Have You Ever Seen The Rain? - Creedence Clearwater Revival

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Dois anos depois que me tornei editora-chefe, sim, eu me tornei arrogante, melhor que todo mundo, claro sou justa no trabalho e sempre profissional, mas se antes as pessoas achavam que tinham motivos para me odiar, agora elas tem muito mais.

Agora que tenho muito mais dinheiro do que posso gastar e do que já imaginei ter na minha vida, me mudei de novo para um apartamento em um baixo de luxo, carro de luxo e troquei meu guarda-roupa para todo tipo de roupa de grife que você imaginar, celulares, computadores, tablets tudo de última geração, é incrível a sensação de não ter que se preocupar com o preços das coisas, embora eu não use muito também compreis joias, joias de verdade, nada de bijuterias!

Comecei a curtir um pouco como diziam para eu fazer, mas não indo a festas, nada disso, só gastando meu dinheiro suado. Preenchendo minha mente de coisas que eu não preciso, eu tinha que preencher o vazio de não estar mais estudando de alguma forma e foi essa que eu achei. Mas no fim da noite nada disso adianta, não compensa o fato de eu estar sozinha.

No trabalho, sou quase como a Miranda, de O diabo veste Prada, a sala fica em silêncio quando estou nela, todos respeitam a minha opinião, deixam tudo pronto quando eu chego, tenho até puxa-sacos, mas este trabalho não me faz mais feliz, eu não estou feliz.

São tantas responsabilidades, sinto dor de cabeça todos os dias, saio tarde, não tenho tempo como achei que teria e claro que desisti da faculdade de direito. Tomo a decisão de sair, deixo o cargo de editora-chefe depois de um dia inteiro de conversa com meu antigo chefe em sua enorme mansão.

— Se está perguntando se eu ficaria decepcionado se você saísse a resposta é não. — diz Otto Campbell sorrindo vestido todo de branco — Mas sugiro que indique Charles Smith para o cargo.

Eu já estava pensando nele, ele trabalha na editora a anos, é dedicado, justo, gosto do trabalho dele e acho que ele vai durar mais do que eu. Então é o que eu faço, indico ele para o cargo e todos ficamos felizes, Katy que tem sido minha companheira desde o estágio acabou se aposentando também.

Estou em casa, sem fazer absolutamente nada, não trabalho e nem estudo, não tenho nenhum propósito de vida, nada. Quando meu celular começa a vibrar sem parar e eu o procuro em todo canto até que acho enfiado no sofá.

— Alô?

Oi, Mabi. — diz e reconheço aquela voz imediatamente.

— Theo. — respondo baixinho.

E aí, doutora, como vai?

— Eu estou bem, eu não estou estudando mais e também não trabalho. Sou desempregada. — digo e ouço sua risada do outro lado. — E quanto a você, doutor?

Eu não sou doutor como você. — diz ele.

— Então o que foi?

Mabi — ele faz uma pausa — A minha mãe, ela faleceu, eu queria te chamar para o enterro vai ser daqui dois dias.

— Theo, eu sinto muito mesmo, eu amava a sua mãe. — um nó se forma na minha garganta e meu peito dói.

Obrigado, ela te amava também. Obrigado por manter contato com ela todos esses anos, ela sempre teve orgulho de você.

— Obrigada, Theo. — digo já com a voz trêmula e chorosa — Eu lamento muito mesmo mas...

Você não vem. — termina ele — Eu imaginei. — ouço um sorriso triste.

— Desculpe.

Não se desculpe, está tudo bem. Maria... — ele começa a dizer mas para e ouço respirar fundo queria estar lá para abraço. — Bom, se cuida e se por acaso um dia decidir vir para pra, venha nos visitar.

MARIA Onde histórias criam vida. Descubra agora