Love Blind

Capítulo 16

Camila Cabello | Point Of View

Sentada na areia, sinto a textura fina sob minhas mãos enquanto olho para o horizonte. Lauren, com sua presença calorosa, está atrás de mim, seus braços envolvendo minha cintura num abraço que me passa segurança e carinho. A praia, estranhamente deserta para um feriado, é palco do nosso momento de quietude. O outono de outubro trouxe consigo um sopro frio, prenúncio do inverno que está por vir, afastando qualquer visitante que poderia estar por aqui. O sol, em sua despedida diária, pinta o céu com tons de laranja, rosa e roxo, uma tela viva que se modifica a cada segundo.

— Me descreve o que você está vendo, Camz? - Lauren, com sua voz suave que sempre parece dançar com o vento, pede.

— O sol está se pondo, amor. Ele está beijando o mar no horizonte, e o céu... o céu está incrível. É como se um pintor tivesse escolhido as cores mais quentes da sua paleta para dar adeus ao dia. Há tons de laranja, rosa e um pouco de roxo também. E o mar reflete todas essas cores, criando uma espécie de caminho brilhante que parece levar direto ao coração do pôr do sol. - Eu respiro fundo, tentando capturar a essência do momento.

Sinto Lauren apertar um pouco mais a sua mão em minha cintura, um gesto de apreciação pela minha tentativa de pintar o cenário com palavras.

— E as ondas? - Ela pergunta, curiosa.

— As ondas estão calmas hoje. Elas beijam a areia suavemente, como se não quisessem perturbar a paz desse lugar. E o Leo… - Contínuo, sorrindo ao mencionar o Golden se divertindo a poucos metros. — Ele está correndo pela beira do mar, indo e vindo com a energia de sempre. Parece que ele está tentando capturar a espuma das ondas com suas patas.

— Eu posso imaginar. Ele sempre foi apaixonado pelo mar, assim como eu. - Lauren ri, um som que mistura alegria e uma pitada de inveja boa.

O momento se estende, um retrato perfeito de paz e cumplicidade. A praia vazia, o céu colorido pelo pôr do sol, o som suave das ondas e a presença um do outro, tudo contribui para uma sensação de plenitude. Lauren, apesar de não poder ver a beleza que nos rodeia, sente-a de uma maneira que sempre me surpreende. Ela percebe a essência das coisas, captura a beleza do mundo de uma forma que vai além da visão.

E, enquanto o dia dá lugar à noite e o espetáculo de cores no céu começa a desvanecer, permanecemos ali, agradecidas por esse momento de tranquilidade, pela companhia uma da outra e pela beleza que nos rodeia, visível ou não.

A cozinha estava repleta do aroma tentador da massa à bolonhesa que eu havia preparado com tanto cuidado. Enquanto colocava a travessa no forno, coberta com uma generosa camada de queijo que logo se tornaria dourado e borbulhante, um som suave e envolvente começou a preencher a casa. Configurei o timer do forno, peguei minha taça de vinho tinto e me dirigi para a sala, guiada pela música.

Lá estava Lauren, sentada ao piano, dedilhando as teclas com uma graça e uma sensibilidade que sempre me deixavam sem palavras. A música que fluía de seus dedos era diferente de tudo o que eu já havia ouvido, uma melodia inédita que parecia tocar diretamente a alma. Lauren, com sua visão do mundo tão única, não enxergava o piano, mas sentia a música de uma maneira tão profunda que permitia que ela fluisse naturalmente, tocando cada tecla não só com precisão, mas com amor.

A música era uma narrativa, uma história de amor contada em notas e acordes. Cada progressão, cada pausa, trazia consigo uma emoção nova, tocando em áreas do meu coração que eu nem sabia que existiam. Fiquei parada no batente da porta, completamente cativada pela beleza daquela expressão artística.

Quando a música chegou ao fim, um silêncio carregado de emoção se instalou. Me aproximei de Lauren por trás, abraçando-a com todo o meu amor e depositando um beijo suave na sua nuca, afastando cuidadosamente os longos fios de cabelo negro para sentir sua pele sob meus lábios.