Capitulo 10: Piada mortal

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Luke Harrisson foi arrancado de sua vida e arrastado por horas, seu mundo reduzido a uma escuridão claustrofóbica sob o capuz. O garoto, que morava em um trailer isolado nos confins de Gotham City, não tinha ideia do que estava acontecendo ao seu redor. Seus sonhos e expectativas, desde o término traumático com Hannah no ensino médio até a perda da oportunidade crucial de uma bolsa na Universidade de Gotham, haviam se desintegrado como areia escapando pelos dedos. Agora, sua existência era um ciclo implacável de angústia, raiva e dor, preso em uma rotina de trabalhos árduos que ele herdara de seu pai, um ferreiro local.

Quando o carro finalmente parou, Luke sentiu mãos ásperas e impiedosas arrancá-lo do interior com uma brutalidade enorme. O odor nauseante dos capangas se infiltrou em suas narinas, mesmo sob o aperto do capuz negro que lhe cobria a cabeça. Por um breve instante, ouviu vozes abafadas discutindo e sons estranhos ecoando ao seu redor. Um estampido agudo cortou o ar, reverberando na escuridão sufocante.

Uma porta rangeu ao abrir-se, revelando seu peso metálico ao arrastar no chão. Luke foi arrastado por mais alguns metros antes de sentir o corte do cabo grosso que amarrava suas mãos, sendo então jogado violentamente ao chão. A porta se fechou com estrondo, ecoando pela escuridão novamente. O cheiro de podridão misturado ao ar úmido e ao mofo apertava seu estômago, impulsionando-o a remover imediatamente o capuz que o privava da visão, seguido pela mordaça que sufocava qualquer grito por socorro. A luz na sala era fraca e intermitente, piscando sem parar. As breves lampejadas dificultavam a rápida compreensão do que estava ao seu redor, mas Luke logo notou as paredes descascadas ao seu redor.

Seus batimentos cardíacos acelerados abafavam todos os sons ao seu redor, tornando impossível distinguir qualquer ruído do ambiente. A adrenalina nublava sua percepção, impedindo-o de se concentrar nos detalhes ao seu redor. Em meio à confusão, apenas um pensamento dominava sua mente: "O que estou fazendo aqui?"

— Seus covardes, apareçam! Não vou devolver dinheiro nenhum até que... — ele interrompeu suas palavras ao finalmente tomar consciência do cenário ao seu redor: várias figuras sentadas em cadeiras alinhadas, todas em volta do garoto. Cada uma delas o encarava, exibindo um sorriso grotesco pintado nos lábios, um contraste perturbador com a palidez de seus rostos sem vida. Luke fitava um rosto de cada vez, a cada piscada intermitente da luz, compondo uma cena macabra e perturbadora. No chão, diversas ferramentas de tortura, manchas de sangue, armas e... roupas de bebê?

Luke sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo, subindo pela espinha, quando finalmente ouviu aquela voz sussurrando e balbuciando palavras sem sentido. O homem estava sentado de costas, desleixadamente jogado. Sua camisa social, outrora provavelmente branca, agora estava amarelada pelo tempo, com manchas por toda parte. A aparência decadente era completada por um colete preto e roxo, visivelmente rasgado e amassado, como se tivesse sido arrancado de um confronto anterior.

Sobre os trapos do colete, manchas de diversas origens conferiam uma aura caótica ao seu aspecto desgrenhado. Cada fio solto e cada retalho de pano pareciam testemunhar a loucura que emanava dele: o Coringa. Seu sorriso, pintado de um vermelho vibrante, contrastava com a palidez de seu rosto, que abrigava olhos famintos por insanidade. Empunhando uma pistola em uma mão e uma mamadeira na outra, o palhaço continuava a balbuciar coisas sem sentido:

— Vocês não podem... O bebê vai nascer em três meses... Ela está doente e precisa... precisa de mim.

Luke vivenciava uma cena tão macabra que desafiava qualquer explicação racional, deixando-o com a angustiante sensação de estar preso em um pesadelo vivo. Cada canto do ambiente lançava sobre ele imagens insanas que bombardeavam sua mente. Sua vida já havia sido difícil, mas aquilo? Aquilo era demais. Gotas de suor começaram a escorrer por seu rosto enquanto seus pés lentamente recuavam. O que ele não esperava era tropeçar em um pé de cabra, largado no chão, bem atrás dele. 

Beyond Heroes 4: HavocOnde histórias criam vida. Descubra agora