Wednesday POV
Já havia passado uma semana desde meu encontro com minha mãe e eu não tinha feito nada do que ela tinha me sugerido. Eu não tinha conversado com Enid sobre namorarmos, tampouco tinha conversado com ela sobre meus problemas financeiros. Mesmo tendo dito a minha mãe que eu faria aquilo, eu não conseguia não pensar no pior que podia acontecer se eu falasse. Eu sabia o que Enid faria em ambas os casos; ela concordaria em ter uma relação comigo se fosse aquilo que eu desejasse ou então não tornaríamos nada oficial se aquilo fosse o que eu quisesse; e ela me daria muito dinheiro, porque era aquilo que eu precisava. Enid não fazia muito por si, tudo que ela fazia era para agradar aos outros. Aquilo não me surpreendia por conta do quão amorosa e afetuosa ela era, mas ela era tão altruísta que eu não sabia como conversar com ela. E, assim, eu me acovardava. Eu a vi naquela noite e ela estava sorridente e linda como sempre, e eu não queria arruinar tudo conversando com ela sobre algo que ela altruistamente resolveria sem nem mesmo pensar em si própria. Talvez eu mencionasse algo durante esse fim de semana. O fim de semana que eu não conseguia parar de pensar sobre.
Desde a noite que Enid tinha convidado Lana e eu para passar um fim de semana numa casa de praia, a única vez que ela mencionou o assunto novamente foi quando nossa filha pediu para ver fotos do lugar em que ficaríamos. Era uma linda casa de praia em Cape May. Parecia bastante cara, mas claro que Enid nunca me contaria seu preço. Tinha uma piscina e um ofurô, uma varanda e um terraço; aparentemente havia seis quartos, mesmo que somente nós três fôssemos ficar hospedadas lá. Eu não me importava muito com o quanto o lugar era extravagante, mas Lana adorou porque não era algo com o qual ela estava acostumada, mas eu não me importava. Nós poderíamos passar um fim de semana acampando, mesmo que acampamento fosse algo do qual eu desgostava, eu não me importaria desde que eu tivesse minhas duas garotas comigo.
Mas aquilo não significava que eu não podia apreciar toda aquela extravagância. Tudo foi idéia de Enid e não era que eu estava chateada por ela gastar tanto dinheiro em nós três, era só que não era necessário. Ainda assim, fazia tempo desde que eu me sentia tão excitada com algo. Desde o nascimento de Lana. Ou meu encontro com Enid, mas aquilo era mais nervosismo na verdade. Aquele fim de semana seria incrível. Um sorriso enorme ficaria o tempo inteiro estampado no rostinho de Lana, porque ela estaria passando um tempo com Enid e comigo, além de ficar tão perto de praia, tudo a deixaria eufórica. E então havia Enid. Os momentos entre nós três eram perfeitos, mas também havia os momentos que ocorriam apenas entre mim e Enid. O afeto e o carinho, e então a paixão e o desejo, tudo parecia surreal quando se tratava de nós duas.
Aquela excitação e calor em meu coração se dissipou assim que cheguei a sala de aula de Lana para buscá-la da escola e fui confrontada por uma menininha muito resmungona e birrenta. – Oi, carinõ. Como foi a escola? – Perguntei de qualquer forma, me ajoelhando para ficar em sua altura e imediatamente notando sua carranca. – O que houve?
— Nada! – Lana me empurrou para passar por mim, quase fazendo que eu perdesse o equilíbrio enquanto ajoelhada no chão e eu rapidamente me levantei e a segui.
— Lana, não caminhe para longe de mim, eu fiz uma pergunta. O que houve? – Ela nem mesmo olhou para mim. Minha filha andou um bocado na minha frente, em direção ao portão da escola, sua raiva forçando suas perninhas a andarem num ritmo mais rápido que o normal, mas não rápido o suficiente para impedir que meus passos maiores me deixassem alcançá-la. – Não me ignore, Lana. O que aconteceu? Implicaram com você de novo?
— Não! – Na manhã seguinte a que Enid me contou de seus problemas na escola, eu falei com a professora de Lana, perguntando se ela tinha noção da situação, o que ela tinha, e por quê eu não fui informada. Aparentemente dois meninos de sua turma estavam fazendo bullying, perguntando onde estava o pai dela e por que ela estava tão feliz em ter duas mães quando ela não deveria estar. Enid e eu ficamos extremamente irritadas que não tinham nos contado, mas a professora preferiu falar com o pai dos meninos em vez disso, incentivando-o a falar com seus filhos. A professora achava que tinha funcionado e não percebeu mais nada acontecendo até que eu falei com ela e ela prometeu me manter informada. Agora nós tínhamos uma reunião marcada na semana seguinte com os pais dos outros garotos para conversar sobre o assunto, Enid fazendo questão de estar presente para conhecer o "bastardo homofóbico" que era o pai das crianças.

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The donor: Wenclair [G!P]
Fanfiction𝙰 𝚏𝚒𝚕𝚑𝚊 𝚍𝚎 𝚆𝚎𝚍𝚗𝚎𝚜𝚍𝚊𝚢 𝚚𝚞𝚎𝚛 𝚜𝚊𝚋𝚎𝚛 𝚚𝚞𝚎𝚖 𝚎 𝚜𝚎𝚞 "𝚙𝚊𝚒". 𝙲𝚘𝚖𝚘 𝚆𝚎𝚍𝚗𝚎𝚜𝚍𝚊𝚢 𝚙𝚘𝚍𝚎𝚛𝚒𝚊 𝚎𝚡𝚙𝚕𝚒𝚌𝚊𝚛 𝚚𝚞𝚎 𝚏𝚘𝚒 𝚞𝚖 𝚍𝚘𝚊𝚍𝚘𝚛 𝚍𝚎 𝚎𝚜𝚙𝚎𝚛𝚖𝚊 𝚎 𝚌𝚘𝚖𝚘 𝚎𝚕𝚊 𝚛𝚎𝚊𝚐𝚒𝚛𝚒𝚊 𝚊𝚜 𝚒𝚗𝚏𝚘�...