Capítulo 22: Traição

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Avie Cossette D'Elise, a Princesa de Zechin, estava absorta em pensamentos enquanto caminhava pelos corredores da Torre de Vigilância. Ela havia passado os últimos minutos tentando entrar em contato com Danny, mas sem sucesso. Suas tentativas frustradas de comunicação só aumentavam a sensação de isolamento que a envolvia.

—  Provavelmente já está na Terra, seguro com a família. —  pensou, tentando justificar o silêncio dele. Aquele silêncio não era comum, especialmente em meio à confusão crescente dentro da Liga da Justiça.

Avie sempre foi alguém que, apesar de sua posição, raramente confiava facilmente nas pessoas. Era um instinto cultivado desde sua infância, muito antes de se tornar a figura que hoje representava o futuro de Zechin. Nascida em uma família plebeia antes da restauração da monarquia, ela sabia o que era ser subestimada. Depois que seu pai subiu ao trono, Zechin nunca mais a tratou da mesma forma. E, especialmente após o trágico acidente em que tocou um Exobyte e viu sua vida mudar para sempre, sentia que estava sempre provando algo a si mesma. Desde então, nunca mais retornou a Zechin, o que a deixava constantemente em conflito.

Agora, o foco da confusão não estava em seus conflitos internos, mas em Zenith. A caçada a ele estava em andamento, uma situação que parecia impossível para ela processar. 

— Como ele poderia ser uma ameaça? — pensava. 

Durante todo o tempo que lutaram lado a lado, mesmo com a postura reservada de Kyle, ela nunca havia suspeitado dele. Certo, ele sempre guardou segredos. Mas quem não guardava? Ela também não era um livro aberto. Havia coisas sobre seu passado em Zechin que ela mal compartilhava com seus aliados. Mas isso não fazia de Kyle uma ameaça. Não o tornava... um traidor.

Pensando em obter respostas, Avie foi ao dormitório de Kyle, encontrando tudo revirado e destruído. Ao vasculhar os destroços, encontrou uma caixa, uma das poucas coisas que ela sabia ser importante para ele. Ele havia mencionado uma vez que guardava memórias preciosas ali. Ao encontrar o objeto, ela se permitiu um momento de introspecção, tentando entender o que realmente estava acontecendo. 

— Quem era Kyle de verdade? — se perguntou, relembrando os momentos que compartilharam.

Antes de mergulhar ainda mais em suas reflexões, um aviso ecoou pelos corredores, convocando todos para a asa central da Torre. Guardando a caixa em seu próprio dormitório, Avie partiu imediatamente para o local, ciente de que algo muito maior estava em jogo.

A tensão na asa central era palpável. Vários heróis, metahumanos e soldados estavam reunidos, trocando olhares incertos. No centro, Ciborgue, agora oficialmente à frente das operações da Liga, aguardava pacientemente, sua expressão séria.

— Como vocês sabem, estamos em um momento de perda e reconstrução — começou ele, sem rodeios. — A Liga da Justiça está passando por um período que jamais imaginamos enfrentar. Nossos principais líderes estão fora, e agora, eu assumo a responsabilidade de guiar essa equipe através dessa tempestade. Mas há algo mais... algo que precisamos enfrentar juntos.

Avie prendeu a respiração, sentindo o peso daquelas palavras.

— Fomos traídos por alguém que considerávamos um de nós. — A voz de Ciborgue quebrou, e ele apertou as mãos ao redor da mesa de controle à sua frente. — Kyle Reyes Vengeance, o Zenith,  escapou da Torre de Vigilância há algumas horas. A prioridade agora é rastrear qualquer rastro de sua localização. Precisamos vasculhar imagens de câmeras, menções online, até mesmo no X. Precisamos encontrar qualquer pista.

O choque percorreu o salão, e murmúrios se espalharam entre os presentes. Avie sentiu o ar ser arrancado de seus pulmões. Aquele era o mesmo Kyle com quem lutara, com quem dividira seus dias de treinamento e incertezas. Nada disso parecia real. Estava confusa, e parecia que todos ali compartilhavam dessa mesma incerteza. Zenith? Um traidor?

Beyond Heroes 4: HavocOnde histórias criam vida. Descubra agora