Paradise - Coldplay

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Respiro fundo e fecho meus olhos, era para estar super nervosa, tem gente que passa até mal, mas eu estou sorrindo. Vou apresentar/defender a minha tese para a banca do doutorado hoje.

Honestamente sinto vontade de chorar, de alegria, claro, por finalmente ter terminado. Não tenho medo de não conseguir a aprovação, eu estou feliz, por realizar um sonho, alcançado um objetivo, quantas pessoas com quem eu me formei na escola tiveram essa oportunidade?

Me lembro bem de como era aquela vida, o ensino médio te prepara para ser um ninguém, só mais um número substituível no mercado de trabalho, eu nunca quis ser como eles, fiquei um pouco atrasada no quesito vida social, mas valeu a pena para hoje estar aqui.

Eu sei o que eu vou dizer, estou pronta, escrevi tudo o que eu podia, eu trabalhei muito por isso, tenho completo domínio no assunto e nas suas variações, para responder e refutar quaisquer argumentos.

— Maria Isabela Miller. — chamam.

Eu entro. Duas horas depois. Aprovada.

Caio de joelhos no chão, chorando muito. A única coisa passando na minha mente "foi por vocês", penso em meus avós. Um filme passando na minha cabeça do sorriso doce da minha avó quando eu mostrava alguma lição corrigida com tudo certo, meu avô sentado na mesa comigo coçando a cabeça tentando me ajudar com o dever de casa. A banca está batendo palmas felizes, e eu olho para cima, para o céu, torcendo para que eles estejam orgulhosos de mim.

Dylan me leva para jantar no restaurante mais chique que já pisei na minha vida para comemorar.

— Tem certeza que não quer champanhe? Pra comemorar? — pergunta ele — Com certeza essa conquista merece champanhe.

— Acredito que vai chegar o dia onde eu não aguente, ou melhor não suporte mais drama e eu vou começar a beber, mas este dia não será hoje. — brinco.

— Parabéns, Maria, estou orgulhoso de você, doutora. — ele se aproxima e me dá um beijo na têmpora.

Na manhã seguinte, vou para o trabalho e vejo de longe minha mesa cheia de balões e doces com frases de parabéns e um buquê de flores também.

— Parabéns, Maria, sempre acreditamos em você. — me abraça Whitney.

— Obrigada. — respondo.

Recebo mais alguns abraços de Sophie e Emma, que acredito que seja sincero e de outros só por fazer mesmo, alguns ainda não gostam de mim, mas não ligo, estou muito feliz e realizada.

Claro que passou pela minha cabeça que eles não reprovariam a garota que denunciou um professor pervertido, que eu consegui a aprovação por mérito, dispenso esse pensamento e me permito aproveitar.

Max e Caleb me ligaram de chamada de vídeo felizes por minha conquista e eles disseram que estão ansiosos para podermos sairmos juntos de novo e que estão com saudades e orgulhosos de mim.

Cada vez que ouço alguém dizer que sente orgulho de mim meu coração fica quentinho, mas ainda sinto a falta de alguma coisa, deles.

Ainda faltam apenas dois meses para o término do meu contrato aqui, o sr. James me permitiu ir embora antes, mas ainda tenho trabalho para entregar, gostaria de passar o natal e o ano novo aqui e depois vou voltar para casa.

Dylan e eu aproveitamos para passar cada minuto que podemos juntos e está ficando cada vez mais difícil dizer adeus a ele.

No trabalho vou até a sala da Whitney e deixo um manuscrito em cima da mesa dela, ela me olha com seus olhos grandes e castanhos e toma um gole do seu café.

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