CAPITÃ PUNK

08 - BUCETAS DENTADAS

2049

Mona estava sentada no alto de uma placa em um viaduto, indicava as regiões de Autonomy e Birghmantown, e pedia aos motoristas que ficassem em 60 quilômetros por hora, e não milhas, igual os pós-americanos, existe uma piada entre todos os não pós-americanos de que tudo no Pós-América é diferentão por ser diferentão. O mundo todo usa sistema métrico, e vão lá eles usar o sistema imperial que ficou obsoleto há séculos. Todo mundo usa graus Celcius, e vão lá eles usarem Fahrenheit pra fazer todo o pessoal dos Celcius pensar que lá o calor é tenso, 80 Fahrenheit.

Estava de dia ainda, perto das dez da manhã, os prédios ainda não eram tão altos ao ponto de cobrir a dispersão da luz, pelo menos, não nas zonas suburbanas, os distritos financeiros e zonas internas têm prédios tão altos ao ponto das suas sombras roubarem o dia para si. Era possível ver aquela barreira de prédios do alto daquela placa, e carros passavam constantemente por aquele viaduto em velocidades altas mas não maiores que 60 por hora.

Ela estava com um short preto com correntes dos dois lados, uma camiseta longa preta do Slayer que ela roubou do Prey, era do álbum Seasons in the Abyss de 1990, uma camiseta que fazia ela parecer que estava com um vestido curtíssimo, do tipo "tomara que suba" e não "tomara que caia". É engraçado que você pode comprar esses vestidos com esses exatos nomes, esses curtos folgados são os tomara que suba, e os curtos com busto baixo são os tomara que caia. Compre por um e sessenta e nove.

Hoje não estava com jaqueta nenhuma, apenas um casaco de vinil preto que batia nos joelhos que achou num brechó, não era resistente, mas ela gostava. Estava com o baixo nas mãos, palhetando para ninguém, apenas testando o som e algumas faixas que queria tocar em alguns shows pessoais com uma banda que estava tentando formar havia uma semana. Queria fazer parte do clube de baixistas vocalistas, ao lado de Lemmy Killmister, Tom Araya e Roger Waters.

Conheceu a guitarrista numa suruba, a história é estranha e engraçada, ela estava numa convenção de sósias do Brad Pitt e do Edward Norton, e uma das altas da noite era convidar os visitantes e guardas para uma suruba com os sósias dos dois atores, disseram que seria o Clube da Suruba, a primeira regra do clube da Suruba, é que você não comenta sobre o Clube da Suruba, a segunda regra do Clube da Suruba, é que você não comenta sobre o Clube da Suruba, a terceira regra, se não estiver confortável em dividir espaço com dois machos, é só não olhar no olho.

E a guitarrista estava no meio dessa suruba, e chamou a atenção de Mona por ela se parecer muito com a atriz Helena Bonham Carter só que alta. A guitarrista se chama... Helen... Bohan... Carter... sim, não apenas a aparência, mas o nome é parecido. Depois de uma dose de erva, as duas ficaram num apartamento juntas e tocaram algumas jam sessions e covers de Black Sabbath, e logo lhes veio a ideia maconhada de formarem uma banda.

A baterista elas conheceram aleatoriamente numa lavanderia, dizem que ela é a maior chupadora de rolas do bairro, mas age como um anjo tímido e sem defeitos, ao menos, tão sem defeitos quanto uma mulher punk consegue ser. Conheceram ela enquanto tocava uma siririca braba em cima de uma das máquinas usando aquela calça de couro mais apertada que furico de devedor na praça. Chamam ela de "Queijo", pelo fato dela ter um bafo de queijo.

Quando apareceram na vitrine, viram ela gritando e urrando na siririca como se o Kid Bengala estivesse comendo ela, mas foi só elas entrarem, que ela adotou uma postura fofa e amigável no estilo Futher Shy de ser. Conversaram meia coisa e depois deram uns tapas e logo ficaram amigas, ela fazia umas viradas no estilo do Dave Lombardo misturado com o Bill Ward misturado com o John Dolmayan. Algo bem louco se formou e elas pensaram no melhor nome pra uma banda de punk rock feminino.