Capítulo 27

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Lauren Jauregui | Point Of View

A sala de espera do hospital estava cheia, mas o murmúrio constante das conversas ao redor parecia distante enquanto eu segurava a mão de Camila. Eu podia sentir a tensão em seus dedos entrelaçados aos meus, cada um dos seus movimentos transmitindo ansiedade e expectativa. Hoje poderia ser um grande dia para ela, um passo em direção à recuperação.

— Como você está se sentindo?  - Perguntei, tentando trazer um pouco de calma com minha voz.

— Honestamente, estou nervosa. - Camila confessou, apertando minha mão um pouco mais. — E se o médico disser que preciso ficar com o gesso por mais tempo?

— Seja o que for, vamos enfrentar isso juntas. - Respondi, tentando manter o otimismo. — Lembre-se do que o médico disse na última consulta: você está se recuperando bem.

— Eu só quero poder usar os dois braços novamente. Eu sinto falta de tocar violão, de cozinhar... de ser independente. - Camila suspirou, e eu pude imaginar a expressão em seu rosto a testa franzida, os olhos preocupados.

— Você vai voltar a fazer tudo isso, Camz. Mais cedo do que imagina. E quanto ao violão, quem sabe não é uma chance de a gente encontrar novas formas de fazer música juntas? Eu ainda posso tocar enquanto você usa essa voz linda para cantar.

— Cantar para você, hein? Isso seria um espetáculo interessante. - Isso arrancou uma risada dela, o som trazendo um alívio imediato à tensão entre nós.

— Totalmente! - Eu concordei, rindo junto. — Veja, já estamos encontrando soluções. Não importa o que aconteça, vamos fazer funcionar.

Ficamos em silêncio por um momento, apenas ouvindo os sons ao nosso redor. Eu podia ouvir o barulho de passos, o burburinho de conversas, o chamar de nomes pelos alto-falantes. Cada nome anunciado fazia Camila apertar minha mão, a expectativa palpável.

— Karla Camila Cabello. - Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, ouvimos o nome dela.

— É a nossa vez, amor. - Ela se levantou de um salto, quase me puxando junto.

— Estou com você. - Disse, me levantando e seguindo-a enquanto ela me guiava lentamente pelo caminho que ela conhecia tão bem, mas que para mim era apenas uma série de sons e passos cuidadosos.

Ao entrar no consultório, Camila apertou minha mão uma última vez antes de soltá-la para cumprimentar o médico. Eu permaneci ao seu lado, pronta para ouvir o que viria a seguir, sabendo que, independentemente do resultado, nós enfrentaríamos juntas.

O ortopedista cumprimentou-nos com uma voz que transmitia tanto profissionalismo quanto gentileza. Assim que nos acomodamos, ele começou a falar, dirigindo-se principalmente a Camila, mas fazendo pausas para ter certeza de que eu também estava acompanhando.

— Bom, Camila, pelo que vi nos seus registros e pelo que você me relatou sobre sua recuperação, parece que está pronta para dar o próximo passo. - Disse o médico, e pude sentir Camila tensionar de expectativa ao meu lado. — Vamos retirar o gesso hoje e fazer um raio X para verificar como o osso está se recuperando.

Camila soltou um suspiro aliviado e apertou minha mão.

— E depois do raio X? - Perguntou.

— Se tudo estiver dentro dos parâmetros esperados, o próximo passo será começar a fisioterapia. Vamos precisar de sessões regulares e algum trabalho em casa. Mas não se preocupe, vamos orientá-la em cada passo desse processo. - Explicou ele, passando uma confiança tranquilizadora.

— Isso soa ótimo. - Camila respondeu, e eu podia ouvir o sorriso em sua voz.

Não demorou muito para que o gesso fosse removido. Camila manteve-se surpreendentemente calma, apesar de eu saber que ela devia estar se sentindo vulnerável com seu braço exposto novamente após tanto tempo.

Love BlindOnde histórias criam vida. Descubra agora