06 - NNs VAGABUNDOS FILHOS DA PUTA

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Prey tomava um banho de sol no terraço do prédio onde morava com a Mona. Sentado numa poltrona reclinável de couro que achou no lixo. Tomava sol completamente nu, ficando com o livro "Mississipi Arde" de Richard Kelley* sobre o pau, e mesmo assim, não cobria tudo e a cabeça do seu pau ficava meio que escorregando pra fora da página como naquele livro do Porco Narigudo. Usava óculos de sol pretos com armação estilo Bruno Mars se tivesse cruzado com o Tom Araya. E estava com fones de ouvido plugados numa caixa de som tocando South of Heaven do Slayer, deve estar na faixa Behind the Crooked Cross. Tomava um copo de margarita feita em casa...

O bigode estava bem grande, passava por cima do lábio superior como um detetive do século XIX, o cavanhaque já estava longo o bastante pra fazer uma trança no estilo do baixista do System of a Down, e seu cabelo cacheado e longo com estilo do já mencionado Tom Araya estava preso num coque samurai louco. Ouvia a música sem se preocupar, apenas relaxava enquanto o sol queimava seu corpo aos poucos.

Pôs um cigarro de maconha na boca, puxou e baforou a maior fumaça que podia. De repente, recebeu uma ligação vindo de seu telefone que estava conectado na caixa de som, onde ele estava usando os fones de ouvido, pois a captação era melhor na caixa de som do que no próprio celular. Atendeu colocando o telefone enganchado no seu ombro.

- Fala aí... -

- Oi... éh... sou eu, a Célia da oficina mecânica... lembra do carro da sua namorada? -

- Que você tava consertando o vidro? O que tem? -

- Bem... durante a noite, o carro foi roubado. Vi nas câmeras de vigilância que são jovens com jaquetas de couro com símbolos nazistas. Eu não mexeria com eles se fosse você. Chamo a polícia? -

- As jaquetas tinham duas letras "N" imitando o símbolo da SS nazista? -

- É o quê? Sim, tinha... mas sério, não devia mexer com essa gente. Pode se meter em confusão, cara. Vamos resolver isso com a polícia. -

- Não... eu tô cansado desses nazistas fazerem o que bem entendem... hoje, foi a última gota. -

- Aff... boa sorte então. -

Então, ele se levantou. E foi andando cobrindo suas partes íntimas com aquele livro, sem nenhum pudor e sem nenhum senso de pertencimento furado! Pôs uma roupa simples e fácil de se reconhecer na sua identidade, vestiu uma calça jeans preta com correntes platinadas, uma camiseta preta do Megadeth e por cima uma jaqueta jeans sem mangas, parecido com um colete, mas era uma jaqueta, então continua sendo uma jaqueta, mas se quiser chamar de colete, o problema é de você.

Terminou sua estética calçando botas de cowboy pretas com cadarços duplos e esporas douradas, conseguiu elas numa luta paga de porão, o cara apostou mais do que podia pagar, e por fim, pôs seu chapéu preto de couro de cowboy com seis balas de fuzil 30-06. Sua estética estava completa, então ele pensou e lembrou de pegar suas soqueiras de metal de sua gaveta, as mesmas com os dizeres PUNK numa mão e ROCK na outra.

Caminhou pelas zonas mais densas da cidade, sempre com olhares atravessando seus ombros, um homem de 1,94m em meio a homens e mulheres baixos. Chegou a fazer parte do time de basquete no ensino médio, mas foi expulso após ter tido um caso com a filha do técnico, e também fez boxe na faculdade, mas precisou se afastar após estourar o crânio do adversário numa luta valendo o título estadual.

CAPITÃ PUNKOnde histórias criam vida. Descubra agora