the judge

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EU E MARK nos conhecemos desde o ensino fundamental, quando ele se aproximou de Zack com seus videogames e assuntos de Pokémon - ou qualquer coisa que um nerd daquela época gostava.

Nunca fomos próximos, apesar disso. Depois dos meus anos no internato, voltei para casa e o encontrei já adolescente e completamente diferente. Eu perguntava o que havia acontecido. É a vida, ele respondia.

Soube alguns anos depois que sua mãe havia falecido de um câncer em estágio avançado, e seu pai o incentivou a continuar os negócios de bares e boates por toda Colombus. Em questão de pouco tempo, Mark administrava de bordéis até clubes de luxo da alta sociedade.

Era difícil ver a mudança drástica de um garotinho que sonhava em trabalhar no cinema em um cafetão milionário, mas a vida de ambições era assim. Ninguém estava a salvo.

Penso nisso enquanto estaciono meu carro na garagem do meu escritório, a solidão me fazendo divagar sobre a morte abrupta e inesperada dele em um dia tão importante para a família Joseph. O que era pra ser o sonho de Zack, havia se tornado um trágico pesadelo.

Não tive muitas informações sobre o estado do corpo, e para ser sincero, não me importo muito. A única coisa que fiz questão de saber foi onde encontraram o cadáver, e foi em um dos vários quartos de hóspedes da minha casa.

Boatos dizem que ele morreu com as mãos juntas, em um sinal de oração. Outros dizem que ele foi encontrado ajoelhado aos pés de cama, digno de um episódio de Hannibal. 

Independente disso, não procurei nenhum familiar. Não expressei meus pêsames com uma foto antiga no Instagram. O enterro será quarta-feira, às 15:00. Hoje é segunda-feira, e eu estou atrasado para uma reunião importante.

O mundo ao meu redor parecia lamentar dolorosamente a perda de alguém que, sinceramente, não era tão relevante ou importante assim.

Minha casa aparecia em jornais e revistas; o palco dramático e vitoriano de um casamento milionário e um assassinato com requintes de crueldade. Metade dos meus funcionários havia se demitido no dia anterior, e a outra metade inventou desculpas para não pôr os pés na mansão durante o fim de semana.

Em passos lentos, me arrasto até o elevador desejando uma boa xícara de café puro sem açúcar. Minhas pálpebras pesam, como sempre. Desde o casamento, no sábado, não consegui pregar os olhos sequer meia hora por noite.

Culpa parcial da insônia e a lembrança vívida dos lábios de Josh junto aos meus.

Joshua. Josh Dun.

Seu gosto doce impregnou as lembranças em minha mente, me deixou inebriado, enfeitiçado. Muito preocupado com o que aconteceria com nossa amizade depois disso, visto que, durante esses dias, não trocamos uma única mensagem ou sinal de vida.

O mundo está desabando em meus ombros e minha única preocupação é vê-lo novamente.

A porta do elevador se abre no último andar, revelando a monótona mesa de Amy que sorria tensa olhando para dois homens altos usando ternos pretos e sapatos polidos. Com um suspiro, saio do cubículo e ando em direção a eles.

— Senhor Joseph. — Um deles diz, seu cabelo loiro perfeitamente arrumado em um topete. — Eu sou o agente Miller e este é meu colega, agente Martin. Gostaríamos de fazer algumas perguntas.

Com duas carteirinhas de identificação do FBI em frente ao meu rosto, me limito a sorrir.

— Bom dia, senhores. — Digo minha primeira frase do dia. — Tudo bem, vamos entrar.

— Ahn, senhor. — Amy diz quando dou meu primeiro passo até minha sala. — O Sr. Dun te ligou algumas vezes, posso marcar uma chamada para mais tarde?

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