenas com a amizade dela e aquilo o machucou.

Será que ela não o desejava tanto quanto ele a desejava?

Aquilo o deixou pensativo e aflito pelo resto da noite.

1 - FriendsOnde histórias criam vida. Descubra agora