Love Blind

Capítulo 18

Camila Cabello | Point Of View

A manhã amanheceu de um jeito diferente hoje. A luz que entrava pela janela do meu apartamento parecia ter um brilho especial, quase como se anunciasse um rito de passagem. O motivo? Hoje não seria um dia qualquer. Estava me arrumando para passar o dia no apartamento de Lauren, onde sua família, que tinha chegado para passar o final de semana, me esperava.

Conheci a família Jauregui há pouco tempo, mas eles logo me conquistaram com sua calorosa hospitalidade e laços fortes. Porém, este sentimento de apreço mútuo estava permeado por uma camada de nervosismo hoje. A razão era simples, mas profundamente significativa: pela primeira vez, estaria com eles não apenas como uma amiga de Lauren, mas como sua namorada.

Enquanto me olhava no espelho, ajustando o vestido que escolhi cuidadosamente para a ocasião, não pude evitar um sorriso ansioso. "Isso é realmente importante", pensei comigo mesma, "é como se estivesse sendo reintroduzida a eles, sob uma nova luz." Cada detalhe parecia importar mais do que o usual a roupa, o cabelo, até o perfume que escolhi.

Sentei-me na beira da cama, tomando um momento para respirar fundo e acalmar o turbilhão de emoções que sentia. Eu queria que tudo fosse perfeito, queria que a família de Lauren me visse como alguém digna de estar ao lado dela.

— Camila, você está se preocupando demais. - Murmurei para mim mesma, tentando trazer alguma racionalidade aos meus pensamentos.

Lauren já havia me dito inúmeras vezes o quanto sua família gostava de mim, mas o peso da ocasião fazia com que todas essas afirmações anteriores parecessem distantes.

Levantei-me, terminei de me arrumar e peguei minha bolsa. Antes de sair, dei uma última olhada no espelho, tentando transmitir confiança para a reflexão que me encarava de volta.

— Você pode fazer isso. - Encorajei-me.

O asfalto passava rapidamente sob as rodas do meu carro, enquanto a suave melodia de uma música pop ecoava pelo interior, tentando em vão acalmar a tempestade de nervosismo que tomava conta de mim. Estava a caminho do hotel Jauregui, um lugar que se tornou quase uma segunda casa desde que Lauren e eu começamos a namorar. Hoje, no entanto, as coisas eram diferentes. Eu estava prestes a ser apresentada oficialmente como a namorada de Lauren, um passo que, embora preenchido de amor e certeza, carregava consigo um peso de expectativas e ansiedades.

Conduzindo, meus pensamentos inevitavelmente derivaram para o último mês, para a jornada surreal e incrivelmente especial que havia sido namorar Lauren. Ela tinha esse dom inato de tornar cada momento, cada experiência, ainda mais significativa, enchendo os dias comuns de uma magia que eu nunca soube que existia. Cada sorriso, cada toque, cada palavra compartilhada parecia tecer uma tapeçaria mais rica e colorida da nossa história juntas. E eu estava imensamente grata por cada pedaço dessa tapeçaria.

Mas, apesar da beleza e profundidade do nosso relacionamento, havia momentos que nos lembravam dolorosamente das realidades menos agradáveis do mundo ao nosso redor. Eu estava preparada, até certo ponto, para enfrentar o preconceito decorrente de sermos um casal de mulheres, uma injustiça por si só desoladora, mas algo que infelizmente ainda faz parte da sociedade. O que me pegou de surpresa, no entanto, foi a natureza de algumas das reações que recebemos – não por sermos duas mulheres em amor, mas por Lauren ser cega.

Era desconcertante, para dizer o mínimo, perceber como algumas pessoas podiam ser estreitas de mente, como podiam ver a deficiência visual de Lauren não apenas como uma diferença, mas como uma barreira para o amor e a felicidade. Cada olhar preconceituoso, cada atitude ignorante não apenas subestimava Lauren, mas também desafiava a própria essência do que significava amar e ser amado. Sentia uma mistura de tristeza e raiva ao testemunhar essas demonstrações de ignorância. Lauren era a pessoa mais incrível que eu já conheci – sua falta de visão não diminuía seu brilho, sua capacidade de amar profundamente, de viver plenamente.