5 - Distância

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-Terça Feira-

As semanas passavam muito rápido, quando eu viu o final de semana já havia passado e já estou no ritmo da semana normal.

Hoje eu acordei bem despersa, eu estava viajando na maionese o tempo todo. Uma merda; pois eu não conseguia focar em absolutamente nada.

Chegando na sala peguei meu caderno e comecei a revisar todo o conteúdo.

Vi na minha visão periférica quem havia entrado na sala poucos minutos depois, e fiquei com o olhar no meu caderno e não desviei por um segundo.

Senti vários arrepios pelo meu corpo conseguia sentir e saber que ele estava olhando para mim e que não estava disposto a tirar o olhar de mim.

Que droga Henri, porque você age com indiferença, mas está sempre me olhando, porque você faz isso? Me deixa totalmente confusa sobre.

Fiquei quase a aula inteira mechendo na caneta e não conseguia prestar atenção direito na aula. Até o momento do intervalo, quando ela liberou a gente e minha amiga me deu uma cotovelada, para a gente descer e ir buscar algo para comer.

- Ei, vamos lá pegar um pão de queijo? - ela me fala dando uma cotovelada leve no meu braço.

Mas já foi o suficiente pra eu voltar a realidade e acabar deixando minha caneta cair no chão.

-Claro vamos lá.

Me levantei da cadeira e fui pegar a caneta no chão, mas alguém já tinha chegado primeiro. Vejo uma mão pegando minha caneta e a estendendo pra mim.

Maldito, tinha que ser ele! Henri estava de pé já entregando a caneta pra mim, eu pego devagar e evito olhar para seus olhos.

-Obrigada.

Ele não responde nada, simplesmente já sai andando junto com seus amigos. Que saco, porque ele age assim.

Coloco a caneta na minha mesa e sigo junto com minha amiga.

Voltamos para a sala após 15 minutos de intervalo e a aula passou voando, ou fui eu que não conseguia prestar atenção em uma palavra se quer?

Estava passando muitas coisas na minha cabeca;infelizmente acaba que sou uma pessoa meio ansiosa, e estou sempre pensando demais nas coisas.

Guardo todo meu material e saio da sala. O elevador estava cheio e estava com preguiça de ficar esperando ele voltar e me enfiar com toda aquela gente lá dentro.

Resolvi que ia de escada, abri a porta da Escadaria, coloquei meu celular no bolso e comecei a descer as escadas. A desvantagem das escadas é que, eu estudo do 6 andar; o último, não há quase ninguém que fica nesse andar e muito menos que usa a escada. Eram muitos degraus.

Com a minha bolsa em um braço e eu segurando minha garrafinha da água na outra. Ouço a porta da Escadaria se abrir e ouço vozes masculinas, mas não dou a mínima para isso e continuo descendo. Até que meu celular toca uma vez.

Não vou pegar; estou com as mãos cheias. Mas ele começa a tocar mais de uma vez. Ok, vai que é importante; eu paro em um degrau e pego meu celular. Nisso vejo um grupo de 3 caras passarem por mim.

Comecei a achar que era uma perseguição já, Henri e seus amigos passaram por mim conversando tranquilamente, se não fosse pelo olhar de Henri que sentia penetrar em minha pele, e um calor enorme sobe pelo meu corpo.

Quebrou o contato visual olhando para o celular.

Mensagem de Ana*
- Consegue me dar uma carona hoje? Estou aqui em baixo te esperando.

Respondo ela com dificuldade por conta da quantidade de coisas na minha mão.

-Claro, estou indo...

Nessa exato momento minha garrafinha escapa da minha mão e acabo deixando ela cair, mas ela não caiu no degrau de baixo. Ela caiu lá embaixo, no térreo. Merda.

Eu espero que eu não tenha acertado ninguém.

Deu um barulho alto, e é óbvio que Henri e os amigos dele olharam pra mim e pra garrafa lá em baixo, seus rostos sem expressão, mas já conseguia sentir que tinha um pouco de sarcasmo.

Ele desceram e eu desliguei a tela do meu celular coloquei no meu bolso e comecei a descer um pouco mais rápido as escadas. Não foi rápido o suficiente.

Terminando de descer os últimos degraus ele e seus amigos já estavam lá e quase saindo da porta. Isso, vai embora vai! Não quero mais ver o seu rosto.

Henri olha para mim descendo as escadas, por cima do ombro, pois já estava indo embora. Mas ele da meia volta, pega a garrafinha que estava no chão.

Estiquei a mão para pegar a minha garrafinha dele e agradeço.

-Valeu, de novo!

Ele não deixou eu pegar a minha garrafinha. Qual o problema dele? Se for pra ficar fazendo joguinhos podia ter ido embora, eu não ia quebrar a minha mão para pegar.

-Segunda vez no dia, você tá meio avoada né? - ele fala dando um leve sorriso

Desgraçado; e qual o problema, porque reparou nisso, e porque os amigos dele ainda estavam ali vendo isso? A pelo amor, passem logo pela porta e vão embora.

-Pois é haha, muita coisa na cabeça.

Fiquei esperando ele me entregar a garrafa, mas ele só ficou me observando e apenas dei um leve sorriso; pra fingir não estar querendo ir embora correndo dessas merda.

-Tá fazendo de propósito?

Oi? Eu faço uma cara de dúvida enquanto ele me olhava com mistério, esperando a minha resposta.

Dei um leve sorriso de indignação e olhei bem pro seu rosto.

-Tá me zoando né? - Solto uma risada sincera.

Ele achava mesmo que eu estava fazendo isso justamente pra ele? A pelo amor né. Alguém coloca esse galo no seu devido galinheiro.

Arranco a garrafinha do braço dele e saio pela porta deixando ele e os amigos dele para trás. Ainda dando uma risada baixa e balançando a cabeça.

Ouço a porta da Escadaria se abrir novamente mas não olho para trás, sabia que era eles e que provavelmente estavam me encarando até no fundo da minha alma.

E no fim do corredor acabo encontrando com a minha amiga.

-Oi lindeza!! Tá animada né? - Ela fala engatando seu braço no meu, e me acompanhando até o estacionamento.

- Onde você deixou o carro? - Ela me pergunta

-No lugar de sempre amiga, perto do morrinho lá! - Aponto para ela

Entramos no carro e levei ela até na sua casa. Conversamos muito até chegar, adoro como ela sempre deixa tudo muito leve.

Ela abre a porta do carro quando deixei em casa e me agradece.

-Muito obrigada amiga, você tá igual um piloto. Beijos até amanhã.

-Vou levar isso como um elogio haha. Até amanhã!!

Pronto, agora eu iria para casa.

Tomei um banho, coloquei meu pijama e fui para cama, mas infelizmente eu não conseguia dormir. Só ficava pensando no idiota do Henri.

O ego de um homem é muito alto mesmo, para achar que tudo gira em seu torno.

Amanhã vai ser mais um dia normal. Espero que sem um Henri para atrapalhar meu dia.

Omitindo Desejos Onde histórias criam vida. Descubra agora