05 - ARANHAS

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2049

Mona estava seguindo o seu olfato, farejando os rastros da mulher samurai. A intitulada "Ronin". Estava no carro junto de Sirena Symbiotica, a necromorfa diabólica dos infernos. Dizem que os necromorfos vêm direto das profundezas do inferno, e trazem consigo toda forma de câncer para a humanidade. Os olhos arrepiantes dela, as pupilas pequenas, as bochechas retas, lembrava um personagem de anime dos anos 80 ou 70, quando os olhos não eram aquelas bolhas imensas como costumaram a ser décadas após.

Mona estava no banco de trás com as roupas novas e sem sujeira. uma calça jeans preta, uma camiseta amarela com um desenho de um coelho super-herói segurando uma placa escrita "obstáculos são superações". E por fim uma jaqueta branca enorme que ia até as panturrilhas, com botas de salto horrorshow também brancas que iam até os joelhos. Aquela jaqueta e botas eram do tipo que se usavam nos exércitos paraquedistas, ficavam translúcidas com o acionamento de um botão. Os membros da máfia revolucionária ARQ usam esses trajes nas suas operações, são quase à prova de balas e quase à prova de facadas.

Mona estava sentada no estilo legspreding, quase mostrando a xoxota pro espelhinho do carro. Os braços entre as almofadas do banco de trás, aquele sim era um carro dos anos 80, um BMW M5 de 1985. Dirigiam por aqueles bairros simples, e Mona ia indicando o caminho, ou não, ela dirigia com uma enorme certeza de onde estava indo, nem parecia que estava sendo indicada por Mona...

- Escuta... como sabe que está seguindo o caminho correto? -

- O Departamento está atrás dela há meses, precisavam de uma rastreadora, e eu me encaixava no cargo. Me deram amostras de sangue... -

Ela respirou pelo nariz bem fundo, revelando um nariz de morcego metamorfizado. Uma respiração intensa de olhos fechados, e aquele sorriso estranho. Uma fungada extrema seguida de um suspiro que baforava um vapor naquela tarde, a chuva caía.

- O cheiro do sangue dela... me... abre o apetite. -

Sentiu um rápido arrepio cruzar seus ombros, mas não deu atenção, essas criaturas trevais eram dessa forma mesmo. Só pensavam em sexo e carne humana, dizem que o departamento libera que eles se alimentem de seus alvos até não sobrar nada. Queima de arquivo, ou melhor, consumo de arquivo. Avançaram num bairro estranho, diversos carros elétricos por todos os lados, mas nada além de fábricas e siderúrgicas velhas. Algumas funcionais, outras não.

Desceram do carro, ela primeiro, depois Mona. Ela caminhava com um ar de certeza muito firme. Mona apertou o passo e estava ao lado dela rapidamente. O baixo nas costas, pensava consigo mesma que ela teria um plano, ou talvez não tenha, só iriam sair na porrada franca com ela, não sabia ao certo. Caminharam para dentro da área de uma das indústrias. Um terreno alongado repleto de peças e canos metálicos espalhados.

Caminhando por aquele ambiente viram diversas peças que levavam a maquinários imensos e inativos há décadas. Uma espécie de lixão inóspito onde humanos trabalham a todo momento. O lugar era uma espécie de beco entre dois prédios antigos de fabricação de aço e cromo. Subiram aquilo tudo em silêncio, até finalmente chegarem numa bifurcação. À esquerda levava a uma sessão de alojamento de contêineres e tubulações gigantes de aço. À direita levava a um prédio de armazéns abandonados amplos. Do tipo de guardar escavadeiras e brocas diamantadas do tamanho de prédios. Um armazém imenso, alto, e enferrujado.

CAPITÃ PUNKOnde histórias criam vida. Descubra agora