Love Blind

Capítulo 26

Camila Cabello | Point Of View

Sentada no closet espaçoso de Lauren, eu observava, através do espelho, minha mãe delicadamente penteando meu cabelo. Cada passagem da escova era suave, quase terapêutica, contrastando vividamente com a turbulência dos últimos dias. Eu tinha recebido alta do hospital há apenas dois dias, e, apesar do convite dos meus pais para me recuperar em sua casa em Princeton, eu escolhi ficar no apartamento de Lauren em Nova York. Era onde meu coração me pedia para estar.

Minha mãe e eu nunca tivemos uma relação complicada, mas tudo mudou quando se tratava da minha orientação sexual e do meu relacionamento com Lauren. Durante eses meses, senti uma barreira fria de desaprovação vinda dela e do meu pai. No entanto, após o incidente e a hospitalização, algo parecia ter mudado. Eles estavam tentando, realmente tentando, aceitar quem eu era e a pessoa com quem eu escolhi compartilhar minha vida.

— Você está confortável, querida? - Minha mãe perguntou, interrompendo meus pensamentos. Sua voz carregava um calor novo, ou talvez um que eu não percebia há muito tempo.

— Sim, mama, estou bem. - Respondi, oferecendo-lhe um sorriso pelo espelho. — Obrigada por fazer isso. Eu... eu aprecio muito.

— Eu estou feliz por estar aqui com você, Camila. Eu sei que não está fácil entre nós... com todas as novidades. Mas eu quero que saiba que seu pai e eu estamos aqui por você. Nós amamos você. - Ela sorriu de volta, seus olhos encontrando os meus no reflexo.

Essas palavras, tão simples e ao mesmo tempo tão carregadas de significado, aqueceram um canto do meu coração que estivera frio por muito tempo.

— Eu sei, mama. Isso significa muito para mim. E... Lauren significa muito para mim também.

Minha mãe pausou por um momento, a escova em sua mão hesitando no ar. Então, ela continuou, mais deliberadamente do que antes.

— Nós vemos isso, querida. E estamos aprendendo mais sobre ela também. Lauren é uma mulher maravilhosa. - Ouvir minha mãe falar o nome de Lauren com respeito e carinho era um bálsamo para minhas antigas feridas.

— Ela é, mãe. Ela realmente é.

— Ela te faz feliz, não é? - Ela perguntou, seu tom agora curioso, aberto.

— Muito. - Confirmei sem hesitar. — Ela me faz incrivelmente feliz.

Minha mãe terminou de pentear meu cabelo e colocou a escova sobre a mesa. Então, ela se inclinou e me deu um beijo suave na testa.

— Então isso é tudo que importa, Camila. Que você seja feliz.

Naquele momento, sentada no closet que compartilhava com a mulher que eu amava, senti um sentido de paz. A jornada para chegar até aqui havia sido cheia de obstáculos, mas naquele instante, tudo parecia estar se encaixando.

O apoio dos meus pais, a presença constante e amorosa de Lauren, e a promessa de novos começos se entrelaçavam, prometendo dias mais brilhantes à frente. Enquanto minha mãe saía do closet, deixando-me sozinha com meus pensamentos, eu sabia que, não importava o que o futuro reservasse, nós enfrentaríamos juntas, como uma família, finalmente completa.

Com meu braço e ombro engessados, levantar da cadeira no closet exigia um esforço considerável. Sentia o peso do gesso puxando contra os músculos e tendões ainda doloridos, e cada movimento enviava uma lembrança aguda da minha vulnerabilidade física recente. A tipoia ajudava, mas o gesso ainda pesava, limitando minhas ações mais simples e diárias.

Léo, me seguiu atentamente enquanto eu caminhava com cuidado pelo quarto. Lauren havia deixado Léo aos meus cuidados, um gesto que significava muito para mim. Ele era mais do que apenas um cão guia; era um elo de conexão entre Lauren e eu, uma presença reconfortante e familiar que me lembrava dela a cada momento.