Capítulo 33

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Lauren Jauregui | Point Of View

Acordei sentindo um leve incômodo do lado esquerdo da minha cabeça, bem onde fizeram a cirurgia. Era uma sensação estranha, uma mistura de pressão e latejamento, mas não era insuportável. Abri os olhos lentamente, piscando algumas vezes para me acostumar com a luminosidade do quarto. Foram tantos anos no escuro, sem enxergar absolutamente nada, que mesmo agora, com a visão ainda embaçada e sem nitidez, precisava me readaptar.

Meus olhos piscavam lentamente, meus cílios roçando suavemente contra minhas bochechas enquanto eu tentava processar tudo ao meu redor. A sensação de ver novamente era estranha, como se eu estivesse despertando de um longo pesadelo. A névoa que cobria minha visão tornava tudo embaçado, mas eu podia distinguir silhuetas e formas vagas ao meu redor.

Dois dias. Fazem apenas dois dias desde que passei pela cirurgia que reconstruiu a veia em meu cérebro, aquela veia que impedia minha visão. Dois dias desde que o doutor Donavan e sua equipe realizaram o que parecia impossível. Ainda era difícil acreditar. Tudo estava um pouco fora de foco, as formas e cores ao meu redor eram indistintas, como se visse através de um vidro molhado. Mas era mais do que eu havia visto em anos, e cada detalhe, mesmo turvo, era um presente inestimável.

Não sabia quais palavras usar ou como expressar minha gratidão ao doutor Donavan e a toda a equipe médica envolvida. Voltar a enxergar era um milagre acontecendo na minha vida. Pensar em tudo o que passei, em todos os momentos de desespero e frustração, fazia esse momento ainda mais especial. Era como se uma nova página estivesse sendo virada, um novo capítulo começando.

Enquanto tentava focar meu olhar no quarto ao meu redor, senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Não eram lágrimas de tristeza, mas de profunda gratidão e alegria. A cada piscar de olhos, uma nova esperança nascia dentro de mim.

Eu não poderia estar mais agradecida por essa oportunidade, por essa segunda chance de ver o mundo. A vida estava se revelando diante de mim, pouco a pouco, e eu estava pronta para acolher cada momento, cada imagem, cada cor. Era um novo começo, e eu estava determinada a aproveitar cada instante dessa dádiva.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto enquanto eu tentava absorver a enormidade do que estava acontecendo. Em breve, minha visão estaria totalmente recuperada e, finalmente, eu poderia ver Camila com meus próprios olhos. A ideia de ver o amor da minha vida pela primeira vez era avassaladora. Meu coração acelerava só de imaginar o momento em que nossos olhares se encontrariam.

Ouvi a porta se abrindo com cuidado e logo passos apressados se aproximaram da minha cama. A voz de Camila, cheia de preocupação, preencheu o quarto.

— Laur, amor, você está bem? Está sentindo alguma dor? O que aconteceu?

Virei a cabeça na direção dela com calma, tentando focar meus olhos.

— Camz, está tudo bem. - Eu disse, tentando acalmá-la. — Essas lágrimas são de emoção, não de dor.

— Eu estava tão preocupada. Ver você chorando assim... me assustou. - Camila suspirou aliviada e se aproximou mais, segurando minha mão com delicadeza.

— Eu sei. - Respondi suavemente, apertando sua mão. — É que... pensar que em breve eu vou poder te ver, olhar nos seus olhos... É uma emoção tão grande que não consigo conter as lágrimas.

Camila sorriu, e mesmo que eu não pudesse ver claramente, senti o calor e o amor em seu gesto. Ela se inclinou e me deu um beijo na testa.

— Eu também estou ansiosa por esse momento. Vai ser mágico.

Ficamos ali, em silêncio, apenas aproveitando a presença uma da outra. Eu senti o carinho em cada toque, em cada palavra. Camila sempre foi meu apoio, minha força, e agora, mais do que nunca, eu sentia isso intensamente.

Love BlindOnde histórias criam vida. Descubra agora