MARIA

Livin' On a Prayer - Bon Jovi

Estou fazendo café na copa do jeito que o Wes gosta, bem forte. Toda vez que venho fazer café pra ele tenho a tentação de cuspir dentro do copo, mas nunca faço isso, eu não sou assim.

Coloco em um copo da Starbucks pra ele fingir que comprou lá quando na verdade todo mundo sabe que ele me faz encher esse copo todos os dias, mas não consigo evitar revirar meus olhos toda vez que entrego o copo para ele, e ele faz um gesto com a mão para me dispensar como se estivesse espantando um mosquito.

— Ficou muito forte, preste atenção na próxima vez. — diz ele antes que eu saia pela porta.

Eu estava indo em direção a minha mesa, mas paro no caminho para falar com Kate, ela é a recepcionista mais antiga aqui e sabe tudo sobre todos, todo mundo gosta dela porque ela é gentil com quem tem que ser gentil e dura quando tem que ser dura.

— Mabi. — diz ela — Do que ele reclamou dessa vez?

— Ele disse que o café estava muito forte e ele mesmo me ensinou quantas colheres ele gostava. — respondo me debruçando um pouco sob o balcão.

— Esse deve ter algum problema, nunca conheci ninguém tão insuportável. Ás vezes — ela se aproxima abaixando um pouco a tom de voz — Ele pensa que é meu chefe, eu já vou colocar ele no lugar dele e não vou demorar, Mabi.

— Alguém tem que fazer isso, e a melhor pessoa seria você. — respondo sorrindo.

— Mocinha, o sr. Campbell quer ver você na sala dele.

— O quê? Quando? Por quê?

— Agora.

— Ele não costuma vez meros estagiários, não é?

— Não, mas não se preocupe ele não ia querer ver você pra te demitir.

— Agora estou super tranquila. — digo irônica e dou a volta e entro no elevador.

Consigo sentir minhas mãos começarem a suar e meu coração ficar disparado com a ansiedade, estou aqui há quase um ano e só vi o sr. Campbell algumas vezes andando pelos corredores.

Anuncio para a secretaria dele que cheguei e não demora muito para ele me receber, entro em seu escritório todo de madeira e com uma prateleira enorme atrás repleta de livros de cima a baixo sem nem um espaço vazio e meu queixo cai no chão.

— Senhor Campbell, olá. — digo nervosa.

— Olá, Mabi. — ele diz com um sorriso — Por favor, sente-se. — aponta para a cadeira, e eu me sento e ele se senta também.

Sua mesa larga de mogno é muito bonita, tem uma plaquinha com o nome dele, como alguém tivesse dúvida de quem ele é, tem alguns porta-retratos que não consigo ver as fotos, um computador muito moderno, a mesa super organizada, bem diferente da minha, e tem uma caneta dentro de uma caixa de vidro.

— Está terminando o seu primeiro ano de mestrado, certo? — pergunta ele.

— Isso mesmo. — respondo engolindo em seco.

— Eu tenho uma proposta para você. Sei que seu contrato de estágio é de dois anos, mas eu quero contratar você como editora junior. Com o seu desempenho nos estudos sei que seria fácil ganhar uma bolsa de doutorado aqui ou fora do país e acredito que esse seja seu objetivo, então vamos fazer o seguinte — ele coloca os cotovelos na mesa e gesticula com as mãos — Depois que terminar seu mestrado e o outro curso que está fazendo, vamos te dar uma bolsa de doutorado, assim você pode continuar trabalhando aqui, porque se ganhar uma bolsa você não pode trabalhar, mas se nós pagarmos você poderá estudar e trabalhar aqui depois.