Capítulo 8

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P.O.V JISUNG

Eu ando por dois minutos em silêncio sem falar nada, e Minho também não diz uma palavra, mas sinto seus olhos me vigiando por trás, e engulo em seco. Até mesmo seu olhar me faz mudar.

─ Preciso dizer, você é um péssimo guia turístico, Jisung. ─ Minho diz, e eu paro e olho para ele com cara de bravo.

─ Deve ser porque eu não sou um. ─ respondo e continuo andando.

─ Graças a Deus, se não ninguém mais iria viajar.

─ Por que é que você não cala a boca? ─ Reviro os olhos.

─ Por que é que você está tão bravo? ─ Ele pergunta rindo de mim.

─ Não é óbvio? ─ Eu vou até ele. ─ Você está sendo cruel, Lee Minho. Comigo e com o Hyunjin. Isso não se faz, é errado, você pode magoar alguém se continuar fazendo isso.

─ Então você não quer que eu me relacione com o Hyunjin?

─ Não. ─  respondo rápido de braços cruzados.

─ Por que está com ciúmes? ─ Ele levanta uma sobrancelha e me encara me olhando de lado.

─ O quê? Quem disse que eu estou com ciúmes? Por que você acha que eu estou com ciúmes? Tudo o que eu quero é distância de você.

─ Então porque está aqui?

─ Talvez seja por que eu fui obrigado a fazer esse ridículo tour pra você? ─ Pergunto irônico.

─ Vamos lá, Sung, você sabe que se você nunca me mostrasse a escola eles nunca iriam descobrir, até porque não é uma regra.

─ Eu não gosto de você, Lee. ─ repito pela milésima vez. Ele suspira e ri de mim.

─ Seu comportamento diz outra coisa. ─ ele começa a se aproximar de mim, lentamente. ─ Na festa você mostrou outra coisa.

─ Eu estava bêbado. ─ justifico. ─ E triste.

─ E mesmo assim você me beijou.

─Por que você está fazendo isso? Por que está fazendo todos esses jogos psicológicos comigo?

─ Jogos psicológicos? ─ Ele sorri mostrando seu peculiar sorriso quadrado ─ Por que eu quero me divertir um pouco com você, Jisung. Eu vejo como você olha para mim.

Quando menos percebo estou encostado nos armários com Minho me olhando de cima, me comendo com os olhos.

─ Eu não olho para você, nunca olhei, eu só te conheço a três dias.

─ Tem certeza? ─ Ele pergunta.

─ Como assim tem certeza?

─Você não lembra de mim, Sung? Eu realmente esperava mais. ─ ele passa o dedo pelo meu rosto, e eu respiro fundo tentando me controlar.

─ Do que você está falando?

─ Eu me lembro de você, de todos os detalhes. ─ ele sussurra em meu ouvido. Busco em minha mente de onde conheço Minho, mas não consigo me lembrar de jeito nenhum. Ele de repente começa a rir, a rir tanto que olho para os lados procurando o motivo da piada.

─ Nossa. ─ ele se esforça para conseguir falar a frase toda. ─ Você viu? Como é divertido? ─ O quê? Eu sou a piada? Ele realmente tratou isso tudo como uma piada? Eu o empurro e saio de perto dele.

─ Seu idiota. ─ grito de longe. Minho vem atrás de mim e segura na minha mão.

─ Espera aí, eu estava só brincando. ─ ele diz tentando se redimir.

─ Vá se ferrar, Lee Minho, isso não foi nada engraçado.

─ Foi um pouco sim. ─ ele ri.

─ Fica longe de mim, Minho, eu não quero ver você nunca mais. ─ digo andando o mais rápido que consigo para me afastar dele.

─ Não vai ser muito difícil. ─ ele diz e começa a acender o seu cigarro. Eu já entendi como ele é. Com as pessoas ele é super gentil e engraçado, seu olhar faz todas se apaixonarem por ele, e com os indesejados, ele é frio, ninguém se aproxima dele, ninguém mexe com a pessoa com quem ele está ficando. Mas não entendo porque ele é um babaca tão grande comigo. Ele realmente acha que eu sou o brinquedo dele, mas a partir de agora, as coisas não vão ser mais assim. Eu nem o conheço, já conversei mais com meu cachorro do que com ele. E preferiria conversar com meu cachorro pelo resto da vida do que com ele, não sei como Hyunjin consegue o suportar.

Eu vou para a minha turma e assisto o resto da aula, que não demora muito, já que eu tinha faltado mais da metade dela, então quando ela acaba, eu vou atrás de Changbin para tentar conversar e fazer as pazes. Vou até o armário dele e felizmente o acho, mas ele está tão bravo que fico receoso em chegar perto.

─ Binnie? ─ O chamo ficando de frente para ele. ─ Você está bem? ─ Ele fecha o armário o batendo contra a parede e começa a andar, me ignorando completamente. ─ Bin, olha para mim, eu não fiz nada de errado. ─ Changbin então se vira para mim bruscamente, e por um momento penso que ele iria me bater, mas ele se controla e abaixa a voz.

─ Não fez, Jisung? Não? ─ Ele praticamente sussurra para os outros não escutarem, porque coisas assim se espalham fácil pela escola. Um arrepio passa pela minha espinha, será que ele se lembra da festa? Será que ele se lembra que eu traí ele?

─ Você praticamente me expulsou da sua casa, e nem me procurou depois para dizer qual foi o problema.

─ Mas não teve como, Bin, seus amigos estavam todos no carro com a gente. ─ explico, aliviado por ele não se lembrar de nada.

─ Você poderia ter falado comigo em qualquer hora, me ligado se quisesse, ter falado comigo na volta, ou ter falado comigo quando chegamos na festa, mas você foi direto falar com o Hyunjin, me ignorou completamente como se eu fosse o problema. ─ ele fala alto, e algumas pessoas escutam. Minho coloca a mão na cabeça cobrindo os olhos. Me sinto horrível agora, horrível por tudo que aconteceu nesses últimos dias.

─ Eu não sabia, me desculpa, eu achei que você não queria falar comigo. ─ eu o abraço forte e enterro minha cabeça em seu peito.

─ Nós somos namorados, Sung, se nós não falarmos, quem vai falar por nós?

─ Você está certo, me desculpa. ─ Dou um selinho nele e continuo o abraçando. Me lembro novamente do que aconteceu nesses últimos dias. Bin foi tão injustiçado, ele é uma pessoa maravilhosa, e eu o traí sem pensar duas vezes. Mas não posso contar o que aconteceu, não posso perdê-lo, ele não merece isso, eu nunca faria isso com ele. Eu o amo.

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